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Crônica

MALUQUEAR

Margarete Hulsendeger

Que cansaço não tem uma única parte do meu corpo que não esteja doendo graças a Deus o ônibus estava quase vazio consegui sentar agora se aparecer alguém velho grávida não levanto eles que esperem outro ônibus ai minha coluna preciso caminhar tô cada dia mais gorda gorda horrorosa a festa da Lúcia como é que eu vou fazer as roupas estão apertadas pareço uma baleia azar uma velha entrou não levanto fica em pé passa passa ainda bem sentou velho acha que pode tudo eu é que queria poder merda esqueci de ligar para a manicure merda agora vou ter de fazer a unha sozinha vou borrar tudo vai ficar uma porcaria azar o homem do meu lado tá com um cheiro horrível desodorante vencido gente porca vou abrir a janela ar puro melhorou ainda compro um carro economizo e compro aí fico livre de velhos grávidas homens fedorentos já pensou carro pequeno barato tudo de bom o problema é conseguir economizar o homem levantou ainda bem não estava agüentando tem o décimo terceiro posso fazer hora extra é só me controlar não sair gastando em bobagem não a gorda não passa passa vou ter de me espremer ah meu Deus a bunda dela é enorme ocupa dois bancos medo de ficar assim gorda obesa horrorosa chego em caso vou caminhar é isso vencer a preguiça sai pra lá gorda medonha com meu carro não vou mais passar por isso velhos grávidas homens fedorentos gordas horrorosas vermelho ele vai ser vermelho graças a Deus minha parada como é que eu saio preciso levantar gorda preciso levantar vê se dá licença tenho de me mexer a parada está chegando meu Deus que dificuldade essa gente toda não se move segura para não cair esses motoristas fazem de propósito sem respeito será que ele ouviu o sinal são todos uns mal-educados tô cansada desce com calma o dia terminou adeus gorda adeus ônibus fedido o dia terminou será?

ag

 

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Margarete Hülsendeger

Cronista e contista gaúcha, colabora regularmente com as revistas "Entretextos", "Virtual Partes"; os sites "Argumento. Net", "Portal Literal" e "Tiro de Letra".

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