Volta para a capa
Grandes entrevistas

 

Leon Tolstoi

 

Entrevistado por : Harold Williams -  Extraída do livro: A arte da entrevista:

The Manchester Guardian,              uma antologia de 1823 aos nossos

09/02/1905                                       dias organizada  por Fabio Altman. São

                                                         Paulo: Scritta, 1995.

 

 

Leon Nikolayevich Tolstoi (1828-1910), romancista e filósofo russo, nasceu em uma família de camponeses da região do Volga. Tolstoi estudou direito e línguas orientais mas nunca chegou a se formar. Fora da universidade, alistou-se num regimento de artilharia do Cáucaso - foi durante esse período militar que ele começou a escrever.  Seus romances mais conhecidos são Guerra e Paz, escrito entre 1863 e 1869, e Anna Karenina, de 1876.  Ele escreveria também dezenas de artigos de cunho religioso que resultariam em sua excomunhão pública.  No final de sua vida, Tolstoi renegou seus próprios livros, entregou todo seu dinheiro à esposa e fechou-se como um ermitão em sua residência campestre, onde peregrinos iam visitá­lo. Ele morreu vitimado por uma violenta gripe que havia contraído num passeio de barco noturno.

                                   

No conflito e na desordem que hoje agitam a Rússia, Tolstoi parece pertencer, muitas vezes, a um passado silencioso e distante. Lembramos que ele está vivo e trabalhando; percebemos a reverência com que seu nome é mencionado por todos; vemos o seu retrato ou o seu busto por toda parte; em centenas de famílias, Guerra e Paz está sendo lido mais uma vez com um novo e vivo interesse. Tolstoi descansa seguro acima dos ventos que agitam as influências do momento, e essa mesma segurança parece elevá-lo a uma categoria de imparcialidade olímpica quanto às esperanças e os medos daqueles que estão lutando pela liberdade política. Além disso, a Rússia atingiu um estágio em que não escuta mais a Tolstoi. Houve um tempo em que seus ensinamentos eram populares por aqui - o tempo durante o qual as medidas repressivas que sucederam à morte de Alexandre II haviam paralisado todas as atividades políticas e sociais, e forçado altruísticos russos a procurarem abrigo em doutrinas de abstinência e submissão.  Mas agora que a esperança de liberdade revigorou as energias políticas de cada pensador no país, Tolstoi veio a ser um grito no deserto. A grandeza de seus dotes artísticos é reconhecida, mas nenhum líder liberal pensa em pedir sua opinião sobre os rumos da agitação política. Os estrangeiros têm um ponto de vista diferente. Continua importante para nós saber o que Tolstoi pensa sobre os grandes eventos do momento, e quando a violência se instaura, como aconteceu recentemente em São Petersburgo, as pessoas recorrem à celebridade viva do país, para saber sua interpretação da tragédia.

                                                                      

 

Cheguei em Yasnaya Polyana, no Volga, na quinta-feira de manhã, vindo de Moscou e Tula.  A nevasca passara, e o sol brilhava no céu varrido pelo vento sobre as colinas por onde se estende a colônia que encerra a conhecida propriedade. Depois dos tremores de São Petersburgo e dos presságios sombrios de Moscou, Yasnaya Polyana parecia o porto seguro da paz. E em relação à personalidade de Tolstoi, a atmosfera de paz parecia repousar continuamente. Ele era muito calmo, possuía a calma daqueles cujo tempo de luta já passou, e embora falasse livremente sobre os eventos atuais e fosse gentil e cortês, à moda graciosa dos nobres russos da velha escola, sentia-se que sua verdadeira vida estava escondida em algum mundo remoto de calma contemplação.

 

Não preciso descrever novamente o rosto familiar. A idade e a doença fizeram, seu trabalho, mas o rosto e a forma foram poupados.  Os cabelos estão rareando, embora não tão brancos como se esperava vê-los. Tolstoi anda com passos vivos, mas um pouco curvado. Não abandonou o hábito dos exercícios vigorosos; passa quase todas as tardes cavalgando ou em caminhadas, e nos momentos de folga em casa, joga peteca com sua filha ou se entretém com bola e cesta.  Está muito bem de saúde, embora o médico, que reside com eles, tenha dito que era propenso a resfriados. Está cada vez mais convencido do valor de uma dieta vegetariana, e mencionou com entusiasmo os trabalhos do doutor Haig e os sucessos dos atletas vegetarianos na Inglaterra.

 

Quanto ao trabalho literário, era uma decepção para ele que o romance tão comentado ultimamente estivesse interrompido e corresse o risco não ser terminado. Durante o outono e o início do inverno, Tolstoi esteve ocupado preparando um breviário de pensamentos de grandes homens - um fragmento para cada dia do ano.  Seus olhos brilhavam enquanto descrevia o prazer que o trabalho tinha lhe proporcionado. Espera completá-lo escrevendo uma série de contos, um para o primeiro dia de cada mês, e a parte principal do trabalho já está nas mãos do editor em Moscou. Recentemente, em resposta aos constantes apelos da Inglaterra e de outros países, ele vem registrando suas opiniões sobre o movimento liberal russo, e, na manhã da minha chegada, terminou um artigo sobre o assunto, que logo será publicado na imprensa inglesa.  Agora está trabalhando em um folheto onde revelará, uma vez mais, suas opiniões sobre o Estado e sobre as atividades políticas em geral.

 

Evidentemente, nossa conversa começou com o movimento constitucional. Sua opinião sobre o fato foi muito breve. É perigoso, declarou ele, e desnecessário, porque desvia as ações dos homens do caminho da verdade. Uma constituição não pode melhorar as circunstâncias e não pode trazer a liberdade. Todos os governos são mantidos pela violência ou pela ameaça de violência, e ela é contrária à liberdade. Um homem só é livre quando ninguém pode forçá-lo a fazer aquilo que ele acredita ser errado. A atitude correta para cada homem é de abster-se de toda e qualquer participação nos atos do governo, recusar-se a servir no exército, recusar-se a aceitar qualquer cargo público, e sempre fazer o bem. O tumulto por uma constituição só pode levar a falsos resultados.

 

Ele ficou muito interessado em saber dos recentes eventos em São Petersburgo, e particularmente ansioso em saber mais sobre o padre Gapon.  Havia um elo entre ele e o líder dos trabalhadores; a verdade é que Fainermann, um dos professores de Gapon no seminário eclesiástico, era amigo e discípulo de Tolstoi, e só há alguns dias atrás, Tolstoi recebera uma carta de Fainermann, descrevendo sua relação com Gapon. Ele lamentou o massacre e ficou horrorizado ao ouvir os detalhes, mas declarou que isso era o que se podia esperar de um governo, que precisa da violência para se manter no poder.

 

- Então o senhor acha que a agitação entre os trabalhadores foi responsável por esse resultado?, perguntei.

 

Não! Não,  exclamou ele. Não iria tão longe. Digo simplesmente que todo esse movimento para a constituição é um movimento na direção errada. O povo não quer uma constituição, e aqueles que estão se agitando por ela não conhecem o povo. Apesar de todas as declarações de amor pelo povo, eles não têm uma verdadeira preocupação com ele, simplesmente o desprezam. O povo só quer uma coisa - terra. Já leu o trabalho de Henry George?

 

 

Tolstoi, apesar de sua abominação pelos métodos políticos, é um grande admirador de Henry George, e acompanhou, avidamente, a forma pela qual suas teorias foram postas em prática na Nova Zelândia.  Esse foi só um exemplo da incoerência aparentemente irreconciliável entre os lados prático e teórico de sua natureza. Voltando à pergunta sobre a agitação constitucional, ele disse:

 

Acho que a melhor coisa sería uma Zemsky Sobor (Assembléia dos Deputados de zemstvos).

 

- Mas como o senhor concilia isso com o que diz sobre a ilegitimidade de todos os sistemas políticos?, perguntei.

 

Ah, disse ele, eu só quis dizer que o imperador é insensato, do ponto de vista de seus próprios interesses, em não convocar uma Zemsky Sobor. E acrescentou que seu filho mais velho tinha enviado uma petição ao imperador para uma Zemsky Sobor, e, com o mesmo propósito, um amigo seu de Nijni Novgorod havia desenvolvido um projeto sobre o qual falou com aprovação. Ele não admitia que uma forma predominante de governo em um país causasse qualquer diferença substancial na vida de seus cidadãos.

 

- O senhor não acha que é melhor viver, digamos, sob o sistema político inglês do que sob o russo? Veja o método de passaporte aqui, por exemplo; a censura, e a deportação dos transgressores políticos.

 

Não é nem um pouco melhor na Inglaterra, disse ele, com firmeza. Onde quer que haja a violência, o povo estará privado de sua liberdade. Meu amigo Tchertkoff, que mora fora da cidade de Christchurch, é obrigado a pagar uma taxa para a manutenção de uma banda que toca dentro da cidade, e que ele mesmo preferia nunca ter ouvido. E quanto à deportação, isso afeta muito pouco um homem.  Eu venho esperando a deportação por mais de vinte anos, e se ela vier não devo me aborrecer. A deportação não pode impedir um homem de viver a vida real. E a liberdade de imprensa!  O povo precisa de liberdade de imprensa? Esses senhores podem ter liberdade de imprensa, se quiserem, para declarar suas próprias opiniões, mas essa é uma causa pequena.

 

Devo acrescentar que o próprio Tolstoi sofreu muito com os efeitos da censura. Até mesmo um escritor tão célebre quanto ele não é poupado da indignidade de receber livros e papéis vindos de fora e endereçados a ele com trechos rasurados.  E a existência da censura o impede de receber as cópias de muitos de seus trabalhos publicados na Inglaterra ou na Alemanha. Falou sobre as greves, e disse que a greve mais efetiva seria a daqueles que abastecem a nação com o pão. Mencionei uma notícia que tinha ouvido em Moscou, sobre as conseqüências de uma greve geral dos médicos nos distritos rurais.

 

Tanto melhor, disse Tolstoi, com um sorriso.

 

- Mas assim, disse eu, todos os camponeses ficarão sem ajuda médica.

 

Melhor ainda, declarou, há quarenta ou cinqüenta anos, quando eu era jovem, não havia médicos entre os camponeses, e eles viviam muito bem sem médicos.  Não, a doença não é um mal.  O único mal é o que o homem faz de errado

 

À noite, depois do jantar, abandonamos o caminho espinhoso da política, e Tolstoi começou a falar sobre as questões que o afetavam mais de perto. Ao falar sobre a escolha de uma profissão, ele disse que o modo de vida de um homem é o resultado da ação de duas forças opostas: seu próprio esforço para alcançar um ideal, e a inércia de seu passado.

 

Existe aquela terrível afirmação de Kant, disse ele, uma afirmação que por muito tempo não ousei aceitar, mas agora eu sei que é verdadeira. Segundo Kant, um homem que só faz o bem por hábito não é um homem bom. Isso é um fato.  Quando alcançamos um estágio de bondade, não devemos nos atrever a ficar por lá, mas devemos lutar para alcançar um outro ainda maior. Você me faz lembrar - acrescentou ele, voltando-se para o médico da família, que estava ao lado - de uma afirmação de Sutaieff.  Não foi Sutaieff, mas um outro camponês que, quando lhe disseram que o divórcio não era um ato cristão, respondeu que continuar vivendo com sua mulher devia ser, afinal, um trabalho que agradava a Deus, porque era tão duro.

 

Eu sou um homem velho agora, continuou ele, devo morrer logo, e, para mim, é mais importante pensar na vida eterna do que nas formas do mundo. E, além disso, como outros homens não sabem quão prematuramente podem morrer, acho que eles também deveriam se preocupar com a vida eterna. Quando me perguntam sobre a vida futura, para onde devo ir depois da morte, novamente só posso me referir ao meu caro Kant, que salientou que a concepção de espaço e tempo é um princípio meramente formativo da inteligência humana.  A questão: onde, envolve a consideração de espaço, devo estar, envolve a consideração de tempo.  E na vida etema não há espaço ou tempo.  Somos todos parte da vida universal que está acima do espaço e do tempo.

 

Tolstoi declarou não possuir um sistema metafísico claro e elaborado, mas expressou uma grande admiração por Kant, e o desejo de que ele (Kant) fosse lido mais freqüentemente. A filosofia atual não vale o próprio nome Pode respeitar homens como Kant e Hegel, mesmo quando não se concorda com eles.  Mas quanto a Nietzsche, ele é um mero feuilletonist.

 

No entanto, ficou muito interessado em saber que um de seus discípulos (doutor Eugen Schmitt) havia descoberto excelentes pontos em Nietzsche. Falou brevemente sobre a filosofia contemporânea russa, e estava ressentido de que membros da nova escola idealista pensassem em encontrar uma justificação filosófica para os dogmas da igreja Ortodoxa. Sobre Vladimir Solovioff, o maior dos filósofos russos, disse que ele havia criado um hábito intelectual fatal de brincar com as grandes idéias.

 

Suas críticas literárias são sempre interessantes. Ele não é muito favorável à literatura russa; como também não é favorável à maioria das outras literaturas do presente.  Antigamente, disse ele, a arte era como a música de câmara, e agradava a poucos; agora ela chega ao gosto das poderosas classes comerciais e industriais.  Mas nunca será ela mesma até que agrade ao povo em geral. Ele fez comentários sobre sua tese a respeito da literatura inglesa contemporânea.

 

Veja Rider Haggard, disse ele, ele escreve as fábulas mais extraordinarias, e prosseguiu com entusiasmo ao se referir a um artista que fazia parte do sumário de She. Suas considerações sobre a senhorita Marie Corelli e sobre o senhor Hall Caine (este em particular) foram extremamente desfavoráveis. Tinhia uma profunda admiração por Dickens e, recentemente, relera com prazer Child's Hístory of England. Ibsen não lhe agrada, ele criticou duramente Quando despertamos entre os mortos, que fora apresentada recentemente em um teatro de Moscou. Dentre os escritores alemães, admira Von Polens, cujo Büttner~bauer foi traduzido para o russo com seu apoio.  Rosegger, cujas descrições sobre a vida dos camponeses poderiam vir a agradá-lo, não o fazem, mas falou com entusiasmo sobre um conto de um outro austríaco, Anzengruber. E Crainquebille, de Anatole France, também parece ter conseguido sua admiração. Expressou sua surpresa com a perfeição alcançada pela técnica de escrever romance. Por isso, hoje em dia, as senhoras russas escrevem maravilhosamente - bem melhor que Turgenieff ou qualquer um de nós; só que elas não têm nada a dizer.

 

O jornalismo, assegurou-me, "era um mau negócio.  Um jornal está sujeito a apoiar um certo partido, quando na verdade devia ser independente. E o jornalismo é mau porque força o homem a trabalhar aceleradamente e o torna ávido por ante­cipar-se aos outros.  O jornalismo possui bons objetivos, é verdade, e um deles é que fornece aos homens um meio de comunicação. O maior conhecimento cristão é o conhecimento das línguas, porque ele une os homens, acrescentou.

 

Ele falou muito mais coisas no decorrer do dia - mais do que sou capaz de recordar aqui.  E no esforço de relatar suas palavras não tenho sido capaz de aludir ao jogo incessante de sua personalidade. Nossa conversa era freqüentemente interrompida; uma parte dela aconteceu durante o almoço, outra parte na biblioteca e outra parte ainda durante o jantar e o chá da noite.  Houve muitos intervalos. Seu humor mudava freqüentemente de sério para brincalhão e, de uma hora para a outra, mudava das questões mais generalizadas para as de interesse puramente pessoal. Ele falou de modo simples e gentil, sem a mínima pretensão de dogmatismo, e estava sempre pronto a ouvir uma opinião contrária a sua. E não se podia deixar de sentir sua calma interior, como a de um homem que encarou os problemas mais profundos e encontrou a paz ao solucioná-los.

 

Eu o deixei à meia-noite, e na manhã seguinte estava em Moscou, ouvindo sobre a agitação na Assembléia dos Nobres, as resoluções radicais de uma reunião de advogados e sobre uma discussão acirrada quanto à probabilidade de um conflito entre o terror vindo de cima e o terror vindo de baixo. Involuntariamente pensei nas palavras  de Tolstoi -"O movimento constitucional é um movimento ruidoso, e esse barulho não é em seu favor.  O trabalho de Deus é modelado em silêncio. Para o profeta Elijah,  Deus falou não como o  terremoto, não como o vento, mas como uma voz pausada e calma."

 

Contudo, é na vida tempestuosa das cidades que a batalha pela liberdade russa está sendo travada, e não, embora gostaria de acreditar que estivesse, no paraíso alegre e pacífico de Yasnaya Polyana.

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                                             Entrevista com Tolstoi em 28/7/1904. Extraida de Letras Libres. em set. 2017         

Palabras inéditas sobre Chéjov

Nota a la entrevista con Tolstói

Conocemos a Lev Tolstói por sus novelas, relatos, obras de teatro, artículos filosóficos y de opinión, sus diarios y correspondencia. Pero existe todavía un género insólito que contiene su palabra viva: la conversación, la entrevista y los reportajes periodísticos que dan cuenta de los encuentros con el genio de Yásnaia Poliana.

El acervo literario tolstoiano ha sido recogido y comentado en Rusia con un esmero especial. Es incomparable por la plenitud y la solidez con que fue reunida su obra completa en noventa tomos en un periodo de treinta años (1928-1958). Después de esa edición y la aparición de tomos especiales con el hallazgo de nuevos materiales, las cartas o manuscritos de borradores del escritor eran cada vez de una rareza mayor. Cada nueva línea del escritor es de gran valor para los especialistas tolstoianos.

Una fuente visible para la comprensión de la obra, la visión del mundo y el destino de Tolstói son los diarios y memorias de personas que lo conocieron y que le eran cercanas, como V. Bulgákov, A. Goldenveizer, N. Gúsev, D. Makovitski y, claro, Sofía Tolstoya, su mujer. Los recuerdos de los encuentros con Tolstói comenzaron a aparecer todavía en vida del escritor, pero fue sobre todo poco tiempo después de su muerte cuando brotó un verdadero flujo de memorias: publicaciones en revistas, libros enteros, colecciones de recuerdos. Ya en nuestros días tres veces se ha publicado en Rusia la colección Tolstói en los recuerdos de los contemporáneos, permanentemente enriquecida y aumentada.

Fuera del alcance de estas colecciones habían quedado, sin embargo, aquellas conversaciones y entrevistas con Tolstói, aquellos reportajes periodísticos que aparecieron en vida del escritor en la prensa rusa y extranjera. Estas entrevistas y conversaciones no fueron recogidas nunca; solo un pequeño número de ellas se reimprimió con motivo de algún aniversario, pero la mayor parte permaneció olvidada y perdida. Enterradas en los archivos de periódicos amarillentos, las entrevistas no fueron advertidas ni siquiera por los bibliógrafos más escrupulosos; permanecieron desconocidas no solo para el lector común, sino también para los especialistas. El investigador Vladímir Lashkin se dedicó a la monumental tarea de compilar este material hasta los años ochenta del siglo pasado, y reunió en un volumen más de 106 entrevistas con Tolstói, publicadas en revistas y periódicos rusos entre 1885 y 1910, año de su muerte.

En Rusia la entrevista periodística con los personajes más significativos de los círculos políticos, literarios o artísticos no empezó a generalizarse hasta la última década del siglo XIX. Los periódicos existían desde los tiempos de Pushkin, Gógol y Lérmontov, pero a nadie se le había ocurrido publicar entrevistas en ellos. No dieron tampoco entrevistas a los periódicos ni Dostoievski, ni Turguéniev, ni Nekrásov. El género en sí todavía no hacía su aparición. Pero a partir de los años noventa del siglo XIX, la conversación viva con el escritor empezaba a abrirse camino en las páginas de los periódicos rusos, y uno de los primeros en ser con frecuencia entrevistado fue, claro está, Lev Tolstói.

En 1891 Nikolái Strájov escribió lo siguiente en el artículo “Murmuraciones sobre Tolstói”: “Las noticias menores sobre qué se escribe y cómo se vive en Yásnaia Poliana, los periódicos las colocan al mismo nivel de las golosinas mejores, con las que agasajan a los lectores, es decir al mismo nivel de las novedades políticas, de los incendios y los terremotos, los escándalos y los suicidios. [...] Tal vez, desde los tiempos de Voltaire no había habido otro escritor que ejerciera una influencia tan fuerte en sus contemporáneos.”

En realidad desde 1885 en Yásnaia Poliana, como alguna vez sucedió en la finca de Voltaire, afluían los peregrinos, que deseaban ver al escritor y hablar con él. Tolstói pasaba los inviernos habitualmente en Moscú, y su casa en el callejón Dolgo-Hamovnichesky se veía asediada por los corresponsales de los periódicos rusos y extranjeros, por los adoradores de muchos años de La guerra y la paz, por los seguidores recién convertidos a su filosofía, y por todos aquellos a los que tentaba la curiosidad. Entre las visitas había estudiantes, investigadores, obreros fabriles, maestros, campesinos de provincias lejanas, seminaristas, reporteros, sacerdotes, actores, científicos, músicos, pintores, médicos, juristas, artesanos... Las puertas de la casa estaban siempre abiertas con hospitalidad, y a nadie le estaba prohibido pisar su umbral; ni siquiera existían recomendaciones preliminares que impidieran el acceso.

Conmovidos por el encuentro con él y sorprendidos por la franqueza de su conversación, muchos de los que visitaban a Tolstói, por no mencionar a los periodistas profesionales, se apresuraban a reproducir sus rápidas observaciones en notas, que se convertían en la comidilla de los periódicos. Tolstói fue tal vez el primer escritor ruso que se convirtió, a gran escala, en estrella mediática de los medios de comunicación de su época.

Por la cantidad de materiales que se publicaban, es posible tener una idea de la fama del escritor, que crecía no solo en Rusia, sino en todo el mundo. Al principio, hacia 1885, fueron una o dos entrevistas con Tolstói al año, después los encuentros con él eran cada mes, y más tarde casi cada semana. Ya para 1908-1909 los reporteros y periodistas espiaban, prácticamente, cada uno de sus pasos. Además de los representantes de periódicos de Moscú, Petersburgo, Odesa y otras ciudades rusas, en diversos momentos lo visitaban corresponsales de Inglaterra, Francia, América y otros países.

Por supuesto, Tolstói no dio entrevistas en el sentido actual de la palabra, según el principio de preguntas y respuestas, sino que con gusto propiciaba la conversación libre, ya fuera en su estudio o en medio de paseos a pie por su hacienda de Yásnaia Poliana, y no se desviaba de la explicación de aquellas preguntas que interesaban al invitado: la conversación habitualmente se daba con gran soltura. Claro, la riqueza de su contenido dependía del nivel y la personalidad  del interlocutor. Sin embargo, casi cada visitante de Tolstói extraía del  encuentro algo muy suyo, notado y anotado solo por él.

En las conversaciones con los invitados de Yásnaia Poliana, Tolstói tocaba un gran número de problemas; en realidad, todo lo que le inquietaba a él mismo en aquel momento o lo que respondía a los intereses de sus interlocutores: las novedades de la literatura, la música, la pintura, todo lo que bullía en los círculos sociales era discutido por Tolstói con el mismo carácter apasionado, como cuando abordaba los asuntos relacionados con la política y la ciencia, o las cuestiones religiosas y filosóficas.

Las entrevistas y las conversaciones con Lev Tolstói son interesantes no solo por lo nuevo que podemos conocer sobre el escritor, por las palabras que le oímos decir, sino también por la forma  en que era percibido por sus contemporáneos, el lugar que ocupaba en  su conciencia. Al comienzo del siglo XX, todavía en vida, Tolstói era verdaderamente legendario. A los ojos de la sociedad rusa y de todo el mundo ilustrado era alguien de un espíritu incomparablemente grande, tal vez el más destacado, mucho más allá de un simple hombre de letras. La vida de las personas a finales del siglo XIX y comienzos del XX estuvo acompañada, en una suerte de emoción constante, por la presencia de Tolstói.

Con el paso de los años, ante los cambios de moda por uno u otro novelista, ante la aparición de profetas de revista y filósofos públicos que opinaban de mil cosas, no se agotó el interés del público hacia Tolstói. Para muchas personas, incluso de las más independientes espiritualmente y de las más fuertes –como, por ejemplo, Chéjov, Blok o Gorki–, la simple perspectiva de la posibilidad de la muerte de Tolstói despertaba una conciencia enorme de orfandad espiritual.

–¡Cuando muera Tolstói todo se irá al carajo! –le dijo una vez Chéjov a Bunin.

–¿Y la literatura? –preguntó Bunin.

–La literatura también –concluyó Chéjov.

Y Gorki exclamaba en una carta no enviada a Korolenko: “¡No estoy huérfano en este mundo, mientras una persona como Tolstói viva!” ~

– Jorge Bustamante García

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No me dirijo a mi casa, no me conduce el viejo Mitréi, sino el cochero del conde Tolstói, Andréi; un cochero acostumbrado a llevar a extranjeros notables y orgullosos, y por eso.

Busco en el monedero –aprovecho que nadie nos ve aquí, en la vía arbolada–, encuentro cincuenta cópecs y los meto en la mano de Andréi. Me mira, mira los cincuenta cópecs, y luego sin decir palabra mete el dinero en el bolsillo y por alguna razón arrea fuerte al caballo... Es una verdadera tontería. Y me apeno por él y por mí mismo.

De pronto divisamos la casa. ¡Sí, sí! Exactamente como la veíamos de niños: limpiecita, blanca, y el balcón achaparrado cubierto de cristales, en donde hay una mesa, en la mesa un samovar, sobre el samovar una cafetera.

Solo que yo aquí soy un forastero, un advenedizo, que irrumpe sigilosamente en el sosiego de una persona mayor. Es embarazoso para mí pasar a ese balcón con alegría y soltura, y mientras permanezco en el zaguán, secando cuidadosamente los pies sobre un pequeño tapiz, inquieto le inquiero al lacayo:

–¿Ya se habrá levantado? ¿Cómo está de salud? ¿No lo molestaré?

–Permítame, iré a informarle –me responde.

–Llévele mi tarjeta...

El lacayo se va; dos minutos después aparece de nuevo:

–Piden aguardar un poco; ahora salen... Pero usted pase, señor, al balconcito.

Por la puerta del balcón se asoma una persona amable, de barba, y dice:

–Pase, por favor.

Entro, un poco cohibido, por supuesto; todo es un tanto extraño: es la primera vez que estoy en esta casa, y de repente, así, casi de inmediato, caigo directamente del camino a la mesa.

–Siéntese, por favor, siéntese... ¿Este es su apellido? El mío es Tolstói (hijo de Lev Nikoláevich). ¿Desea tomar té? ¿Café? Hay de todo... ¿De dónde es usted? ¿De Moscú? ¿Sepultaron a Chéjov?* Mi padre se pondrá contento con su visita... Él quería ver a alguien de la prensa... Quiere hablar sobre Antón Pávlovich y otras cosas... Beba, por favor.

Así, sentados a la mesa, hablamos; a duras penas respondo, porque me distraigo pensando: “Ahora me llamarán a donde está el escritor; pasaré y lo veré en el gabinete medio oscuro lleno de libros, en silencio, sentado en un sillón.”

Y de pronto siento, en absoluto contra mi voluntad, una fuerza que me hace poner de pie. Y, sin comprender todavía, me levanto y miro: la puerta del balcón palmotea bruscamente, y con paso firme y veloz entra un anciano de baja estatura, con el rostro enteramente cubierto por el cabello, y un sombrero flexible blanco sobre la cabeza. Rápidamente se me acerca, y aunque me encuentro intimidado, me extiende su mano y dice:

–¿Cómo está? Mucho gusto... Soy Tolstói.

Los retratistas lo representan de manera incorrecta. Mirándolo, uno no puede notar ni aquella barba, que tan escrupulosamente le adjudican los pintores, ni la frente abultada, especial, ni la expresión severa del rostro.

Lo que uno puede ver es ante todo unos ojos: pequeños, redondos y –como rasgo muy particular– completamente planos que irradian un solo color; es como si uno mirara a una potente fuente de luz: ves un resplandor continuo y no puedes distinguir de dónde viene ni cómo se genera. Todo lo demás, la nariz ancha, la frente despejada, las cejas espesas, la barba, e incluso todo el cuerpo, parece construido para acompañar a esos ojos. Primero los ojos, y después todo lo demás... Así me parece que es Tolstói.

Pasa por un lado de la mesa, sin sentarse; me dice:

–¿No está en contra de ir a caminar?

–No, por favor –por alguna razón quisiera llamarlo “conde”–, Lev Nikoláevich...

Mira cuidadosamente mis pies, calzados con unas botas citadinas de suela.

–¿Usted no lleva zapatos de goma? Bueno, caminaremos por donde pueda andar con esas botas.

Salimos. Bajamos por la escalera. Él camina rápidamente. Me mira de soslayo:

–Me da gusto que alguien de la prensa haya venido a verme... Quiero decir algunas palabras sobre Chéjov; algo que yo mismo no me dispongo a escribir.

En realidad, ahora, como entonces, no puedo captar ni el sonido de su voz, ni sus entonaciones... Percibo directamente lo que él me dice.

–Así que falleció Antón Pávlovich... ¿Usted dice que los funerales estuvieron bien? Excelente... ¿No hubo discursos? ¿Fue su deseo? Perfecto, así debe ser. Los discursos no son necesarios. Precisamente por eso yo no acepté ninguna participación en sus funerales. Soy adversario de toda manifestación... Incluso, por la misma razón, me negué ante Turguéniev cuando vino ex profeso a invitarme a los festejos de Pushkin, esa es la visión que tengo desde hace tiempo: no son necesarias las manifestaciones de ningún tipo, especialmente las póstumas. Pero ya que hemos tocado el tema, puedo expresarle lo que pienso de Chéjov.

Me quedo mirándolo: Tolstói camina con presteza y animosamente, atisba la lejanía con las manos atrás.

–Chéjov... Chéjov fue un artista incomparable... Sí, sí... Incomparable... Un artista de la vida... Y la virtud de su obra estriba en que es clara y afín no solo para cualquier ruso, sino para cada persona en general... Y esto es lo más importante... Hace poco leí un libro de un autor alemán, en el que un joven desea hacerle a su novia un regalo muy especial, y decide regalarle libros. ¿Sabe de quién? De Chéjov. Porque lo consideraba el más grande de los escritores conocidos... Me parece muy justo. Cuando lo leí quedé sorprendido...

–Chéjov tomaba de la vida lo que veía –continúa diciendo Tolstói–, independientemente del contenido de lo que veía. Pero si él tomaba algo, lo transmitía a un mismo tiempo de manera extremadamente simbólica y comprensible, clara hasta la nimiedad... Lo que lo ocupaba en el momento de la escritura, él lo rehacía hasta los últimos detalles. Era sincero, y eso es una gran virtud; escribía sobre lo que veía y cómo lo veía... ¡Y gracias a esa sinceridad, logró crear formas inéditas, en mi opinión, completamente nuevas en  el mundo de la escritura, como no he encontrado igual  en ninguna parte! Su lengua es una lengua insólita. Recuerdo cuando comencé a leerlo por primera vez, me pareció un tanto extraño, “desaliñado”; pero tan pronto como lo leí con atención, su escritura me atrapó... Sí, gracias a ese “desaliño”, o no sé cómo llamarle, es que Chéjov atrapa de un modo excepcional y, con exactitud involuntaria, le implanta a uno en el alma maravillosas imágenes artísticas.

Miro a Lev Nikoláevich y me río sin ganas, ya que sobre su propia escritura podría hablar con la misma convicción, casi con fastidio... Con sorpresa me dirige una mirada.

–Perdone, Lev Nikoláevich –me apresuro a explicarle el motivo de mi risa–. Es que precisamente esta es una de las características suyas: ¡escribir plenamente de una manera nueva, sencilla y, gracias a ello, atrapar por entero al lector!

–¡No, no! –responde Tolstói con enfado y sacude la cabeza–. Le repito que las nuevas formas las creó Chéjov y, alejado de cualquier falsa modestia, afirmo que por la técnica él, Chéjov, es mucho mejor que yo. Es un escritor único en su género.

–¿Y Maupassant? –me atrevo a proponerle.

–¿Maupassant? –repite–. Sí, tal vez... Para mí es complicado dar a alguno de ellos preferencia... ¿Ha escrito lo que digo?

Todo el tiempo me observa con atención para darme la posibilidad de apuntar en mi libreta sus palabras.

–¿Ya anotó? Quiero decirle además que en Chéjov hay todavía una peculiaridad muy especial: es uno de aquellos raros escritores que, como Dickens, Pushkin y algunos otros, se puede releer muchas, muchas veces. Lo sé por experiencia propia...

Temo volverlo a enojar y por eso ya no le digo nada, pero pienso: “Otra vez esa es una de sus propias características... ¿La guerra y la paz, Anna Karenina, quién de nosotros no las ha releído una decena de veces?”

Y Tolstói termina su razonamiento:

–Puedo decirle una cosa: la muerte de Chéjov es una gran pérdida para nosotros, ya que, además de un artista incomparable, hemos perdido a una persona encantadora, sincera y honesta... Fue una persona cautivadora, modesta, amable...

Tolstói pronuncia las últimas palabras pensativa y afectuosamente... Vamos por una alameda angosta, cubierta de zacate. A veces nos detenemos y, mirándome directamente a los ojos, profiere sus pensamientos, luego caminamos de nuevo y él continúa hablando, mirando alrededor...

Nos acercamos por fin a la casa, dando una vuelta grande por la periferia del jardín... Tolstói calla un poco, luego habla de nuevo de Chéjov:

–¿Así que no hubo discursos en los funerales? ¿Sí? Eso está muy bien. Porque los discursos ante la tumba... siempre son engañosos. Vea usted... –y en ese momento sus palabras suenan en cierto modo más lentas, más precisas–. Vea usted, cuando estamos ante una tumba, y si queremos hablar, en absoluto recordamos cómo vivía el difunto y qué hacía... Queremos hablar de la muerte, y no de la vida. ¿Comprende? La muerte es un acontecimiento tan importante que, al contemplarla, pensamos ya no “cómo vivió” la persona, sino “cómo murió”.

Calla de nuevo. Ya estamos ante el balcón.

Tolstói entra rápidamente al balcón, toma de la mesa un paquete de cartas y los periódicos y se va a trabajar. Yo pido permiso para ir al parque, meditar un poco y acabar de anotar nuestra conversación: quiero antes de mi partida leerle todo a Lev Nikoláevich. Y él me concede esa cortesía: está de acuerdo en escucharme.

En un banco, bajo un tilo espigado, escribo, preocupado y azorado para no olvidar nada importante. Todo parece estar bien. Con cuánto gusto y naturalidad fue captado todo lo que se dijo sobre Chéjov.

De nuevo ante Tolstói. Se sienta a la mesa, pero no come nada. La hija le habla de una tal María, que debe ser hospitalizada.

–No, tú mejor llama a fulanito y haz así...

–Hace un rato hablábamos de Gorki, Lev Nikoláevich, de su poema “El hombre”.

De inmediato se anima:

–Es una declinación, una auténtica decadencia. Comenzó a enseñar, y eso es ridículo... En general no comprendo, por qué han hecho de Gorki algo tan “grande”. ¿Qué es lo que él ha dicho: que el vagabundo tiene alma? Por supuesto que es así, pero eso se sabe desde hace tiempo... No hay nada nuevo en ello... ¿Lo ha anotado todo? –se dirige a mí.

–Sí, sí, sin falta. Ha sido usted muy amable al prometer que escucharía lo que he escrito de nuestra conversación.

–Bien, bien... Pasemos a mi estudio.

Vamos. Cerca de la puerta de la entrada principal hay una pequeña recámara, toda blanca y clara; hay una cama cubierta con una colchoneta magra y una manta vieja. Nos sentamos a la mesa. Le leo lo que escribí, él escucha con atención; algo quita, algo agrega...

–Yo –le digo– escribí como entendí; he tratado, en cuanto pude, de transmitir su punto de vista...

–Lea... Lea... Así... Así... Aquí esto no es así, esas no son mis palabras. ¡Así, así! –corrobora Lev Nikoláevich–. ¡Muy bien! Bueno, acabe usted de escribir, después venga al balcón, sin ceremonias. Yo estaré allí.

–Debo irme ahora, Lev Nikoláevich

–¿Ya? ¿Adónde?

–A Tula. Quiero telegrafiar a la mayor brevedad nuestra conversación al periódico.

–¿Telegrafiar? ¿Tantas palabras?

–Sí, por supuesto.

Tolstói se va y me deja solo en este templo, donde se respira con más libertad que en ningún otro lugar. Acabo de escribir y salgo a la calle. En el balcón está Tolstói y una mujer que llora. Vagamente me llegan los ecos de su conversación.

Al notar Tolstói que quiero volver atrás, me dice:

–Venga, venga, por favor. Conózcase con Sofía Andréyevna...

Es la condesa. Dios, aquí todas las personas son famosas. A Sofía Andréyevna es como si la conociera desde hace decenas de años.

La conversación con ella se encamina a nuestros conocidos comunes en Moscú, que resultan ser muchos, mientras Tolstói se sienta a la mesa y desayuna.

La condesa me pregunta amablemente:

–¿Se quedará un buen rato con nosotros? ¿Ya le preguntó todo lo que quería a Lev Nikoláevich?

–No, debo irme ahora a Tula.

–¿Ya? ¿Valió la pena venir desde Petersburgo a Yásnaia Poliana solo por dos horas? Aquí todo es muy agradable. ¡Sí oyes, Lev Nikoláevich, quiere irse ya!

–Sí, sí –muy serio responde Tolstói–, debe telegrafiar al periódico.

–Ya –dice la condesa–, acaban de enterrar a Chéjov, usted logró hablar con Tolstói; es un gran material.

Cuando veo a la cariñosa condesa, y a Lev Nikoláevich, que con semblante serio come sus habas, un sentimiento bueno y alegre llena mi alma: qué sencillos y buenos me parecen.

Al mirar por última vez a Tolstói un pensamiento persistente y absurdo me ronda la cabeza: “Y sin embargo no es él, el que está ante mí, el que escribió La guerra y la paz y Anna Karenina.” ~

– Aleksei Zenger

Conversación con Tolstói aparecida en el periódico Rus de Petersburgo, el 28 de julio de 1904.



*Se refiere a los funerales de Chéjov, fallecido el 15 de julio de 1904 en Badenweiler (Alemania) y cuyo sepelio tuvo lugar en Moscú el 22 de julio de ese año.– N. del T.


 

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