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Bibliografia
Como escrevo?

1851

SCHOPENHAUER, Arthur. Sobre o ofício de escritor. São Paulo: Martins Fontes. 2005

Por uma ironia do destino, iniciamos esta bibliografia com um dos mais recentes e o mais antigo livro publicado sobre o assunto. A explicação está no fato de o livro ser publicado originalmente em 1851, embutido na obra Parerga e Paraliponema. e somente agora destacado do volume e “repropostos autonomamente em virtude de sua unidade e coerência temática”. O que faz um livro merecer esta distinção após mais de 150 anos de editado? Sem dúvida, a permanência da atualidade e sua necessidade nos dias de hoje. A Internet – com seus meios e e-mails – vem despertando um interesse maior pelo conhecimento da escrita. Basta ver o número de livros lançados nos últimos anos sobre o estudo e ensino da escrita, seja literária ou não. O livro reúne três textos, cujo primeiro e mais longo dá título à obra. Os outros dois – Da leitura e dos livros  e Da língua e das palavras -  constituem-se em curtos ensaios para complementar o tema  da escrita. Para o filósofo existem dois tipos de escritores: os que escrevem por amor, porque têm o que dizer e necessitam dize-lo; e os que escrevem por escrever, por amor ao dinheiro que a escrita lhe proporciona. Não precisa dizer que estes últimos não valem a pena serem lidos. Assim, faz uma crítica implacável à mediocrização da literatura, que se transformou num conluio entre escritores e editores para iludir o público e, com isto, ganharem a vida. Os termos pejorativos utilizados para atacar os comerciantes das letras são contundentes e dão uma idéia precisa de sua ira contra a mediocridade, a estupidez, a ignorância e, particularmente, contra a falsa inteligência, a arrogância da boçalidade. Julio Daio Borges acerta quando diz que se Schopenhauer vivesse nos dias de hoje, “possivelmente se atiraria da ponte ou mandaria cortar a mão”, tal a atualidade suas críticas. Na sua opinião - de filósofo e escritor, que se considerava – o valor de um livro reside na “matéria” (temática) ou na “forma” como o tema foi desenvolvido. Pessoas comuns e superficiais podem, graças ao conhecimento da matéria, escrever livros (de história, viagens, técnicas etc.) muito importantes. Por outro lado, quando o que importa é a “forma”, uma vez que a matéria já conhecida, apenas “uma mente excelente é capaz de oferecer algo digno de ser lido”. No entanto, o público dedica seu interesse  muito mais à “matéria” do que à “forma”, provocando um atraso em sua formação superior. “Entregue a esse péssimo pendor público, a iniciativa de produzir algum efeito por meio da ’matéria’ torna-se absolutamente condenável nas áreas em que o mérito deve residir expressamente na ‘forma’“. Como forma de coibir a péssima literatura, ele sugere que “as revistas literárias deveriam ser um dique contra a escrevinhação inescrupulosa do nosso tempo” e a quantidade crescente de livros inúteis e ruins. Mas, as recensões são feitas no interesse dos editores venderem mais livros, fechando o citado conluio entre escritores e editores. Parece que naquela época, como em parte ainda hoje, era comum o resenhista não colocar seu nome ou esconde-lo atrás de um pseudônimo. São críticos muito complacentes, que fogem de sua missão de avaliar uma obra literária, pois, “para aquele a quem nada é ruim, nada é igualmente bom”. Quanto ao anonimato, ele vocifera: “Nomeia-te velhaco! Pois quem é honesto não ataca sob máscara e capuz pessoas que passeiam com a face descoberta”, e emenda: “todo homem honesto deve por seu nome no que escreve”. Uma das características do bem escrever se encontra no estilo. Mas o que é isso? “O estilo é a fisionomia do espírito”, é o modo “como” a pessoa  pensa. “Seu estilo é uma impressão exata desse ‘como’, dessa propriedade essencial e dessa ‘qualidade’ universal do pensar”. Adverte para que um autor deve resguardar-se de querer mostrar mais espírito do que possui, e afirma que a “ primeira regra do bom estilo é a de ter algo a dizer”. Mais a frente o conselho é reforçado: “Quem tem algo a dizer que valha a pena ser dito não precisa esconde-lo por trás de preciosismos, frases difíceis e alusões obscuras”. Outras dicas sobre estilo: “Alguém que tenha algo correto a dizer se esforçará por exprimi-lo de maneira indistinta ou distinta?”; “Toda palavra supérflua acaba agindo contra sua própria finalidade”; “Dizer muitas palavras para comunicar poucas idéias é sempre um sinal inequívoco de mediocridade”. Em seguida passa a citar diversos exemplos de palavras mal empregadas e erros gramaticais praticados  pelos jornais e revistas da época, e chega a sugerir que o Estado deveria cuidar para que os  jornais fossem totalmente irrepreensíveis do ponto de vista lingüístico. Não obstante toda a contribuição que Schopenhauer presta ao oficio do escritor, não se pode perder de vista a perspectiva histórica; levar em conta a época em que suas observações foram feitas, bem como o pensamento elitista do filósofo. Porém, muitas das suas observações continuam atuais e alguns vícios e abusos só têm aumentado ao longo destes anos.        

1893

ALENCAR, José de. Como e por que sou romancista. Porto Alegre:  Mercado Aberto, 1998. (1ª ed. Tipografia de G.Leuzinger & Filhos, 1893)

Caso esta pesquisa, incluindo os depoimentos da primeira parte, não pudesse ser chamada, também, pelo pomposo título: “Confessionário das origens idiossincráticas dos escritores”, este livrinho não estaria aqui resumido. Pois não traz de modo algum as respostas aludidas no título. José de Alencar não diz de modo claro e explícito “como” e menos ainda “por que” e como se tornou romancista. O que existe de fato são relatos das “circunstâncias a que atribuo a predileção de meu espírito pela forma do romance”. O livro, escrito na forma de carta, foi denominado pelo autor como uma “autobiografia literária”, que  tem inicio em 1840, quando  contava com 11 anos. Freqüentava o Colégio de Instrução Elementar e mantinha uma profunda admiração pelo Diretor, “o primeiro homem que me incutiu respeito, em quem acatei o símbolo da autoridade”. Por essa época, o menino mantinha em casa o título de “ledor da família”. Sua mãe, sozinha ou em reunião com as tias, sempre o convocava para leituras e foi “essa leitura contínua e repetida de novelas e romances que primeiro imprimiu em meu espírito a tendência para essa forma literária que é entre todas a minha predileção? Não me animo a resolver esta questão, mas creio que ninguém contestará a influência das primeiras impressões”.  Por volta de 1843, vai morar em São Paulo afim de se matricular no curso jurídico. Na bagagem levava alguns cadernos contendo fragmentos de romances, divididos em dois moldes: melancólico e pitoresco. Instala-se numa república de estudantes, onde mantém contatos com os admiradores de Joaquim Manoel de Macedo, que acabara de lançar A Moreninha. A escassez de livrarias na época levou-o a freqüentar a biblioteca particular de Francisco Octaviano, conhecido de seus amigos. Aí teve contato com a literatura francesa, e “vi pela primeira vez o volume das obras completas de Balzac”. Lia em francês com muita dificuldade, armado do dicionário e “tropeçando a cada instante, buscando significados de palavra em palavra”. Ao longo de um ano, toma contato com Alexandre Dumas, Chateaubriand e Victor Hugo, além de Balzac. Em 1845, sentiu desejo de escrever alguma literatura, mas nessa época  Byron predominava na juventude paulistana. “Todo estudante de alguma imaginação queria ser um Byron; e tinha por destino inexorável copiar ou traduzir o bardo inglês”. Porém, o autor não sentia o menor jeito para trilhar esse caminho, “talvez pelo meu gênio taciturno e concentrado, que já tinha em si melancolia de sobejo para não carecer desse empréstimo”. Assim é que nesta época dedica-se mais à imprensa, mesmo não apreciando a política como seu pai – “Eu saía de uma família para quem a política era uma religião” – que chegou a senador. “Foi somente em 1948 que ressurgiu em mim a veia do romance”. Influenciado pelos romances marítimos de Walter Scott e James Fenimore Cooper, escreveu Os Contrabandistas, que abrangia vários gêneros, desde o idílio até a epopéia. Neste livro trabalhava não pela ordem dos capítulos, mas algumas partes em que se dividia  a obra e “conforme a disposição do espírito e a veia da imaginação, buscava entre tosos o episódio que mais se moldava às idéias do momento. Mas o livro não foi publicado, pois um “desalmado hóspede” utilizou-se das folhas de papel para acender o cachimbo toda vez que dava vontade de pitar. O primeiro livro foi  Cinco Minutos, escrito em 1957, enquanto era redator-chefe do Diário do Rio de Janeiro. O livro foi escrito em capítulos diários na forma de folhetim, com a finalidade de oferecer aos leitores um “mimo de festa”. Após editado foi distribuído apenas aos assinantes do jornal. No entanto, algumas pessoas insistiam em comprá-lo. Logo, o livro tinha leitores espontâneos, não iludidos por falsos anúncios, e isso “bastou para suster a minha natural perseverança. Em seguida, publicou Viuvinha e O Guarani, sempre na forma de folhetim publicado em capítulos no jornal.  O Guarani foi um sucesso de público, mas a crítica literária ignorou-o. No lançamento (1857) o livro custava 2$000 (dois mil réis) e dois anos depois podia-se comprá-lo por 5$000 nos alfarrábios, certificando o autor de ter criado  um  romance  autenticamente  brasileiro. Em 1862 publicou, por conta própria, Lucíola,  que também foi ignorado pela crítica e aplaudido pelo público. Logo depois, Quintino Bocaiúva criou a “Biblioteca Brasileira” e pediu ao autor que ocupasse um de seus volumes. Daí surgiu As Minas de Prata em 5 volumes. Em 1865 deixa “a existência descuidadosa  e solteira para entrar na vida familiar”, e neste mesmo ano publica Iracema, se segundo sucesso literário. machado de Assis chegou a elogia-lo “numa de suas mais elegantes revistas bibliográficas”. O livro chegou até Portugal, onde o escritor Pinheiro Chagas dedicou-lhe um de seus ensaios críticos. Em 1868 “a alta política arrebatou-me às letras”. Neste ano o autor é nomeado Ministro da Justiça, mas seu ingresso na política havia se dado bem antes, em 1861 como deputado pelo Partido Conservador. em 1869 candidata-se ao Senado, porém seu nome é vetado pelo Imperador Dom Pedro II. Ao longo de sua vida de romancista, sempre critico os tipógrafos e editores pela falta de profissionalismo. Só em 1870 é que encontrou na Livraria Garnier um editor que pudesse centralizar as edições de toda sua obra. 

1894

BINET, A.; PASSY, J. Étude de psychologie sur les auteurs dramatiques. L`Année Psychologique. Paris, 1º Année, 1894. p. 60-118.

Os autores devem ser os pioneiros na especulação do modo como se dá a criação literária; a imaginação criativa, no dizer daquela época. Foram renomados psicólogos, professores da Sorbonne e o primeiro deles foi fundador e editor da famosa revista onde publicaram o artigo. Empreenderam o estudo a partir de “simples conversas com os escritores”: Victorienc Sardou, Alexandre Dumas, Alphonse Daudet, Édouard Pailleron, Henry Meilhac, Edmond de Goncourt e François Coppée. Nestas conversas eles procuraram “esclarecer uma questão tão importante, tão mal conhecida, tão pouco estudada da imaginação criativa”. Cautelosos ao pisar neste terreno pela primeira vez, eles alertam o leitor para não buscar aqui um estudo de psicologia profunda, e sim um esboço, uma tentativa de compreensão. Na impossibilidade de relatar neste resumo as “simples conversas” transcritas em mais de 50 páginas, passemos a resumir suas conclusões. Demonstrando uma certa decepção, os autores iniciam a conclusão afirmando que “a principal dificuldade encontrada na questão pesquisada, veio dos próprios escritores interrogados”. Alegam que os escritores não compreenderam o interesse pela questão, que são desprovidos de senso psicológico e não sabem olhar para eles mesmos. De qualquer modo, se contentaram em apresentar seis conclusões: 1) O trabalho de composição literária não se manifesta dentro de nenhuma condição excepcional, seja física, seja moral, que lhe permita se distinguir de outras ocupações do espírito. O trabalho de criação artística supõe, em geral, a plena possessão de si mesmo; ele repousa não somente na imaginação, mas sobre a razão e sobre o bom senso. 2) A verdadeira excitação do trabalho, sua única eficácia é de natureza psicológica. De um modo geral, todos os escritores compartilham as emoções de seus personagens, e que o autor se encontra num estado emocional particular, proveniente do assunto tratado. 3) O trabalho literário se realiza, na maior parte das vezes, sob a forma de uma crise. Alexandre Dumas afirma que a inspiração é uma coisa ligada ao dia ou hora, mas que vem por período. É como uma crise, ou seja um espaço de tempo mais ou menos longo, durante o qual a produção é facilitada. Para exercer seu trabalho, os escritores requerem um pouco de isolamento; reservam um tempo longe de importunações, visitas e distrações. 4) Quanto ao estado mental durante o processo de criação, parece haver três casos principais, que são inegáveis graus de um mesmo estado. O primeiro caso é aquele onde o escritor atribui aos seus personagens as idéias e emoções que lhe são próprias. Ele exterioriza sobre o personagem sua própria maneira de sentir. O segundo caso se apresenta como um esboço de desdobramento mental. O escritor procura se encarnar no personagem que ele imagina; faz um esforço para se metamorfosear; para ouvir sua própria personalidade. Ao mesmo tempo em que executa esse trabalho de imaginação, o escritor permanece auto-crítico, vigilante. O terceiro caso é especial, é sobre os autores teatrais, descrito a seguir. 5) Os autores teatrais se constituem numa categoria diferenciada de escritores. Imaginam a si mesmos, quando compõem uma cena, um costume que os leva a tão longe, a situações não pretendidas pelo autor. Os iniciantes e principalmente aqueles que são essencialmente romancistas e não escrevem para o teatro, não têm o ponto das representações mentais assim de imediato. Eles se imaginam inseridos numa realidade efetiva. 6) A questão das imagens mentais, cuja importância é realçada pela psicologia contemporânea, (não esquecer que estamos em 1894) não parece ter importância neste estudo. A maior parte dos autores dramáticos dizem que vêm e entendem seus personagens enquanto escrevem. É o caso de Alexandre Dumas, Victorien Sardou e Édouard Pailleron.               

1908

RILKE, Rainer Maria. Cartas a um jovem poeta. São Paulo: Hemus, 1967.

 

Este pequeno clássico, além das orientações literárias e de vida, nos dá um retrato fiel do grande poeta. Conforme esclarece Fernando Jorge na introdução, “em tais cartas se evidencia a poderosa e magnética personalidade de Rilke”. São dez cartas dirigidas a um tal  Franz Xaver Kappus entre 1903 e 1908. A questão “por que escrever?” desponta já na primeira carta. Para ele esta questão só tem um caminho: “penetre em si mesmo e procure a necessidade que o faz escrever. Observe se esta necessidade tem raízes nas profundezas do seu coração. Confesse à sua alma: morreria, se não me fosse permitido escrever?”. Mais a frente é reiterado: ”faça a si esta pergunta: sou de fato obrigado a escrever? Examine-a a fundo até achar a mais profunda resposta “. Antes de concluir a carta, mais uma reiteração: “mergulhe em si próprio e sonde as profundidades de onde jorra a sua vida. Só desta maneira encontrará resposta à pergunta: Devo criar?”. E concluindo acrescenta entre parêntesis: “Basta, no meu entender, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo”. Tudo leva a crer que Borges teve conhecimento desta questão ao afirmar “no puedo no escribir”. Mas foi Clarice Lispector quem afirmou com todas a letras se não lhe fosse permitido escrever: “eu me morreria simbolicamente todos os dias”. (Ref. 10)  O restante das cartas resumem-se em lições de vida, impressões do mundo e conselhos úteis  ao seu discípulo. Adverte-o para os perigos da ironia, onde o conselho é curto e grosso: “Desça ao âmago: a ironia não vai até lá”, bem como orienta-o a ler “o menor número possível de trabalhos críticos ou estéticos”. Tais leituras não têm relevância alguma, pois são textos imbuídos de espírito partidário  ou “hábeis  jogos verbais, inspirados numa opinião, agora, e no dia seguinte, em opinião contrária”.  Para concluir, apresenta uma série de reflexões, orientando-o no que considera as principais coisas da vida, resumidas a seguir:  Amor - “O amor de um ser humano por outro, é  talvez a experiência mais difícil para cada um de nós, o mais superior testemunho de nós próprios, a obra absoluta em face da qual todas as outras são apenas ensaio”. Solidão - “O homem solitário pode desde já  lançar as bases, construir o futuro com as suas próprias mãos que  se  iludem menos”,  ou “que seria uma solidão que não fosse uma grande solidão. Uma só coisa é necessária; a solidão, a grande solidão íntima”. Dúvidas - “Esforce-se por amar as suas próprias dúvidas... se a educar, poderá tornar-se uma coisa sadia; isto é, transformar-se em instrumento de saber e de seleção”. Religião - Sendo Deus a perfeição, não acha que dever ser antecedido de realizações menores para que possa  retirar a sua substância da plenitude e da fartura? Não acha que deve vir depois de tudo – para conter tudo?            

1912

GORKI, Máximo. Como aprendi a escrever. São Paulo: Editora Cadinho, 1972.

Este livro resulta da reunião de três ensaios de Gorki. O primeiro, que dá título ao livro; o segundo “Impressões sobre o ofício de escritor”, e o terceiro, um pequeno texto sobre “Os escritores russos”. O resumo a seguir refere-se apenas ao primeiro ensaio.  Para o autor, as tendências básicas da literatura são o romantismo e o realismo. Este representando a realidade, despida de adornos e aquele  buscando reconciliar o personagem com a realidade, dando-lhe um colorido especial ou afastando o personagem da realidade (romantismo passivo), ou ainda procurando fortalecer o desejo de viver, incutindo no homem o sentimento de rebelião contra a realidade e sua tirania (romantismo ativo). Vale dizer que entre os grandes escritores é difícil definir se eles se situam entre os românticos ou entre os realistas. Numa obra podem ser um e noutra ser outro, a até ser um e outro numa mesma obra. A relação mútua entre as duas escolas fica mais compreensível quando perguntamos  “por que surge o desejo de escrever?”. Uma pessoa se sente motivada à escrever devido à sua vida pobre e triste. Ela procurará enriquecer sua vida triste e miserável com formosas ficções da imaginação dando-lhe um colorido inexistente na realidade. Outra pessoa pode dizer “guardo tantas impressões que sinto vontade de escrever”. Neste caso, o desejo de escrever se situa não na pobreza da vida, mas em sua riqueza. Mesmo Gorki foi levado a escrever “devido a pressão que exercia sobre mim, a vida de pobreza e tristeza e porque guardava tantas impressões que não podia deixar de exteriorizar através da pena. A primeira razão induziu-me a carrear para esta vida de pobreza e tristeza produtos da imaginação, tais como O Falcão e o Ouriço, a lenda do coração ardente,  O Petrel de Tormentas. A segunda razão levou-me a escrever histórias de fundo realista, como Vinte e Seis Homens e uma Jovem e os Orlov”. Aí está a resposta à pergunta por que escrevo? A resposta à proposição título do livro encontra-se na admiração do autor pelos autores franceses. “O grande trio da literatura francesa – Sthendal, Balzac e Flaubert – exerceu sobre mim autêntica e profunda influência educativa como escritor.” Sobretudo Pele de Onagro, de Balzac, que o impressionou bastante. Neste livro Gorki “via”o retrato das pessoas por meio das palavras; “ouvia” os protagonistas da historia. Ficou tão entusiasmado que “aconselho os escritores jovens a aprender o francês para poder apreciar esses grandes mestres no original e aprender com eles a arte da palavra”. Mais tarde, conheceu os clássicos da literatura russa, que passou a admirar, particularmente, Lekov, de quem sofreu grande influência. Por volta dos 20 anos, entendeu que “havia visto, ouvido e experimentado muitas coisas, a respeito das quais devia transmitir a outras pessoas”. Parecia-lhe compreender e sentir as coisas de maneira diferente das outras pessoas, e isto lhe deixava inquieto e loquaz. Assim, tornou-se um narrador interessante entre os trabalhadores com quem convivia. “Sempre que lhes falava dos assuntos de livros por mim lidos, percebi que eu o fazia de forma diferente, distorcendo o que havia lido, acrescentando coisas de minha própria experiência”. Os ouvintes gostavam de ouvir as histórias e empurravam-no à literatura: Escreva! Procure escrever! A princípio escrevia em versos por achar mais fácil, mas logo percebeu que não tinha talento para isto. Passou a escrever em prosa rítmica; mas viu que, também, estava fora de suas possibilidades e passou a escrever em prosa. Logo cedo, descobriu que “o escritor é o porta-voz emocional de seu país e de sua classe, é seu ouvido, olhos e coração;é a voz de sua época”. Descobriu, também, que os provérbios e os refrões formulam com exemplar laconismo toda a experiência social e histórica do povo trabalhador. “Essa classe de pensamentos vivos ensinou-me a pensar e a escrever”. Para o escritor é essencial o poder de observação: “Um escritor só poderá criar vivos retratos de pessoas típicas se tiver bem desenvolvidos o poder de observação, a capacidade de encontrar semelhanças e descobrir diferenças e se estiver disposto a aprender, aprender e aprender.”

1926

UNAMUNO, Miguel de. Como escrever um romance. São Paulo: É Realizações, 2011.

Já não se trata de um "processo interminável", como em En torno al casticismo, porque aa última caixinha está vazia, mas a preferência pela interioridade relativa foi dominante para a conclusão de que, em vez de escrever um romance - apenas um romance, com um único plano de realidade - sobre o desterro, "a melhor maneira de escrever esse romance é contar como se deve escrevê-lo. É o romance do romance, a criação da criação. Ou o Deus de Deus. Deus de Deo". É também o apogeu de toda uma tendência - iniciada, sem dúvida, por Cervantes - de voltar o romance sobre ele mesmo, tornando-se cada vez mais antirromance, desromanceando-se. A obra Como escrever um romance, de Unamuno, é o apogeu de um processo antirromanesco iniciado em Amor e pedagogia, levado a um cume de maestria artística em Névoa e desdobrado aqui, para além do romance antirromance, para além da própria arte, justamente pelo empenho de transformar a vida - e a própria realidade - em romance. (Texto extraído da 4ª capa). Fruto de uma profunda crise espiritual que Miguel de Unamuno sofreu durante o desterro em Paris, este pequeno livro que apresentamos aqui em edição integral foi reconhecido pela crítica contemporânea como uma peça-chave na estrutura do pensamento unamuniano - não só por seus elementos recorrentes, mas também em seu aspecto temporal. Cabe a Antonio Sánchez Barbudo o mérito de haver identificado nesta obra o surgimento de um novo monismo ontológico, a partir da recusa - ao menos em certo momento - da dicotomia kantiana de fenômeno e númeno, fenômeno levado ao ápice por toda a tradição filosófica do pensamento dualista. No entanto, a teoria que Sánchez Barbudo procurava apoiar quando destacou a importância desta obra - a teoria de um "Unamuno hipócrita" - não foi plenamente aceita pelos críticos e pesquisadores, um julgamento com que estávamos totalmente de acordo. Carlos Blanco Aguinaga atribui importância semelhante a Como escrever um romance, mas (depois de manifestar discordância radical da tese central de Sánchez Barbudo) afirma que este livro é o livro "em que a tensão entre as duas tendências é a mais violenta" - a do Unamuno agônico e a do Unamuno contempaltivo. E logo depois Armando Zubizarreta dedica à presente obra a mais extensa e rigorosa análise já feita sobre um livro de Miguel de Unamuno, para chegar à conclusão (que também deve ter sido o pressuposto a priori  mais poderoso que inspirou um trabalho tão minucioso) de que "Como escrever um romance é obra-chave na vida, no pensamento e no estilo de Unamuno". Embora o estudo de Zubizarreta (ao contrário do de Sánchez Barbudo) revele uma tendência permanente para a interpretação do pensamento religioso de Unamuno no sentido mais ortodoxo possível (com critérios às vezes notoriamente pré-conciliares), ele não deixa de reconhecer a ambiguidade deste pénsamento, nem de mencionar os aspectos de Como escrever um romance que dificultam essa interpretação. E, no entanto, por uma dessas raras combinações de circunstâncias históricas, esta obra-chave foi durante mais de 40 anos o livro menos conhecido  - e, num sentido bem diferente o mais mal conhecido - de todos os que integram a ominia opera de Unamuno. Tão resistente como o próprio Unamuno a qualquer classificação genérica  - que o enquadrasse em quaquer categoria que fosse -, este é um livro de estrutura curiosíssima - muito mais curiosa do que a de Névoa ou Amor e pedagogia. -, a tal ponto que é preciso confessar que já não se trata de um romance propriamente dito, mas de uma obra de um gênero totalmenete diferente, em que entram elementos romanescos, sem dúvida, mas sem que eles sejam determinantes. A estrutura de Como escrever um romance está ligada não só a problemas da forma, mas também aos de conteúdo - sendo o tema principal do livro a questão da estrutura da consciência humana e da própria  realidade. (Texto extraído das orelhas do livro).

1932

CHARENSOL, G. Comment ils ecrivent. Paris: Éditons Montaigne, 1932

O autor – renomado crítico literário da época – motivado por uma pesquisa sobre os métodos de trabalho dos escritores, publicada em 1894 na revista “L`anneé Psychologique, decidiu refazer o caminho perguntando aos próprios escritores franceses “Como você escreve?”. Assim, foram escolhidos 50 escritores, formando uma lista, que, segundo o próprio autor contém o “defeito de ser arbitrária e a qualidade de ser eclética”. Passado todo esse tempo, é difícil verificarmos a validade de sua afirmação. De qualquer modo a quantidade abrangida é razoável e o critério de seleção é mais que razoável. Entre os 50 nomes encontramos alguns reconhecidos facilmente até hoje: Jean Cocteau, Colette, François Mauriac, André Maurois, Georges Simenon e Paul Valéry, em cuja   declaração, disse que se não passasse pelo menos uma hora pela manhã para ordenar os pensamentos, passaria mal até fisicamente. Os depoimentos são mais uniformes na extensão, e em cada qual o autor teve a delicadeza de anexar o fac-simile de uma página escrita, corrigida à mão ou mesmo inédita do respectivo autor.    

1953

ALBALAT, Antonio. A Arte de Escrever: Ensinada em Vinte Lições. 9ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1953

O título dá a idéia de um curso barato de literatura escrito em Portugal. Não é isto. Trata-se de uma tradução da 16ª edição francesa. Também não são apenas lições. São verdadeiras aulas ou conferências sobre questões fundamentais da literatura dispostas em quase 300 páginas, o que dá uma média de 15 páginas por lição. Mas as lições sobre estilo (concisão, originalidade, harmonia) ocupam mais de 100 páginas. É quase um tratado. É  preciso ver que tais lições serviram para uma literatura que se fazia há 50 anos e que, portanto, muitas mudanças ocorreram na forma de se fazer literatura. O que se ressalta aqui é a honestidade do ensino que se empreendeu. As outras lições não são menos importantes: narração, descrição, invenção, criação de imagens, observação direta e indireta, elocução, etc. Para o autor, o ensino do estilo consiste numa demonstração da arte de escrever, e não poderia ser diferente para quem acha que estilo “não é somente o dom de exprimir os nossos pensamentos, é a arte de os tirar do nada, de os fazer nascer, de ver as suas relações, é a arte de os fecundar e de os evidenciar”. Já no prefácio fica clara sua intenção: “Tenho lido quase todos os manuais e os cursos de literatura. São bons guias, mas nenhum ensina, técnica e praticamente a arte de escrever. Nenhum fez ainda as demonstrações de estilo. É uma lacuna que eu procurei preencher”. Em seguida ele reforça o propósito: “Meu alvo é ensinar no que consiste a arte de escrever; decompor os processos de estilo; expor tecnicamente a arte da composição; ministrar os  meios de aumentar e ampliar as aptidões do estudioso, isto é, duplicar-lhe e treplicar-lhe o talento; numa palavra, ensinar a escrever quem que não o saiba, mas que tenha o que é preciso para o saber”. (grifos do autor). As demonstrações de estilo, ou seja, de como pode se escrever melhor, mais limpo, conciso permeiam todo o livro. São diversos textos apresentados lado a lado com as palavras em excesso gravadas em italic, mostrando ao aprendiz o que pode ser suprimido melhorando o texto. Neste particular, é louvada a regra básica do jornalismo: “não diga em três palavras o que pode ser dito em duas, e melhor ainda numa só”. O autor dá o nome de “refundição” ao processo de limpeza de um texto e dedica-lhe toda a 12ª lição com exemplos de um texto escrito de três modos, cada qual mais enxuto e de agradável leitura sem perder nada do conteúdo transmitido. Está visto sua ojeriza aos lugares comuns e expressões triviais utilizadas com mais ou menos freqüência pelos autores, chegando mesmo a elaborar uma lista daquelas mais freqüentes e a proposição de frases alternativas. A última lição aborda o estilo epistolar, salientando que é inútil ensinar a escrever uma carta sobre um assunto que não se sente.   A carta expressa um sentimento individual e neste aspecto as mulheres são imbatíveis, levando o autor a declarar “É inútil ensinar-se às mulheres o estilo epistolar; sabem-no por instinto e elas é que no-lo poderiam ensinar” e citar La Bruyère: “Este sexo vai mais longe do que nós nesse gênero de escrever. As mulheres ao pegar na pena, encontram rodeios e expressões, que muitas vezes, em nós, são efeitos de um longo e aturado trabalho”    

1961

BUENO, Francisco da Silveira. A Arte de Escrever. São Paulo: Saraiva, 1961.

O prof. Silveira Bueno - “no convívio cotidiano e superiormente adorável da mocidade observando bem de perto os anseios dos que sentem asas nos ombros sem saber como atingir as alturas do ideal literário, veio-nos a idéia de escrever-lhes um livro, que lhes servisse de guia nessa entramada senda intelectual” - atingiu plenamente o objetivo. Seu  livro foi um dos mais lidos no gênero, chegando a atingir a 10ª edição. Trata-se de um manual prático, fiel seguidor dos preceitos americanos, em detrimento dos manuais franceses, conforme ressaltado pelo autor: “Refletem a maneira francesa antiga, teóricos em excesso e parcamente práticos”. Tal praticidade levou-o a não incluir a composição poética em seu manual, “pela razão de andarem os cânones da poesia muito incertos... é que a poesia é luxo e a prosa, necessidade”. Quanto a possibilidade de se ensinar a escrever, o autor é objetivo: “Certamente sim. A literatura é arte; a arte é hábito aperfeiçoado no seu máximo grau; o hábito adquire-se pela repetição inteligente e sentida dos mesmos atos”. O livro foi concebido após um longo período de experiência do autor como [professor de literatura. Após concluído, quando dava aula no Colégio Mackenzie, passou por uma revisão completa de que durou dois anos e teve incluído os ensinamentos de autores e tratadistas da língua inglesa. O cuidado com a obra revela-se, também, na organização editorial. Além do índice analítico, que sinaliza a contento os temas tratados, o livro é dividido em onze capítulos, entremeados com diversos exercícios, garantindo o citado aspecto prático. “Precisamos fazer e não somente dizer com se faz. Neste livro procuramos aliar as duas coisas: dizer como se faz e fazer”. Esta intenção já foi melhor explorada por Antonio Albalat em 1953. Cada capítulo sem título engloba uma série de temas dispostos em breves verbetes, lembrando uma enciclopédia: assunto (escolha do), esquemas, expressão, composição, ênfase, habilidade na escrita, coerência, síntese,  explanação, sentença, estilo, preciosismo, narração, harmonia, repetição, afetação, clareza, simplicidade, alegoria, crítica literária, romance, biografia, cartas, entrevista, ensaio, conto, crônica etc, etc, etc.            

1967

MOISÉS, Massaud. A Criação Literária. São Paulo: Melhoramentos. 1967

Nosso conhecido professor de literatura nos dá uma lição de humildade e competência já na denominação do título do livro que vinha fazendo desde 1952, quando iniciou na Cadeira de Literatura Portuguesa na USP-Universidade de São Paulo. No princípio intitulou-o “Iniciação à Literatura”. Mas, alguém alertou-o para os equívocos que poderia provocar. Pois, o intuito era “não iniciar o leitor na literatura, isto é, na leitura de obras, mas, sim nos estudos acerca da literatura, ou seja, nos problemas da crítica literária”. Diante disso adotou “Introdução à Problemática da Literatura”, que o editor tomou como subtítulo e deu como título A Criação Literária. Na verdade  é um tratado que, segundo a modéstia do autor consiste em “oferecer ao leitor não especializado, portanto aos estudantes e ao público em geral, uma iniciação, uma introdução ao exame de alguns problemas fundamentais da teoria e filosofia da literatura”. Uma consistente iniciação, vale dizer. Análise detalhada dos gêneros, espécies e fôrmas literárias, com destaque especial para o romance. Como recurso ao desenvolvimento posterior dos temas estudados, é feita uma seleção dos livros mais importantes classificados conforme o sumário da obra: (1) conceito de literatura, (2) poesia e prosa, (3) gêneros literários, (4) espécies poética, fôrmas poéticas, (5) o conto, (6) a novela, o romance, (7) crítica literária. São mais de 100 títulos, contendo a referência bibliográfica das obras clássicas em cada área. Para facilitar a consulta, o autor acrescentou algo essencial neste tipo de livro, que poucos autores nacionais dão importância: um detalhado índice analítico que permite o leitor localizar qualquer termo mais específico contido na obra. 

1982

SÁBATO, Ernesto. O escritor e seus fantasmas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982.

Na ânsia de um resumo esclarecedor, encontrei estas "palavras prliminares à primeira edição", ditadas pelo autor: Este livro está constituido por variações em torno de um só tema, tema que me tem obcecado desde que escrevo: por que, como e para que se escrevem ficções? Inúmeras vezes me formulei a mim mesmo estas perguntas, elas me foram formuladas por escritores e jornalistas. E em cada uma destas ocasiões fui tomando consciência destas obscuras motivações que levam um homem a escrever, séria e até angustiadamente, sobre seres e episódios que não pertencem ao mundo da realidade; e que, no entanto, por curioso mecanismo, parecem dar o mais autêntico testemunho da realidade contemporânea. Não sei que valor em estética ou ontologia poderão alcançar estas notas, mas sei, isto sim, que têm o valor dos documentos fidedignos, pois foram elaborados ao meditar, reiterada e encarniçadamente, sobre meu próprio destino de escritor. Falo, pois, de literatura como um camponês fala de seus cavalos. Minhas reflexões não são apriorísticas nem teóricas, senão que foram se desenvolvendo com contradições e dúvidas (muitas delas persistentes), à medida que escrevia as ficcções: discutindo comigo mesmo e com os demais, neste país ou naqueles em que constantemente há pessoas que nos dizem o que é o que deveria ser uma literatura nacional. Têm, em suma, algo do "diário de um escritor" e se parecem, mais que nada, a esse tipo de considerações que os escritores sempre fizeram em suas confidências e em suas cartas. Por isso preferi manter essa forma reiterativa e insistente mas viva, um pouco da mesma desordem obsessiva que uma e outra vez essas variações se apresentaram em meu espírito. Para quem escrevo este livro? Em primeiro lugar, para mim mesmo, com o intuito de esclarecer vagas intuições sobre o que faço em minha vida; logo, porque penso que pode ser úteis para muitas pessoas que, como eu em minha época, lutam por encontrar-se, por saber se de fato são escritores ou não, para ajudá-los em uma resposta sobre o que é a ficção e como é elaborada; também para nossos leitores, que amiúde nos escrevem ou ou nos detém na rua para falar a respeito de nossos livros, ansiosos por se aprofundarem em nossa concepção geral da literatura e da existência; e, enfim, para esse tipo de crítico que nos explica como e para que devemos escrever. Em qualquer destes casos, quem o ler pode ter a certeza de que não está de frente a gratuitas e engenhosas idéias ou doutrina, senão frente a meditações de um escritor que duramente encontrou sua vocação, através de ásperas dificuldades e perigosas tentações, devendo eleger seu caminho entre outros que se lhe ofereciam em uma encruzilhada, tal como em certos relatos infantis, sabendo que um só e só um conduziria à princesa encantada. Lerá, por fim, as meditações de um escritor latino-americano, e portanto as dúvidas e afirmações de um ser duplamente atormentado. Pois se em qualquer lugar do mundo é duro sofre o destino do artista, aqui é duplamente duro, pois além disso sofremos o angustiante destino do homem latino-americano. O livro, como ressalta o autor, é uma "colcha de retalhos" de textos curtos e até curtíssimos sobre a fazer literário, sobre o que é literatura, o que é ser escritor enfim. 137 textos, dentre os quais destacamos alguns para dar uma idéia geral do livro: O principal problema do escritor, o romance total, planos e obras, literatos e escritores, limitação e forçada literatura, a misteriosa criação, a palavra exata, o outro ofício do escritor, atributos do romance, arte e sociedade, o tremor de escrever, prosa e poesia, sobre a metáfora,   recriação constante, crítica aos críticos raízes da ficção, o mal e a literatura, que é um criador? o roamence e o mundo moderno etc.

 

1985

 

SANT’ANNA, Affonso Romano de. Como se faz literatura. 2ed. Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes, 1985.

“Este livro é uma introdução simples para quem quer ter as primeiras informações sobre o fazer literário. De certa forma, poderia ter o título de “Como se fazer escritor”. Encaminho uma série de considerações não apenas sobre o texto, mas sobre o contexto. E, conforme sugeri ao IBASE, o ideal é que, complementando este livrinho, se seguissem outros mais específicos, tratando de como fazer esse texto, um romance, uma crônica, um conto e como escrever para a tv”. (advertência do autor). Trata-se de um livro para quem quer realmente conhecer os primeiros passos a serem dados dentro da carreira literária. Não se trata apenas de apresentar a questão da técnica, mas de conhecer como funciona o “sistema literário”: as publicações, as editoras, direitos autorais, concursos literários, etc. O autor faz uso de uma linguagem simples, em tom de depoimento, entremeando experiências de escritores brasileiros vivos. Muitas vezes o aspirante à literatura fica perdido pelos subúrbios da criação sem saber como penetrar no universo das letras. Assim, este livrinho, pequeno só no tamanho (57 páginas), pretende ajudar no atalho a este caminho. Mostra-se que o ato de escrever, de publicar e de ser lido são três momentos complementares, e explica-se a conexão entre eles. Por outro lado, há também  uma série de indicações para conhecer o fazer literário por dentro, com referências a diversos livros de autores conhecidos, onde eles explicam como elaboraram a sua arte da composição.

1990

GARDNER, John. Para ser novelista. Barcelona:Ultramar Editores, 1990.

   

Doy por supuesto que cualquiera que eche una ojeada a este prefacio para ver si vale la pena o no comprar el libro o llevárselo de la biblioteca, o robarlo (ni hablar), lo hace por una de las dos razones siguientes: o bien el lector es un  novelista principiante que quiere saber si el libro tiene visos de serle útil o se trata de un profesor de literatura que espera averiguar sin demasiado esfuerzo con qué clase de timo apuntan esta vez a su blanco preferido quienes viven de predicar la autodidáctica. Es cierto que la mayoría de libros para escritores principiantes no son muy buenos, incluso los escritos con la mejor intención, y no hay duda de que éste, como otros, tendrá sus defectos. Permítaseme exponer aquí  cómo y por qué lo he escrito, y qué pretendo con ello. Después de más de veinte años de dar lecturas y conferencias, y de visitar asiduamente las clases de literatura creativa, ya sé qué debo esperar que me pregunten en el inevitable turno de preguntas: cosas que a primera vista parecen de mera cortesía («¿Escribe con lápiz, con bolígrafo o con máquina de escribir?»); cuestiones profesorales y cargadas de interés profesional («¿Considera importante que el futuro novelista tenga un conocimiento amplío de los clásicos?»); y otras tímidas y serias, hechas como si fueran cuestiones de vida o muerte, lo que podrían muy bien ser para quien las pregunta, tales como: «¿Cómo puedo saber si soy o no escritor?» Este libro reúne las respuestas a las preguntas que considero serias, incluidas algunas que considero más serias de lo que puedan parecer al principio. Respondo a cada pregunta directa y también discursivamente, intentando cubrir todos sus aspectos, incluidos aquéllos que quien la hace quizá haya dado a entender a pesar de no haberlos expresado con palabras. Me he dado cuenta de que algunos escritores parten de la premisa de que toda pregunta que se les hace en un salón de conferencias o en una clase es esencialmente frívola, que se formula a fin de atraer la atención o de halagar al conferenciante y evitar tiempos muertos, o simplemente por puro capricho. Yo intento avanzar en la dirección opuesta. Yo parto de la premisa de que las personas, en las clases, las salas de conferencias y en todas partes, son más listas y nobles de lo que creen los misántropos. Dudo que aquéllos cuyo interés en escribir novelas no sea auténtico se molesten en leer este libro, y confío en que quien esté verdaderamente interesado en escribir me perdone si sobre algún tema digo más de lo necesario y se haga cargo de que mi propósito es que este libro sea útil y completo. Todo lo que digo es, naturalmente, mi opinión de escritor, opinión basada en años de escribir, leer, enseñar, editar y conversar con escritores amigos míos, pero no deja de ser una opinión, ya que en el arte no hay hechos demostrables como en la geometría o en la física. Y por esta razón puede ocurrir que parte de lo que digo les parezca a algunos lectores fuera de lugar y hasta ofensivo. Hay cuestiones –por ejemplo, los talleres de literatura– acerca de las cuales uno se ve tentado de moderarse o contentarse con dar respuestas simples; pero es que tomo como lector principal de este libro al aspirante serio que quiere la verdad estricta (tal como yo la percibo), a fin de poder planear su vida de forma que resulte beneficiosa para su arte, de evitar caminos erróneos en lo referente a técnica, teoría y actitud y de llegar a ser un maestro de su oficio tan rápida y eficazmente como pueda. Este libro es, en cierto sentido, elitista. Con esto no quiero decir que lo haya escrito para ese novelista tan especial que desea llegar únicamente a un reducido círculo de lectores refinados, instruidos y sutiles, aunque a tal escritor Lerecomendaría el libro, como ayuda y como argumento en favor de la moderación. El elitismo a que me refiero es más comedido, más de clase media. Escribo no para los que desean publicar a toda costa, sino para los que quieren llegar a hacerlo con algo de lo que sentirse orgullosos: ficción seria, honrada, novelas que los lectores descubren que disfrutan leyéndolas más de una vez, ficción con visos de perdurar. La destreza –la manera de hacer de quienes eluden el efectismo fácil, no toman atajos y se esfuerzan por no engañar nunca, ni siquiera acerca de las cuestiones más triviales (como, por ejemplo, qué objeto concreto escogería un hombre encolerizado para arrojarlo contra la pared o si determinado personaje diría «no» o el más rotundo «ni hablar»), en resumen, esa destreza entre cuyos méritos está el esmero que demuestra, proporciona placer y produce la sensación de que la vida vale la pena vivirla no sólo al lector sino también al escritor. Este libro es para el novelista que ya ha llegado a la conclusión de que es mucho más satisfactorio escribir bien que escribir sólo lo suficientemente bien como para poder llegar a publicar.Éste no es esencialmente un libro que hable de oficio,aunque contenga algún que otro consejo al respecto. No es que desapruebe tales libros o crea que no puedan escribirse buenos libros sobre dicho tema. Es más: yo mismo he escrito uno y lo empleo en mis clases, y lo corrijo y lo amplío de año en año con la esperanza de que algún día me parezca digno de ser dado a conocer. Pero el objeto del presente libro es más elevado y también más humilde; mi intención es hablar de las preocupaciones del novelista principiante y librarle de ellas en la medida de lo posible.Intentar ayudar al novelista primerizo a superar sus problemas puede parecer al principio un objetivo bastante tonto; pero el recuerdo de mis propios años de aprendizaje y mi experiencia con otros aspirantes a escritores apunta a que no es así. El joven novelista tiene la sensación de que el mundo entero se ha confabulado en contra suya. Cuando alguien manifiesta su intención de llegar a ser médico o ingeniero electrónico o guardabosque no se ve inmediatamente bombardeado por bienintencionadas exhortaciones encaminadas a hacerle ver lo impráctico de su ambición, lo inasequible de la misma, el despilfarro de tiempo e inteligencia que constituye. «Adelante, inténtalo», decimos, pensando para nosotros: «Si no consigue llegar a médico, siempre se puede quedar en osteópata.» Quienes enseñan a escribir, por otro lado, y quienes escriben libros sobre el tema, y no digamos los amigos, los parientes y los propios escritores, se apresuran a señalar las escasísimas probabilidades (con su consiguiente disminución) que tiene cualquiera (siempre, en cualquier parte) de convertirse en un escritor de éxito: «Para escribir hace falta un don especial», dicen (cosa no estrictamente cierta); «El mercado literario empeora cada año» (falso en buena medida); o: «¡Te vas a morir de hambre!», (puede ser). Y este desaliento que tanto se prestan a ofrecer los demás es lo de menos. Escribir una novela lleva muchísimo tiempo, al menos para la mayoría, y es algo que pone a prueba la mente del escritor y puede llegar a desquiciarla. Día tras día, años tras año, el novelista se pregunta si no estará engañándose, se pregunta por qué se escriben novelas, esos largos y minuciosos estudios de las esperanzas, alegrías y desgracias de seres que, en sentido estricto, no existen. El escritor puede ver socavado su ánimo por una progresiva misantropía, mientras su mujer o marido da muestras crecientes de mal humor o desconcierto. Los imbéciles que escriben para la televisión ganan dinero a manos llenas mientras el novelista, ese santo entre los mortales, se emplea en una gasolinera, hace de mecanógrafo o vende seguros de vida para ganar el pan de sus hijos. También puede caer en el alcoholismo, el primer gaje del oficio.Casi nadie alude al hecho de que para cierta clase de personas no hay nada más placentero o satisfactorio que la vida del novelista, si no por su recompensa económica, sí por otras; de que no hace falta convertirse en un misántropo o en un borracho; de que, en realidad, se puede llegar a ser médico, ingeniero o guardabosque con más o menos fortuna, incluso escoger la denostada profesión de ama de casa, y ser al mismo tiempo novelista; al menos muchos novelistas, excepcionales y corrientes, lo han hecho así. Este libro pretende tranquilizar con honradez exponiendo llanamente, en primer lugar, lo que es la vida del novelista; en segundo, aquello de lo que éste debe guardarse, en su mundo interior y en el exterior; y por último, lo que cabe que espere y lo que, en general, no debe esperar. Es un libro que alaba el hecho de escribir novelas y anima al lector o lectora a intentarlo si en serio está dispuesto a ello. Lo peor que puede ocurrirle al escritor que lo intenta y fracasa –a menos que se haya formado ideas jactanciosas o místicas acerca de lo que es ser novelista– es que descubra que, para él, la escritura no es lo que más alegría y satisfacción le proporciona. Hay más fracasos entre quienes aspiran a ser brillantes hombres de negocios que entre quienes quieren ser artistas.(Prefácio) 

 

1996

PERISSÉ, Gabriel. Ler, Pensar e Escrever. São Paulo: Editora Arte & Ciência, 1996.

Como o título deixa claro, para escrever bem é preciso antes ler e pensar. Tal propósito é realçado pelo autor na introdução: “Este livro tem a preocupação de motivá-lo ou motivá-la a pensar por conta própria, a ler um pouco melhor e, como decorrência natural, como subproduto, escrever com precisão e espontaneidade”. Gabriel é um jovem poeta, tradutor, editor e professor com dez anos de estudo e experiência no trato com as palavras. Seu livro é, no fundo, o balanço e o resumo desse período, que culminou com a criação da Escola de Escritores, em 1994, em São Paulo. Não tem a pretensão de se constituir em manual, e este aspecto notabiliza o livro, devido ao enfoque, a leveza de estilo e sinceridade contida nos temas abrangidos. Não por acaso o último sub-capítulo do livro intitula-se “A convicção que inspira”. Neste particular, o prof. Gabriel nos ensina que “o esforço necessário para escrever bem não deve ser usado para escrever bem. Deve dirigir-se antes à aquisição da força intelectual, imaginativa e afetiva que, esta sim, fará a pessoa capaz de transformar a linguagem de todos, a língua de um país, o patrimônio verbal comum, em idioma pessoal, em estilo próprio. Tal lição combina com o enunciado na primeira página do livro: “para escrever bem é preciso não querer escrever bem”. Dividido em apenas três capítulos - O lugar da leitura, A formação intelectual e Escrever para escrever -, os quais se subdividem em mais três sub-capítulos abordando temas como a importância do questionamento, a técnica pessoal, o rascunho, o cotidiano e a nostalgia do sagrado (que fez de Paulo Coelho um best seller) etc. Ao final do primeiro capítulo e reforçando a importância da leitura, é fornecida uma lista pessoal de 64 títulos de livros clássicos e/ou importantes na concepção do autor, cada qual seguido de um breve comentário.     

1997

LLOSA, Mario Vargas. Cartas a un novelista. Madrid: Editora Ariel. 1997.

 O livro já foi traduzido para diversos idiomas, inclusive o português de Portugal, enquanto os vizinhos brasileiros continuam na espera. Um ano após lançado, a Editorial Planeta relançou com uma pequena modificação no título: acrescentou “joven”, na intenção de copiar o título de Rilke. Providenciei a importação do livro, e enquanto não recebo vamos nos contentar com o informe publicitário extraído da Internet: “Como se chega a ser um escritor?. De onde saem as histórias contadas nos romances?. Como usar o material autobiográfico?. É possível falar da liberdade e da responsabilidade do escritor? Mario Vargas Llosa escreve a um aspirante a romancista e responde todas suas dúvidas. Fazendo uso de sua brilhante inteligência e recorrendo a sua experiência de escritor profundamente comprometido com sua profissão, abrange todos os temas que interessam àqueles dispostos a responder o chamado de uma vocação que, além de talento natural, exige esforço e constância. Desse modo, abarca todas as indagações de seu interlocutor epistolar: o significado dos prêmios, do reconhecimento público, da venda de livros e do prestígio social do escritor, o êxito como estímulo essencial contraposto ao exercício dessa vocação como a melhor recompensa, o valor da disciplina e da perseverança no ele chama de “a construção de um talento”, a predisposição a fantasiar como o primeiro passo do verdadeiro exercício da literatura, a indissolúvel relação fundo-forma, o estilo, a técnica narrativa, a voz própria, o ajuste perfeito entre palavra e idéia, o ponto de vista, o espaço e o tempo, o poder persuasivo de uma história, a organização do relato, a ambigüidade, os dados escondidos, os “vácuos”de uma história.”            

2000

SANT`ANNA, Affonso Romano de. A Sedução da palavra. Brasília: Letraviva, 2000.

O livro teve inicio em meados dos anos 80, Como fazer Literatura, uma coleção didática da Editora Vozes, coordenada Herbert José de Souza, o Betinho. Nesta edição, o autor deixava claro que se tratava de “uma introdução simples para quem quer ter as primeiras informações sobre o fazer literário”.15 anos depois sua republicação é sugerida ao autor, complementando-o com uma série de crônicas abordando autores, artistas e a criação literária. Dito e feito, o livro se encontra dividido nestas duas partes: (1) Como se faz literatura e (2) a sedução da palavra, uma coletânea de crônicas, quase contos. Trata-se de uma obra essencial à quem pretenda se iniciar nos mistérios da criação literária. Escrito numa linguagem direta, “como quem conversa ao pé do ouvido de um amigo íntimo”, a 1ª parte vai desenrolando o novelo do fazer literário numa seqüência lógica em sete curtos capítulos. Para “começo de conversa” explica o que é exatamente um escritor e ressalta que “entre escrever e virar socialmente um escritor vai uma longa distância”. Em seguida descreve alguns ritos de iniciação literária: redações escolares, jornalzinho do colégio, jornal da cidade, revistas literárias, concursos, leitura por amigos, etc. Feita a introdução, passa-se ao ato de escrever estabelecendo-se as diferenças entre autor, escritor e redator. O autor pode não ser o escritor, pode contratar um ghost writer para escrever por ele. O redator diferencia-se do escritor pelo fato de o primeiro ter a obrigação de saber como tornar um texto eficiente na sua função. Pode-se até dizer que nem todo escritor é um bom redator, bem como nem todo redator seja um escritor. “O escritor verdadeiro é aquele que converte todos as sensações e pensamentos em linguagem”. O ato de escrever se torna numa segunda natureza. O mundo se lhe configura através das palavras, e se não as encontra para expressar algo sente um mal-estar, uma falta de apreensão da realidade. Assim, pode-se dizer que “o ato de escrever é um ato de apreensão da realidade... é um ato de construção”. Através da escrita, o autor vai descobrindo o que pensa, ele vai tomando conhecimento de si e do mundo. É comum vermos um autor admirado diante de si mesmo: “mas eu pensava assim? Eu não sabia que era capaz de pensar assim!. Por isto é que escrever é um ato de criação, uma epifânia”. Uma das dificuldades do escritor iniciante é publicar sua obra, dado o interesse comercial das editoras, e mais difícil ainda é fazer com que a obra seja lida. “Para que um livro seja lido é necessário que entre em algum circuito de comunicação”. Nem sempre é preciso qualidade literária, o que precisa é “cair numa rede ou sistema de relações”. Ele precisa estar inserido numa dessas situações: 1) Operação mercadológica. São as leis do mercado e da publicidade regendo o lançamento de uma obra, tal como se lança qualquer produto com promoções, anúncios, prêmios, etc. Tais leis fazem com que certos autores menores sejam lidos e traduzidos em boa parte do mundo. Os concursos literários e o Prêmio Nobel de Literatura estão inseridos nesta categoria. 2) Efeito da personalidade do autor. São as características pessoais que ajudam ou atrapalham a penetração da obra no mercado. Há os marketeiros, (Salvador Dali na pintura ou Paulo Coelho na literatura), os falsos tímidos e os tímidos de verdade. “A personalidade ajuda, mas não sustenta um texto”. Quando o escritor morre, sua literatura vai, também, se esvaindo. Pois, a literatura não é uma questão de mercado ou de charme pessoal. 3) A questão da linguagem. Os autores inovadores que captam as grandes questões de seu tempo são logo reconhecidos pelo editor, pela crítica e pelo público. Tornam-se porta-voz de um grupo, de uma comunidade, de uma geração. Exemplos desse tipo podem ser vistos na “beat generation” americana, nos modernistas brasileiros ou no “boom” literário latino-americano dos anos 60. São indivíduos ou grupo de indivíduos que criaram novas formas de expressão literária e com isto se impuseram ao público. 4) A crítica literária.  A crítica não ajuda muito a vender o livro. Os críticos usam uma linguagem que não atinge o grande público. O que faz vender são as reportagens sobre o lançamento, sobre o autor, sobre o tema da obra. Os norte-americanos inventaram a resenha (review), uma súmula do que trata o livro. Com isto o leitor fica sabendo de seu conteúdo, o que lhe ajuda na decisão de comprá-lo ou não. Se há pessoas que se aproximam da literatura com ideais românticos, há também os que se equivocam pelo contrário, pensando que podem enriquecer. O autor recebe apenas 10% sobre o preço do livro, e os 90% restantes é dividido entre o editor, o livreiro e o distribuidor. O comerciante alega que corre maiores riscos, é ele que investe seu dinheiro num livro que pode não vender. Logo, deve ser melhor remunerado. Por outro lado, o autor pode alegar que investe dois, cinco ou mais anos de sua vida numa obra. O fato é que num mercado editorial precário com poucas livrarias, poucas bibliotecas e poucos leitores todos reclamam e todos têm razão. Para concluir, chegamos ao “fazer literário por dentro”, título do último capítulo. Após breve relato das novas formas ou gêneros literários surgidos com a modernidade (James Joyce, Julio Cortazar, Clarice Lispector, Oswald de Andrade) parte-se para a indicação de um roteiro de leituras fundamentais ao escritor estreante. Dentre estas ressalta-se a leitura das Cartas à um Jovem Escritor (Record, 1981) e Lição do Amigo (José Olympio, 1982), de Mario de Andrade. Assinala que tais cartas são mais importantes que as Cartas à um Jovem Poeta, de Rainer Maria Rilke (Ref. 01) e que se Mario de Andrade “fosse um escritor europeu ou americano, essas cartas seriam best-sellers internacionais”.

2001

RAMÓN NIETO. O Ofício de escrever. São Paulo: Ed. Angra, 2001

Um pequeno livro que se destina, conforme a propaganda na contra-capa, a “explicar os fundamentos do ofício de escrever, de sua materialidade, transcedência, de seus aspectos mais luminosos e mais obscuros. Em suma: o que é ser escritor”. Em 160 páginas divididas em 30 curtos capítulos, o autor faz um apanhado geral e suscinto dos diversos  aspectos do ofício. Claro que não consegue cumprir todo o prometido na propaganda, mas consegue reunir uma boa quantidade de curiosidades, características e especificidades da arte e do fazer literário. São abordados tanto os temas referentes a criação literária, gênero, estilo, bem como aspectos particulares de produção literária de alguns autores, tal como escrever no exílio, na guerra ou na prisão. Não deixa de ser interessante saber das curiosidades ou “golpes” aplicados por Alexandre Dumas - que recebia por linha escrita – ao criar personagens gagos (que nos diálogos exigiam três linhas para dizer uma breve frase) ou que respondiam com monossílabos, de modo que cada resposta (sim, não, já) valia por uma linha. Analisa, também, as dificuldades enfrentadas pelo escritor, em comparação com outros ofícios, afirmando que “o escritor se dedica a colocar todo seu empenho em fazer aquilo que não sabe”. Pois se soubesse, não seria escritor. E acrescenta “ao concluir uma obra, cujo conteúdo ignorava no inicio, aquilo que aprendeu não lhe servirá para a obra seguinte. Além disso há uma enorme quantidade de dicas e informações dirigidas aos interessados no ofício: quanto ganham os escritores?; os prêmios literários; o que é sucesso?; para quem se escreve; como achar um título; a inspiração, etc. Como conselhos aos jovens escritores, o autor apresenta o decálogo de conduta do escritor, formulado por Hemingway há mais de 40 anos, mas que ainda  mantém sua validade: 1 - Esteja apaixonado; 2 - Comece a escrever; 3 - Contemple o mundo e fique estreitamente unido à vida; 4 - Freqüente a companhia de escritores; 5 - Não perca seu tempo; 6 - Ouça música e contemple pintura; 7 - Leia sem parar; 8 - Não tente se explicar; 9 - Ouça a sua vontade (ou seu desejo); 10 - Rasure: a palavra destrói o senso criativo. 

 

2001

 

BACELLAR, Laura. Escreva seu livro: guia prático de edição e publicação. São Paulo: Mercuryo, 2001.

O livro, como bem diz seu subtítulo, é um guia prático de edição e publicação, feito por uma experiente escritora competente na área editorial. A “orelha” do livro expressa com clareza seu conteúdo e objetivo: “Esta obra equivale a uma longa conversa com um editor experiente, que tire as dúvidas mais comuns de um autor, como por exemplo: Quanto vou ganhar? Como encontro uma editora? Como faço para publicar um romance? Como transformo meus papéis em livros? Como avaliar minha obra? Como ficar rico? Dividido nas três etapas mais importantes para um autor – a escrita, a edição do texto e a publicação do livro -, este guia desmistifica o trabalho do escritor e o funcionamento das editoras, ajudando você a tomar as decisões mais adequadas para o sucesso de sua obra”.    

 

2002

GARCEZ, Lucília H. do Carmo. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

Entre os tantos manuais de redação existentes podemos inserir mais este; porém, de modo diferenciado, devido a intenção explicita da autora: “desmitificar, desconstruir idéias equivocadas, provocar uma mudança de atitude em relação ao ato de escrever e, conseqüentemente, ao de ler”. A autora adota “a vertente teórica que vê a língua, não apenas como uma herança social, mas como uma forma de ação, um modo de vida social, uma construção coletiva. Desse modo, “não posso focalizar a produção de textos restrita a um conjunto de limitado de regras que podem ser repassadas, memorizadas e aplicadas sem a participação e interferência do sujeito”. Na condição de professora universitária, sentiu as dificuldades dos alunos, jovens e adultos já formados, totalmente desorientados quanto às habilidades necessárias ao convívio menos cerimonioso com a escrita.  A intenção de destruir idéias equivocadas se apresenta já no primeiro capítulo: “Os mitos que cercam o ato de escrever”. São muitos os mitos, mas ela se apegou aquele mais comum e, portanto, mais devastador e desestimulador de futuros escritores. Claro que não estamos nos referindo ao escritor literato, ficcionista, e sim ao ato de colocar idéias claras, suscintas, lógicas no papel. O mito diz que para se escrever bem é preciso ter nascido com esse dom. Se é algo divino atribuído à uns poucos privilegiados, fica fácil contentar-se com o fato de escrever mal ou não querer escrever. A falsidade deste conceito é revelada com o depoimento de alguns escritores que, supostamente, receberam o dom da escrita e declaram sua falácia. José J. Veiga, por exemplo, admite que até mesmo talento, a vocação ou o dom dependem de muita persistência. De resto, é conhecido o dito que “a criação artística é fruto de 90% de transpiração e 10% de inspiração, sem contar aqueles escritores, como João Cabral de Melo Neto, que abominava a inspiração. Na introdução diz que não se pretende um “manual de  redação” convencional. Realmente, trata-se de um manual nada convencional, pega-nos pela mão e nos guia no entrelaçado mundo da escrita. Os capítulos são entremeados com depoimentos de escritores conhecidos, contendo ao final exercícios práticos de fixação. Oferece ainda uma bibliografia comentada de apoio e outra para aprofundamento, contendo quase 100 livros. Para confirmar o grau de envolvimento de quem quer ensinar, a Professora Lucília conclui com uma bela “carta ao amigo leitor”, onde confessa: “procurei traduzir conceitos muito sofisticados em linguagem quase informal, mas não tenho muita segurança se consegui isso, e no grau que desejava... Quem buscava uma fórmula infalível e definitiva pode estar se sentindo frustrado ou atordoado. Mas, relaxe, escrever bem pelo menos para as necessidades práticas não é uma iluminação divina, súbita; é o resultado de muito trabalho com a linguagem...Escrever, ler e compreender os infinitos matizes da linguagem são formas muito especiais de felicidade que a nossa cultura nos proporciona. Não se contente em usufruir apenas o que a distribuição perversa do capital simbólico na nossa sociedade nos concede. Queira sempre mais”.               

2003

SABINO, Fernando; ANDRADE, Mário de. Cartas a um jovem escritor e suas respostas. Rio de Janeiro: Record, 2003.

Affonso Romano de Sant`Anna considera que se Mário de Andrade fosse um escritor europeu ou americano essas cartas seriam best-sellers internacionais. Assegura que o livro é mais importante que Cartas a um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke.  Comparações a parte, o fato é que as 23 cartas de Mário de Andrade têm algumas semelhanças com as de Rilke. Além de tratar-se de uma correspondência entre mestre e discípulo, trazem conselhos assemelhados, como por exemplo quando Mario de Andrade aconselha: “Você se analise, pense seriamente sobre você, sobre si você sente mesmo em si a fatalidade pesada de ser artista, sobre si tem coragem e força para agüentar o tranco duro que vai ser o seu.” Em Rilke vemos algo parecido: “penetre em si mesmo e procure a necessidade que o faz escrever. Observe se esta necessidade tem raízes nas profundezas do seu coração.” (Ref. 01). As cartas de Mário tiveram uma influência fundamental sobre seu destinatário, começando pela mudança sugerida no nome do jovem escritor (18 anos), além de se constituir num “precioso roteiro para quem deseja iniciar-se nos mistérios da criação literária”. É o que promete a orelha do livro, lançado por Fernando Sabino em 1981 e relançado agora acrescido de suas respostas. O prometido é cumprido com os diversos conselhos referentes a disciplina para escrever; clássicos que devem ser lidos, com especial referência à Machado de Assis, que “não deve ser para você um companheiro de vida, mas apenas um tesouro onde você vai roubar”; lições de vida “o nosso problema humano não consiste em ter esperança numa vida melhor – consiste em fazer” e noutra carta “não se deixe desleixadamente viver como a maioria infinita dos nossos artistas brasileiros”; o conceito de arte, que não é só beleza, “é um fenômeno de relação, pelo menos entre dois indivíduos, o artista e o espectador”; o ser escritor “se você não fizer coisas maravilhosamente bem feitas como técnica, como estilo, como arte de escrever, como bom gosto espiritual, você será apenas mais um”. As cartas de Mário de Andrade foram escritas no período 1942-1945 e publicadas em ordem cronológica, seguidas cada qual pelas respostas de Fernando Sabino. Com isto foi estabelecido um verdadeiro diálogo. Um diálogo enriquecedor para a literatura, particularmente para quem

2005

CARRERO, Raimundo. Os segredos da ficção: um guia da arte de escrever narrativas. Rio de Janeiro: Agir, 2005.

A primeira lição deste guia aparece já na capa do livro. A princípio, o autor deu o sub-título ”Reflexões sobre a arte de escrever”; depois substituiu “reflexões” por “um guia” e “sobre” por  “na”, acrescentando “narrativas”  ao final. Tais modificações se fizeram com tinta vermelha, emendadas agora com tinta azul. Um rabisco elimina a palavra “narrativas” e troca a preposição “na” por “da”. Com isto vemos o esforço gasto na feitura de uma simples frase: “Um guia da arte de escrever”. No entanto, na página de rosto, a palavra narrativas volta a compor o sub-título. Não sabemos se o acréscimo se deveu a um descuido do editor ou a uma nova mudança do autor. De qualquer modo, temos aqui o exemplo de uma das mais reiteradas lições na arte de escrever: apagar, reescrever, acrescentar, eliminar e reescrever de novo até chegarmos ao nível desejado, à frase limpa e despojada de qualquer sinal que prejudique seu entendimento ou comprometa sua beleza. Tudo isto pode ser visto na capa do livro, o retrato de um maço de papéis amarrado num elástico, pronto para ser entregue ao editor. Uma obra apresentada nestes moldes só poderia ser escrita por quem, além de saber muito bem o que faz, dispõe de uma enorme vontade de ensinar o oficio à quem possa interessar. O escritor Raimundo Carrero reúne estas condições com admirável competência e determinação. A primeira ficou demonstrada nos vários prêmios que sua obra já recebeu; a segunda se manifesta na concorrida Oficina Literária que ele mantém no Recife há mais de 10 anos. Poderíamos dizer que este guia passo-a-passo se constitui num recurso disponível à disposição de um público maior. A quarta capa do livro traz o sumário dividindo o livro em apenas três partes e algumas subdivisões: 1- A voz narrativa (tipos de narrador, interação autor e personagem, os mestres, encontrando a própria voz; 2- O processo criador (intuição técnica, pulsação narrativa, organização do processo criador; 3- Construção do personagem (gênese, conhecimento, apresentação, classificação e desenvolvimento). Mas, no final consta um sumário mais detalhado contendo 42 lições na primeira parte; 123 na segunda e 108 na terceira. As lições são dadas na forma de pílulas, utilizando exemplos extraídos de consagrados autores. Segundo a opinião de um aspirante a escritor, publicada num site de livraria de São Paulo, o que sentimos diante deste livro, é a sensação de estar numa sala de aula de frente com o mestre. Para completar, a autor apresenta uma bibliografia comentada de 90 livros fundamentais ao entendimento e o bom desempenho do oficio de escritor.

2006

ALVAREZ, Alfred. A voz do escritor. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

"Quando alguém lê um romance, há uma voz contando a história; quando lê um poema, geralmente fala sobre o que o dono dessa voz está sentindo; mas o principal aqui não é nem o meio nem a mensagem. O principal é que essa voz é diferente de qualquer outra que já se tenha escutado, e ela está falando diretamente com quem lê, comungando de sua privacidade, bem no seu ouvido, e ao seu jeito todo peculiar. Poder esta falando com você, sendo proveniente de séculos atrás ou como se estivesse ali, do outro lado da sala - nada mais atual e próximo, aqui e agora. Os detalhes históricos são secundários; tudo o que importa é que você a escuta - uma presença inegável na sua cabeça, e mesmo assim realmente viva, não importando há quanto tempo essa palavras tenham sido pronuniciadas." (contra-capa)."Para um escritor, a voz é um problema que nunca o deixa em paz, e tenho pensado nesse assunto desde quando minha memória alcança - se por nenhuma outra razão, no mínimo porque um escritor, propriamente dito, não se inicia até ter uma voz própria". O que é a voz do escritor? Como isso se desenvolve e porque o assunto deveria ter alguma importância? E ainda: como o leitor escuta e reage a uma autêntica voz, e o que acontece quando o culto à personalidade ameaça subvertê-la ? A voz - como algo distinto de estilo - tem todo o peso de uma vida inteira por trás de si. Como o escritor descobre essa voz e desenvolve uma presença única numa página é o tema deste instigante livro escrito pelo renomado poeta, romancista e crítico A. Alvarez. Segundo ele, a voz é o veículo por meio do qual um escritor espressa sua presença viva no texto, captura seus leitores e os mantém escutando. O autor também nos lembra que ler bem significa abrir os ouvidos para essa presença por trás das palavras e reconhecer quais notas são verdadeiras e quais são falsas. É uma arte quase tão dificil quanto escrever bem. Este livro é a fonte ideal para entendermos como escrever, ler, escutar e viver contribui para a arte do escritor. Com base na experiência de uma vida inteira, o autor nos transmite um registro estimulante, sútil e extremamente gratificante de por que toda consistente obra em poesia, ficção e não-ficção começa e termina com a voz do autor. (Orelhas do livro)

2009

RIVADENEIA, Ariel. Como escrever um livro: 100 perguntas e respostas. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009.

A partir do momento em que decide escrever até o momento de ver seu livro publicado, o leitor encontrará nesta obra um arsenal completo para sair com êxito dos apuros. Em vez de tentar esquecer a possibilidade de ser um escritor, com os ensinamentos expostos neste livro, o leitor verá seus desejos aumentados a cada página e poderá escolher entre as várias alternativas para criar uma história interessante.

2011

ALBARRÁN, Claudia (comp.) Cómo escriben los que escriben: la cocina del escritor. México: FCE / ITAM, 2011.

Relatos de um Painel organizado pelo Departamento de Línguas do Instituto Tecnológico Autónomo de México-ITAM, intitulado “Como escriben los que escriben: la cocina del escritor”. A idéia consistiu em convidar diferentes professores (não escritores) para que falassem sobe as dificuldades, vantagens, manias e experiências que tiveram com a escrita ao longo de suas respectivas trajetórias  em diferentes tribunas e diferentes contextos.  Inicia com um texto de Julián Meza, com seu estilo mordaz, nos convidando a abrir a boca com um breve relato construído a partir de um mono-diálogo aparentemente absurdo, para zombar do ridículo papel que desempenham no México alguns escritores ao criar obras de alta cozinha para um público iletrado, que se conforma em deglutir pequenas obras mal “cozinhadas” de nulo ou escasso valor.  Armando Pereira, por sua parte, elabora um ensaio inteligente, onde reflete sobre as experiências que ele (e muitos dos autores que o formaram como escritor) teve ao criar suas próprias obras literárias , com o fim de desvelar as falsidades e os segredos que se escondem atrás de cinco grandes mitos que a gente costuma atribuir ao ato de escrever. O texto seguinte é um artigo de Carlos Zocaya, um receituário original detalhando os ingredientes e procedimentos que veio acumulando ao longo de sua trajetória como engenheiro, pesquisador, executivo e assessor de importantes empresas. As pessoas costumam pensar que estas áreas não têm nada a ver com a escrita, mas, conforme demonstrado de maneira contundente, na realidade ocorre o contrário: é exigido dos profissionais o domínio de uma série de destrezas linguísticas para a construção eficaz de documentos muito elaborados – como informes de negócios, artigos científicos e livros de pesquisa ou de divulgação – dirigidos a leitores por demais exigentes. Em seguida, Daniel Cassany, pesquisador catalão, aproveita a metáfora da cozinha para explicar-nos o funcionamento de seu “restaurante letrado”, onde se fabricam e exportam diferentes receitas e manuais de escritura para ajudar os acadêmicos, cientistas, profissionais e estudantes na elaboração de seus documentos. O artigo de Carlos Bosch, experiente escritor de artigos científicos, é dirigido aos estudantes de todos os níveis de escolarização para que possam compreender facilmente temas e problemas complexos, relacionados com as matemáticas e as ciências exatas. Maria Lamas recorda o papel que teve a escrita em distintos momentos chaves de sua trajetória como intelectual e militante, até se tornar  uma valiosa ferramenta de luta e de transmissão de idéias, graças a qual pode defender e dar voz a uma das causas que mais lhe apaixona: o feminismo. O texto seguinte é um longo ensaio meu, onde trato de explicar como a leitura e a escrita de gêneros inclusive opostos entre si me permitiram ter diferentes experiências literárias que, ao fim dos anos, terminaram por configurar minha identidade como acadêmica e como profissional.  Alejandro Hernández D. descreve o processo que, como economista, costuma seguir na construção de seus escritos. Sublinha o cuidado que os especialistas de uma disciplina tão complexa como a sua devem ter para fazer que seus textos cumpram as expectativas e com as necessidades dos públicos a que são dirigidos. Isaac Katz, para quem as limitações de tempo e espaço que os jornais e revistas impõem a seus colaboradores lhes permitiram desenvolver interessantes estratégias de planejamento, redação e revisão de documentos teóricos, e projeto de uma estrutura adequada para sustentar as idéias e o esboço do primeiro parágrafo, entre outros aspectos que considera essenciais para escrever corretamente. Por sua parte, Nora Pasternac realiza uma viagem através do livro – como objeto material e como objeto de desejo – porque acha que a leitura é a semente que desperta e alimenta o interesse das pessoas para escrever. Descreve a rota que ela segue através dos livros e dicionários para consolidar suas opiniões e sustentar os ensaios que elabora como crítica literária. Jorge Cerdio explica - como estudioso de temas jurídicos e como escritor de artigos referentes a filosofia do direito – que sua tarefa consiste em tecer argumentos e discutir aquelas idéias e conceitos que realmente sejam úteis para a prática da jurisprudência, procurando evitar uma retórica  chata que predomina nos documentos da área. Olga Pellier, com sua experiência como ex-embaixadora, funcionária pública, coordenadora de tarefas editoriais, discorre sobre a redação de textos dirigidos a diferentes públicos, em situações e contextos diferenciados. Seu testemunho sobre a importância que tem  a escrita em sua carreira como internacionalista se vê enriquecido pelo lugar privilegiado ocupado por ela ao testemunhar grandes acontecimentos históricos, como a Guerra Fria, a queda do Muro de Berlim, o desmoronamento da URSS e a Guerra do Iraque, entre outros. Denise Dresser nos brinda com um excepcional texto, onde reflete sobre as leituras e os personagens  que lhe marcaram os desafios que enfrentou ao escrever temas políticos e sobre as fortalezas que todo critico comprometido deve encarar se verdadeiramente deseja compor uma equipe de resgate para liberar um país sequestrado como o nosso (México).  (Prologo) 

   

2012


CAETANO, Marcelo Moraes. Desafios da redação. Rio de Janeiro: Editora Ferreira, 2012.

Um livro ideal para quem deseja aprimorar seus conhecimentos sobre a Língua Portuguesa. De teor abrangente, aborda desde o vocabulário e aspectos da norma culta, analisando a estrutura do parágrafo, tanto a sua forma quanto o seu conteúdo, até a macroestrutura do texto, com a observação de diferentes gêneros textuais e seu funcionamento.

 

FURINI, Isabel F. Eu quero ser escritor: a crônica. Curitiba: Instituto Memória, 2012.

Uma introdução destinada a mostrar ao escritor iniciante as nuances do gênero crônica, contendo orientações básicas, características próprias e conceituação do gênero. A autora dirige uma oficina literária em Curitiba e redigiu o livro à pedido do editor, para esclarecer os aspectos mais importantes requeridos pelos alunos das oficinas. Em cada capítulo, o leitor encontra sugestões de exercícios, tipos de crônica (humor, retratista, epistolar, reflexiva, comportamental, etc) e exemplos de crônicas de alguns participantes do curso.

2016

SAER, Juan José. El concepto de ficción. Madrid: Rayo Verde, 2016. '

El concepto de ficción es una obra intensa que abarca el conjunto completo de la producción ensayística de Juan José Saer sobre lo que es y debe ser escribir ficción. Con una visión profunda y crítica, Saer establece diálogos inexistentes entre autores de una fuerza arrolladora indiscutible como William Faulkner, Alain Robbe-Grillet, Witold Gombrowicz, James Joyce, Marcel Proust, Howard Phillip Lovecraft, Henry James o Franz Kafka con Jorge Luis Borges, Juan L. Ortiz, Antonio Di Benedetto, José Hernández, Domingo Faustino Sarmiento y Adolfo Bioy Casares, para desarrollar su ideario sobre la narración y reflexionar sobre la literatura contemporánea.

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