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Causos caninos

Costurado, o cão highlander

Em janeiro de 2006, estava eu no Pronto Atendimento de Arembepe para mais um plantão noturno de segunda-feira. Notei que, além da técnica de enfermagem, do vigilante e do motorista da ambulância, outro ser nos faria companhia durante aquele plantão…                                                                       

- Que cachorro é esse que não sai da porta do posto?
- Sei não. Acho que é o cachorro de Cláudio, o vigilante.
- Cláudio, esse cachorro é seu?
- É, doutor.
- E ele sempre te acompanha nos seus plantões?
- Ele está sempre me seguindo.
- Qual o nome dele?
- Costurado.
- Como?
- Costurado. Ele sofreu um acidente, aí eu costurei ele daqui até aqui – disse indicando uma cicatriz que ia da pata traseira direita até a metade da barriga.
- Nome original. Como foi isso?
- Eu tava ali na beira da estrada com meu filho quando ele foi atropelado. Tava com as tripas todas de fora se contorcendo de dor. Aí eu ia quebrar o pescoço dele pra ele não ficar sofrendo, mas meu filho começou a chorar e pediu pra eu costurar ele. Aí eu costurei.
- Você trouxe ele pra cá pro posto pra costurá-lo?
- Que nada, doutor. Costurei em casa mesmo com uma agulha que uso pra costurar bola de futebol.
- E as tripas que estavam pra fora? Como você fez?
- Ah, eu empurrei tudo pra dentro e fechei.
- Nossa, e o bicho tá vivo ainda! Você teve que dar antibiótico pra ele e tal?
- Dei nada. E você precisava ver. Tinha até areia nas tripas. Formigas também.
- É, incrível como esses cachorros de rua são imunes a algumas coisas. E ele ficou bem. Nem parece um sequelado.
- Bom, o rabo dele ficou quebrado em 4 partes. Está vendo? – disse mostrando as dobras da calda do animal – E ele tb não está dando mais no couro não. Chega a montar na cadela, mas a parada dele não sobe certo. Fica troncha.
- Como assim, rapaz?
- Sei lá. Acho que na hora que empurrei as coisas pra dentro devo ter tirado alguma coisa do lugar.

Fonte: http://freakjones.wordpress.com

 

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