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Biografia profissional

11º Emprego

        Professor de Catalogação Bibliográfica

Cícero da Mata

        No início da década de 1980, em conversas com a minha amiga Miriam Botassi – Bibliotecária e professora bem articulada, com muitos contatos no métier biblioteconômico e político -, ela me perguntou se eu não queria dar umas aulas na faculdade onde lecionava: a FATEA-Faculdades Integradas Tereza D’Ávila, em Santo André. “Podemos experimentar”, respondi. Em 1º de março de 1980 comecei lecionando uma matéria que não era a minha preferida. Felizmente tratava-se de catalogação de periódicos, o documento/suporte que mais aprecio, com quatro por semana em dois dias.
       Creio que era uma turma de 2º ou 3º ano, onde os alunos não demonstravam interesse algum pela matéria ou pelo curso. Parecia que estavam ali apenas para adquirir um diploma. Em algumas aulas me perguntavam logo o começo “se hoje vamos ter aula”. Eu apenas respondia que tinha vindo de São Paulo exatamente para isto, mas quem não quisesse assistir a aula, poderia ir embora sem problema. Não conseguia entender como aquelas pessoas já adultas, pagando uma faculdade, poderiam fazer uma pergunta dessa ao professor postado ali em frente em plena aula.
        Com tais estímulos e as dificuldades que eu encontrava para preparar as aulas e chegar até a faculdades, via-se que aquela experiência não duraria muito tempo. Eu trabalhava durante todo o dia na CET-Companhia de Engenharia de Tráfego. Saía correndo às 6hs. para chegar em Santo André até às 7:30, início das aulas. Naquela época o trânsito era pior do que hoje. Dava tempo apenas para um lanche rápido e não dispunha de tempo para preparar as aulas. Tal preparo tinha que ser feito nos fins de semana, tomando meu tempo de lazer. Para agravar a situação, a recompensa financeira era anulada pelo custo que eu dispendia para chegar até Santo André. Ia de carro e o que recebia dava para pagar o combustível, talvez não desse para pagar o lanche rápido. Eu recebia CR$ 322,85 (trezentos e vinte e dois cruzeiros e oitenta e cinco centavos). Visto hoje parece um dinheirão. Este valor reajustado pelo índice do INPC para hoje, equivale a R$ 41,42 (Quarenta e dois reais e quarenta e dois centavos).
       Neste período eu estava, além do trabalho em período integral, participando ativamente do movimento associativo para criar o Sindicato dos Bibliotecários, onde a Miriam era uma destacada militante. Assim, após dois meses, chamei-a para uma conversa, expliquei a situação e minha insatisfação com a experiência. Ela, sabiamente, me disse em sendo assim, o melhor era sair. Desse modo, encerrei minha curta experiência de professor universitário.

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