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Crítica literária
Fernando Namora

"Haverá mais propriedade em falar-se de 'funções' (da crítica), já que uma obra pode ser analisada sob vários aspectos, tendo em conta diferentes objectivos e usando métodos igualmente diversos. Por isso mesmo, sempre me pareceu que interpretar, compreender, situar, deveria presidir ao cuidado do crítico, o que pressupõe uma tentativa de adesão à obra criticada. Não se pode julgar o que não se soube interpretar ou o que não foi sentido. A obra tem de ser apreciada pelo que é, pelo que tem em si, e não por aquilo que, às vezes obstinada e dogmaticamente, nela se deseja encontrar. Verfica-se, porém, que muitos críticos tendem a colocar-se na posição inversa: partem de um figurino convencionado e forçam qualquer obra a aferir-se por ele. Com não menor frequência, servem-se da obra (desfigurando-a, se for preciso) para que ela demonstre o que lhes convenha demonstrar. Enfim, talvez, se justifique dizer: a humildade que, muito legitimamente, se pede ao autor, do mesmo modo seria bem útil ao crítico, mas tudo se passa como se este a pudesse dispensar".

Fonte: Encontros com Fernando Namora. Porto; Ed. Nova Crítica, 1979.

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