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Quando setembro vier

Guerra Junqueira

     Não acho que Serra esteja indeciso, não. Acho, sim, que Lula e Dilma estão afoitos demais para que Serra venha para o embate o quanto antes. Ambos os contendentes estão corretos: Serra está muito certo em sua demora e Lula também está certo em tentar atrair Serra para a raia da Dilma o quanto antes. Até parece aquelas brigas de menino de rua, em que o macho dominante incitava o outro macho com uma ameaça boba, mas eficaz: - “Vamos ver quem cospe primeiro na cara do outro! E aí o machão intervinha para salvar a sua protegida, que no caso é Dilma.


     Mas acho mesmo que a demora de Serra seja calculada. Por isso não compartilho com outros o temor quanto ao “atraso” em se lançar candidato. Nada seria mais equivocado que responder à provocação de Lula e Dilma, que desde dezembro insistem em guerrear contra... ninguém. Chega a ser chato ver boxeador batendo no vazio...
Montanha, morro e serra são quase sinônimos e não creio que a montanha deva ir até Maomé, neste instante e neste caso. Creio mais que fogo de morro acima e água de morro abaixo ninguém segura. E será fogo e será água que virão, caso Serra consiga subir mais um ou outro pontinho percentual.

      Tratando-se quase de uma guerra dos petistas para aferrar-se ao poder de Brasília, preciso me valer dos ensinamentos que recebi de meus avós russos, que me descreviam as memoráveis campanhas em que seu povo derrotou, ao longo de três séculos, primeiramente a então toda-poderosa cavalaria sueca e, depois, os não menos poderosos Napoleão e Hitler. Imortalizada por Prokofiev em sua obra musical Alexandr Nevsky, a derrota sueca ocorreu ao ter a sua cavalaria mergulhada nas águas geladas de um rio coberto por uma fina casca de gelo, que, derretida pelo peso excessivo dos exércitos suecos e pelo calor adventício de um duro inverno, cedeu ao excesso de peso dos cavalos blindados com armaduras e levou os invasores para o fundo e para a morte. Já a derrota de Napoleão foi imortalizada por Tchaikovsky, também numa obra magistral – “1812” -, em que o compositor, ao som de canhões, relata como os marechais franceses perderam 600 mil dos 700 mil soldados com que invadiram a Mãe Terra dos russos. Enquanto avançava triunfante sobre o vazio, Napoleão e seu cavalo branco encontravam apenas cidades e plantações queimadas... Vendo as suas tropas dizimadas pela fome e pelo tifo, aí houve a grande derrota do marechal francês, sobre o qual já se escreveram 200 mil livros. Finalmente, Hitler, que, com sua blitzkrieg montada sobre a cavalaria mecanizada, perpetrou a guerra relâmpago com que julgava poder derrotar esse povo em apenas três meses. De fato, gastou três anos para ver seus exércitos atraídos espertamente para Stalingrado e, após humilhante derrota, voltarem escalpados até Berlim, não sem antes perderem milhões de soldados nos campos de batalha identicamente nevados.


      Efetivamente, um antigo ensinamento militar dos antigos chineses e mongóis foi confirmado pelos russos. Com enorme coragem, disposição de luta e maestria militar, eles souberam usar aquele que era o seu campo de luta preferido, o tempo que lhes era mais tempestivo e as condições para eles mais adequadas – e não o espaço, o tempo e as condições estabelecidas pelo inimigo–, para vencer as três guerras famosas.

    Sem dúvida, como os russos, também Serra joga um jogo perigosíssimo. Mas se os comandantes russos obtiveram os sucessos mais estrondosos que a história da guerra já registrou – quem não se lembra de Stalingrado? -, por que teriam os tucanos que contestar liminarmente a estratégia persistentemente seguida por Serra e duvidar do seu acerto, sem maiores considerações sobre a lógica da verdadeira “guerra” que ora está sendo travada?

      De fato, foram vários os generais russos que comandaram vitórias estonteantes sobre cada um e sobre todos os invasores mais famosos da história mundial recente, simplesmente se valendo... da mesma estratégia que ora aplica Serra sobre seu adversário. Serra, com muita coragem e disposição de luta, aguarda o Inverno chegar. Não há desvalor na estratégia de Serra. As guerras são assim mesmo. Quando o inimigo é muito forte, há que se usar contra ele todos os recursos disponíveis. E a sabedoria dos grandes vencedores está nisso e não simplesmente no uso desmedido da força, como ora Lula faz.


     Lula e Dilma - certíssimos, mas afoitos em demasia -, insistem porque insistem em abreviar o combate e tentam trazer Serra para o terreno que lhes é favorável e buscam impor o ritmo e o tempo que lhes é melhor. Por isso eles anteciparam a campanha e provocam Serra a mais não poder, para que ele aceite combater desde já. Lula se péla só com a idéia de perder a guerra e acredita que quanto mais longa ela for, maior a certeza de sua vitória. Afinal, é ele quem está no poder, contando com altos recursos de aprovação ao seu governo e também com dinheiro à beça para derrotar Serra. Quanto mais longo for o combate, mais fácil será, para ele, eleger Dilma. Lula poderia, se Serra entrasse no engodo de antecipar a luta, lutar no terreno que mais lhe é propício, no momento que lhe é mais oportuno e durante o tempo que mais lhes convém.


     Para Serra, ao contrário, como para os generais russos que conseguiram derrotar os suecos, os franceses e os alemães, é melhor que o inimigo se esfalfe ao tentar conquistar território... atirando em ninguém, gastando munição preciosa que lhe fará falta daqui a pouco, quando o inverno chegar. Afinal, é Dilma quem tem que se fazer conhecida e subir nas pesquisas e é ela quem tem que por esse tal de PAC no ar, para que, afinal, possa ser visto por alguém... E Lula já gastou muita munição, muito alimento e muita energia para fazer Dilma chegar até perto de Moscou, de Stalingrado e de Leningrado, ou melhor, de Serra... E pela frente só está encontrando... nada! Quando o inverno chegar, quem terá forças descansadas, alimentos frescos e munição à beça será Serra. Dilma estará sozinha na frente de batalha, distante de sua fonte de abastecimento e inspiração, que é Lula. Longe de seu esteio-mór, restará a ela o estado-maior do Goering Zé Dirceu e de suas SS, odiosas até para os que são verdadeiros petistas. A “logística” política de sua campanha, quase toda baseada em Lula, estará muito longe das fontes de suprimento do indispensável ardil político eleiçoeiro que Lula demonstrou ter de sobra. Dilma ainda não aprendeu a mentir descaradamente como Lula, por exemplo.


      Dilma, apesar de não ser, absolutamente, “um poste” - como os Lulistas gostariam que ela fosse e como eles costumam dizer que ela é, nos bastidores -, terá enormes dificuldades de enfrentar o dia-a-dia dos debates, das artimanhas, das armadilhas e dos estratagemas – tudo aquilo que constitui as pequenas campanhas que decidem as grandes guerras.


      Lembro-me da frase de um amigo íntimo de Lula, que freqüenta os churrascos e os porres da corte: “Lula elege até um poste. É só a Dilma parar de abrir a boca!” De fato, Dilma não é um poste nem ficará de boca fechada, nunca. Que bom! Que bom para nós brasileiros que haja candidatos tão qualificados que não se resignam a parecer um poste e a ficar de boca fechada! Dilma, com efeito, seria capaz de engolir esses novos Goering e Hitler juntos, se lhe dessem chance... Serra, em benefício do Brasil, teria que pensar em aproveitá-la em seu ministério... Aliás, não seria má idéia convidá-la desde já... Seria uma maneira de dar a Dilma a oportunidade de vir a adquirir mais experiência política administrativa, antes de assumir o papel de Presidente. Seria uma oportunidade de, como mulher, vir a substituir o bando de homens que têm se apresentado por aí... e de ela mostrar que, de fato, não tem nem nunca teve muita coisa a ver com esse PT que aí está.


     E se Lula, com medo de perder, desesperado, tiver que vir ajudá-la, terá que abdicar do reino do Brasil, deixando-o nas mãos do alquebrado Vice, ou, então, do já quebrado Sarney. É arriscado até mesmo pensar nisso, porque poderá custar caro, muito caro, tanto aos petistas quanto ao Brasil.


     Se fosse certa essa estratégia do tão brioso Marechal Inverno, por que Serra deveria temer que sua adversária se aproximasse “tanto” dele, como indicam as pesquisas ora anunciadas? Mas, brasileiros, quem foi mesmo que disse que as pesquisas publicadas estão realmente corretas? Sabemos que essa tentativa de “desculpa” é mais do que manjada...: desqualifiquem a pesquisa para escondermos nossa derrota iminente! Mas, no Brasil e no Mundo, sabemos que os institutos de pesquisa podem e costumam, no início das campanhas, trabalhar nos limites das faixas de erro..., para que não venham a ser acusados, depois, de terem cometido erros crassos. Se, porém, as pesquisas estiverem certas, que mal haveria, para Serra, em fazer todo o possível para enganar Dilma, deixando-a iludir-se com uma falsa aproximação do carro-chefe que é ele próprio (ao menos até o momento), monitorando-a atentamente pelo retrovisor, fazendo-a agir afoitamente, provocando ações e declarações extemporâneas, inoportunas, intempestivas, inadequadas... e esfalfando-a diante da pretensão de quem está prestes a alcançar o coelho-Serra que lhe vai à frente?


      Nestes brasis de março, quando uma nova frente fria se anuncia, parte da artilharia Dirceusista/Lulista de Dilma estará sendo colocada fora de combate. A proverbial estupidez de Vacarezza e a bovina esperteza de Vaccari, conhecidas dos petistas, afinal, não ajudam muito mesmo, né, Zé? Embora Dirceu não acredite nem um pouco, ele não é a mesma coisa que Lula.


Mas esteja claro! Para Serra, esse jogo é muito perigoso! Serra não poderá agir assim até o final da campanha, evidentemente... Além de ridículo, seria suicídio. É preciso saber domar os espaços e os tempos da guerra..., mas, há outros fatores que contam. Com efeito, nem sempre se produzem bons generais, exatamente porque são inúmeros os fatores que contam. Dilma poderá, realmente, alcançar Serra algum dia. Afinal, ela não é um poste – creiamos nisso! E Dilma não tem, em suas raízes, a mesma incompetência para a administração pública que os sindicalistas Lulistas – todos – vêm demonstrando ter. Dilma não é uma ladra como todos os sindicalistas brasileiros e mundiais são. Dilma não tem (ainda?) a mesma propensão dos Lulistas pelo armazenamento de cifrões $$$. E Dilma é muito mais inteligente que Lula (embora não tão esperta). Ela, definitivamente – e Serra o sabe! – não é um poste. Ainda bem..., já que poste até Lula elege.


     Afinal, Lula tem (tem mesmo?) uns 80% de “aprovação” (o que que é isso, mesmo, companheiro?). E, se Lula, do alto do seu coqueiro dudista/lulista, conseguir transferir uns 28% a 30% de intenções de voto para Dilma, isso já será muito, segundo Duda Mendonça. Mas não nos surpreendamos se Ele conseguir ir além dos 30%...
Caberá a Dilma, agora, ir buscar a diferença por si própria... E isso vem se mostrando ser muito difícil. Dilma não consegue subir, por conta própria, nas pesquisas... Apesar de estar em campanha há muito tempo, Dilma não conseguiu muita coisa por força própria... Não fora isso, Lula não teria enchido a cara no Recife, a ponto de ter que se internar no INCOR com quase-coma alcoólico, segundo se comenta nos corredores do hospital mais famoso da América Latina. Impressionante que a Imprensa dominada pelo ex-companheiro Franklin Martins não tenha se advertido daquilo que se comenta nos corredores do Hospital das Clínicas de SP!


       Quando Lula, num churrasco regado a Pitu-Especial, em Recife, soube que Dilma não havia ultrapassado Serra na virada do ano, como pretendido por Duda Mendonça e por João Santana, ele teve que exagerar na dose, diante de tanta incompetência da turma do marketing... E deu no que deu. Lula veio a se internar no INCOR de SP. Com 19 pontos de pressão alta, rolou uma briga insana entre o Médico-do-Presidente (concorrente ao cargo de Professor Titular da USP) e o Médico-de-Plantão do INCOR... (idem). Por que este não teria sido informado de que Lula tinha, simplesmente, enchido a cara? Por que teria ele evitado contar ao médico de plantão a real causa da internação? Por que teria ele corrido o risco de submeter o Presidente do Brasil a um tratamento incorreto, do qual poderia sobrevir a morte, por causa de procedimentos inadvertidamente equivocados? Olhem só, a que nós, brasileiros, nos submetemos...


       Quanto mais prolongada for a guerra de Lula contra Serra, mais o “Lulinha paz-e-amor da esquerda que incomoda muita gente, agora mui amigo de Fidel”, poderá transferir votos para a “Dilminha Guerrilheira”... que nunca foi. Se Serra encurtar a campanha, como vem acertadamente fazendo, faltará tempo para o PT executar a sua estratégia, no campo escolhido por Lula e no tempo que é tempestivo para Dilma. O que Serra está fazendo é atrair Dilma e Lula para bem perto de Moscou e de setembro e deixando a batalha final para quando o inverno chegar, no campo de batalha que mais interessa à Oposição.


       Lula e Dilma estão gastando todos os seus trunfos agora. E o fazem antes de o inverno chegar... Talvez, com isso, consigam garantir a sua vitória e derrotar os “exércitos” tucanos, tão desprovidos de intenção de luta... Serra e seus exércitos mais parecem Brancaleones - todos perdidos numa noite suja... - do que combatentes do bom combate que lhes é proposto. Lula e Dilma já falaram exageradamente (à falta do que dizer...) do PAC 1 e do PAC 2. E terão que recorrer ao PAC 3 e a outros mais..., pois sabem que essa idéia não pegou. Ela não mobiliza ninguém. E ela teve o mau hábito petista de não ser capaz de realizar-se sozinha, isto é, sem a intervenção da vontade humana!


      Certamente, o povo brasileiro, que alguns insistiram em defender à custa de muitos sacrifícios pessoais, é muito ignorante. PAC pouco lhes interessa. E por culpa nossa, se é que ter culpa adianta alguma coisa... Não faz a mínima idéia – o “povo” (esse polvo indescritível) - sobre o que fazer para exportar mais, para evitar desperdícios monumentais, para superar a deseducação crônica (principalmente a da chamada “elite” sindicalista, que ora vige) e para eliminar definitivamente a pobreza não dos cafundós, mas daqui mesmo, de nossas cidades... Dilma sabe que Serra – seu professor na UNICAMP, cujo curso de Mestrado ainda não conseguiu, infelizmente, terminar – tem propostas para vencer o eterno dilema que aflige o Brasil. Certas ou não, Serra tem propostas. E Dilma, na mesma linha, também sabe como seguir adiante com os ensinamentos de Amartya Sen, economista da Índia que foi Prêmio Nobel em 1999, a respeito de como vencer a pobreza endêmica mundial.


      Mas Dilma supunha que fosse ela capaz, com o incomensurável dinheiro que Lula possui, de vir a executar, como num passe de mágica, tudo aquilo que o seu (e o nosso) sonho de juventude lhe indicava. Mas todos os PAC da Dilma não passaram de uma mesma ilusão juvenil: “cão que muito late...” não faz nada, não morde nem assusta ninguém. Os PAC insistem em não ir além da mera intenção: Lula já esgotou o Pré-Sal, prometendo tudo antes de encontrar o petróleo que até deve existir; Lula já ampliou o Bolsa-Tudo a mais não poder: não falta prometer nada aos mais pobres e iludidos, desde que possam votar nele e em sua candidata; Lula já prometeu tudo e mais um pouco e prometerá mais ainda.


      Do lado de Serra, Lula e Dilma esperavam que as águas - não só de janeiro, fevereiro e março -, mas também as de outubro, novembro e dezembro, viessem a minar Serra e sua candidatura. Mas não foi o que se deu... Serra sequer molhou sua galocha... Sobrou prá Kassab – é verdade, mas não para ele, Serra -, amargar o preço da incompetência administrativa (e, portanto, política) de ambos. Mas foram os petistas que erraram o alvo principal. Embora tivessem tentado acertar no centro, o alvo mostrou-se móvel e sempre fugidio. Inglória a tarefa de eleger Dilma, deve dizer a Lula, Dirceu. Os petistas esperavam que Serra, devidamente provocado, viesse a fazer todas as inaugurações a que tinha direito, mas antecipando-se ao seu próprio “timing”. Mas, Serra não o fez... Incapaz de atender ao seu objetivo próprio de forma intempestiva, bem como à provocação Lulista, Serra ainda nem começou a inaugurar nadinha de nada (é verdade que as grandes obras em construção estão atrasadíssimas, o que lhe poderá causar muito estrago eleitoral...). O PT e a PF esperavam que as denúncias contra Ieda Crucius, Pavan, Beto Richa, Arruda e Kassab viessem a contaminar a imagem de Serra. E nada! Nem gripado Serra ficou. Serra resistiu até agora, apesar do estrago feito no seio das campanhas desses seus aliados.


      Quanto ao bom-bahiano Duda Mendonça, ele continua com aquela mesma estratégia marketeira manjada, que ele mesmo me contou: quem está no alto do coqueiro, paulisssta, como Serra estava há 3 meses, tende sempre a cair de lá de cima. Como bom bahiano, que se deita dolente e diariamente na rede pendurada entre dois coqueiros, nas praias soteropolitanas, desde bem cedinho (que é prá ficar mais tempo sem fazer nada), Duda sabe que é lá no alto do coqueiro que balança mais e é lá mesmo onde acontece de ser imensamente difícil subir um único pontinho percentual nas pesquisas eleitorais. Já os que estão mais embaixo e que estão tentando subir no coqueiro para alcançar aquele que está mais alto, costumam ser bem vistos pela torcida. Por isso é que nenhum candidato gosta de começar muito no alto. Vira alvo desde o começo... Todo e qualquer candidato gosta mesmo é de ir subindo lenta e persistentemente, de forma a parecer ganhador desde criancinha.


      Lá de cima do coqueiro, com efeito, parece que só se pode cair e nada mais... Duda chama de “alto do coqueiro” os 38% ou 40% de ótimo+bom, que é o que Serra tinha em novembro de 2009. Nessa estratégia Dudística, Dilma iria subindo célere coqueiro acima, enquanto Serra desceria ponto após ponto, coqueiro abaixo, passando ela, para o eleitorado, a impressão de cavalo ganhador, isto é, de quem busca o resultado de forma persistente e inexorável. É bom lembrar que todo e qualquer brasileiro não gosta de “desperdiçar o seu voto” (isto é, de jogar em cavalo perdedor) e prefere mudar de voto ao perceber que seu candidato corre o risco de vir a perder... E Serra e Dilma, de acordo com essa estratégia Dudística, se encontrariam juntinhos na virada do ano de 2009 – ela subindo e Serra descendo –, na altura dos 30%. Lula, assim, viria a ter o desejado presente de Natal e Duda teria um feliz Ano Bom, com direito a muitas rinhas y otras cositas más nas Antilhas.


      Mas Serra não caiu. E Dilma não subiu. Dilma não subiu, pelo menos, tudo aquilo que dela se esperava. E Lula não teve o presente de Natal que queria. E foi exatamente por isso que encheu a cara no Recife. Em dúvida sobre se foi a velha Pitu a causa de seu mal, restou a Duda apenas uma briga de galinhas como compensação.


      Serra tem que demorar o bastante até que sinta Dilma fungando na sua careca. Tem que deixar o retrovisor embaçar com a sua respiração desesperada. E só aí Aécio entraria em cena, já nos albores do inverno das montanhas das Minas Gerais. Dilma não sabe ainda, hoje, a quem combater, já que os seus dois pretendidos inimigos principais estão ocultos, como os russos, que venceram as guerras estóicas. A guerra que Serra joga hoje é de guerrilha e não de posição. Não se trata de estabelecer trincheiras inexpugnáveis, como Lula vem tentando fazer, copiando a derrotada Linha Maginot. Aliás, ele tem estado exageradamente próximo dos franceses, como FHC.... Trata-se, nesta campanha, de fustigar o adversário a cada pensamento que emita e de interromper suas linhas de abastecimento a cada momento. E isso é tudo o que a ex-guerrilheira Dilma não queria jamais vir a ter que fazer em sua vida. Ela se esqueceu de como se faz isso. E Lula nunca soube como fazer isso... No bem-bão, ele sempre contou com a ajuda do “puder” estabelecido, fosse ele das multinacionais automobilísticas, seja de Golbery, que o concebeu.


      Lula desejaria a blitzkrieg de Hitler, com quem, aliás, vem se parecendo cada vez mais. Ele insiste em dizer que “Ahmadinejad não é Hitler!”, porque sabe que Hitler é ele próprio... Mas Serra foi-lhe dando a impressão de estar fugindo ao combate, de ser medroso, de estar tremendo nas bases, retirando-se cada vez mais para um terreno interior e adiando o combate. Serra, na verdade, empurra Lula para o momento e o terreno que lhe é mais favorável, atraindo Dilma e deixando o bom combate para o instante e para o lugar que a ele lhe é mais propício.


      Mas, enquanto isso, no Brasil e em Minas, Aécio continuará fingindo desgosto por não ter sido ele o candidato a Presidente... Bobagem! Pura cortina de fumaça, malandragem de político mineiro...! Aposto que, quando setembro vier, Dilma sentirá um friozinho danado na barriga. Será o inverno chegando. E Duda Mendonça, bahiano dos bons, que gosta de briga de galos e não de briga de galinhas, se não se cuidar, poderá ver despencar um coco, mas não Serra, do alto das lindas palmeiras que enfeitam as praias soteropolitanas destes brasis.
Afinal, fogo de serra acima e água de serra abaixo, ninguém segura. E Duda sabe disso.

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