Volta para a capa
No prelo

O Escritor no Divã

Trata-se de uma edição fac-simile do ensaio publicado em 1894 no primeiro nº da revista L`Année Psychologique, pelos seus editores A. BINET e J. PASSY, interessados em saber como se dá a criação literária.

Um estudo realizado a partir de “simples conversas" com os escritores Victorien Sardou, Alexandre Dumas, Alphonse Daudet, Édouard Pailleron, Henry Meilhac, Edmond de Goncourt e François Coppée, afim de “esclarecer uma questão tão importante, tão mal conhecida e tão pouco estudada da imaginação criativa”.

A edição fac-simile está sendo preparada, atendendo a pedidos de alguns leitores, numa encadernação especial. Os interessados em sua aquisição podem entrar em contato pelo email:

literacria@gmail.com

Apresentamos abaixo um resumo extensivo da obra:

A.BINET; PASSY, J. Étude de psychologie sur les auteurs dramatiques. L`Année Psychologique. Paris, 1º Année, 1894. p. 60-118.

Os autores devem ser os pioneiros na especulação do modo como se dá a criação literária; a imaginação criativa, no dizer daquela época. Foram renomados psicólogos, professores da Sorbonne e o primeiro deles foi fundador e editor da famosa revista onde publicaram o ensaio. Empreenderam o estudo a partir de “simples conversas com os escritores”: Victorienc Sardou, Alexandre Dumas, Alphonse Daudet, Édouard Pailleron, Henry Milhac, Edmond de Goncourt e François Coppée. Nestas conversas eles procuraram “esclarecer a questão tão importante, tão mal conhecida, tão pouco estudada da imaginação criativa”. Cautelosos ao pisar neste terreno pela primeira vez, eles alertam o leitor para não buscar aqui um estudo de psicologia profunda, e sim um esboço, uma tentativa de compreensão. Na impossibilidade de relatar neste resumo as “simples conversas” transcritas em mais de 50 páginas, passemos a resumir suas conclusões. Demonstrando uma certa decepção, os autores iniciam a conclusão afirmando que “a principal dificuldade encontrada na questão pesquisada, veio dos próprios escritores interrogados”. Alegam que os escritores não compreenderam o interesse pela questão, que são desprovidos de senso psicológico e não sabem olhar para eles mesmos. De qualquer modo, se contentaram em apresentar seis conclusões: 1) O trabalho de composição literária não se manifesta dentro de nenhuma condição excepcional, seja física, seja moral, que lhe permita se distinguir de outras ocupações do espírito. O trabalho de criação artística supõe, em geral, a plena possessão de si mesmo; ele repousa não somente na imaginação, mas sobre a razão e sobre o bom senso. 2) A verdadeira excitação do trabalho, sua única eficácia é de natureza psicológica. De um modo geral, todos os escritores compartilham as emoções de seus personagens, e que o autor se encontra num estado emocional particular, proveniente do assunto tratado. 3) O trabalho literário se realiza, na maior parte das vezes, sob a forma de uma crise. Alexandre Dumas afirma que a inspiração é uma coisa ligada ao dia ou hora, mas que vem por período. É como uma crise, ou seja um espaço de tempo mais ou menos longo, durante o qual a produção é facilitada. Para exercer seu trabalho, os escritores requerem um pouco de isolamento; reservam um tempo longe de importunações, visitas e distrações. 4) Quanto ao estado mental durante o processo de criação, parece haver três casos principais, que são inegáveis graus de um mesmo estado. O primeiro caso é aquele onde o escritor atribui aos seus personagens as idéias e emoções que lhe são próprias. Ele exterioriza sobre o personagem sua própria maneira de sentir. O segundo caso se apresenta como um esboço de desdobramento mental. O escritor procura se encarnar no personagem que ele imagina; faz um esforço para se metamorfosear; para ouvir sua própria personalidade. Ao mesmo tempo em que executa esse trabalho de imaginação, o escritor permanece auto-crítico, vigilante. O terceiro caso é especial, é sobre os autores teatrais, descrito a seguir. 5) Os autores teatrais se constituem numa categoria diferenciada de escritores. Imaginam a si mesmos, quando compõem uma cena, um costume que os leva a tão longe, a situações não pretendidas pelo autor. Os iniciantes e principalmente aqueles que são essencialmente romancistas e não escrevem para o teatro, não têm o ponto das representações mentais assim de imediato. Eles se imaginam inseridos numa realidade efetiva. 6) A questão das imagens mentais, cuja importância é realçada pela psicologia contemporânea, (não esquecer que estamos em 1894) não parece ter importância neste estudo. A maior parte dos autores dramáticos dizem que vêm e entendem seus personagens enquanto escrevem. É o caso de Alexandre Dumas, Victorien Sardou e Édouard Pailleron.               

 

s
- Link1
- Link2
- Link3