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Lançamento

 

A cozinha do escritor

Cómo escriben los que escriben

Caso a América Latina não fosse habitada por dois povos virados um de costas para o outro, este livro já estaria traduzido no Brasil, tendo em vista o interesse que a escrita criativa vem adquirindo atualmente. Basta ver a proliferação de oficinas e cursos de criação literária em todos os cantos do país.

Trata-se de um lançamento da prestigiosa editora mexicana Fondo de Cultura Económica-FCE, em outubro de 2011. O livro é o resultado de um painel composto por um conjunto de reconhecidos profisisonais em diferentes áreas do panorama intelectual e acadêmico, considerados não escritores no sentido estrito, ou seja, não romancistas ou poetas, mas que têm a escrita como fator primordial em seus afazeres.

Apresentamos abaixo um resumo alargado do prólogo do livro, com a finalidade de oferecer ao leitor uma ideía completa de seu conteúdo. O livro pode ser adquirido (ou encomendado) na filial da FCE em São Paulo, através do blog http://fcebrasil.blogspot.com.br/ ou numa visita a sua elegante Livraria Azteca:
                             Rua Bartira, 351 - Perdizes
                             São Paulo Tel: (11) 3672-3397 ou 3875-3835

                             aztecafondo@gmail.com

ALBARRÁN, Claudia (comp.) Cómo escriben los que escriben: la cocina del escritor. México: FCE / ITAM, 2011.

Relatos de um Painel organizado pelo Departamento de Línguas do Instituto Tecnológico Autónomo de México-ITAM, intitulado “Como escriben los que escriben: la cocina del escritor”. A idéia consistiu em convidar diferentes professores (não escritores) para que falassem sobe as dificuldades, vantagens, manias e experiências que tiveram com a escrita ao longo de suas respectivas trajetórias  em diferentes tribunas e diferentes contextos.  Inicia com um texto de Julián Meza, com seu estilo mordaz, nos convidando a abrir a boca com um breve relato construído a partir de um mono-diálogo aparentemente absurdo, para zombar do ridículo papel que desempenham no México alguns escritores ao criar obras de alta cozinha para um público iletrado, que se conforma em deglutir pequenas obras mal “cozinhadas” de nulo ou escasso valor.  Armando Pereira, por sua parte, elabora um ensaio inteligente, onde reflete sobre as experiências que ele (e muitos dos autores que o formaram como escritor) teve ao criar suas próprias obras literárias , com o fim de desvelar as falsidades e os segredos que se escondem atrás de cinco grandes mitos que a gente costuma atribuir ao ato de escrever. O texto seguinte é um artigo de Carlos Zocaya, um receituário original detalhando os ingredientes e procedimentos que veio acumulando ao longo de sua trajetória como engenheiro, pesquisador, executivo e assessor de importantes empresas. As pessoas costumam pensar que estas áreas não têm nada a ver com a escrita, mas, conforme demonstrado de maneira contundente, na realidade ocorre o contrário: é exigido dos profissionais o domínio de uma série de destrezas linguísticas para a construção eficaz de documentos muito elaborados – como informes de negócios, artigos científicos e livros de pesquisa ou de divulgação – dirigidos a leitores por demais exigentes. Em seguida, Daniel Cassany, pesquisador catalão, aproveita a metáfora da cozinha para explicar-nos o funcionamento de seu “restaurante letrado”, onde se fabricam e exportam diferentes receitas e manuais de escritura para ajudar os acadêmicos, cientistas, profissionais e estudantes na elaboração de seus documentos. O artigo de Carlos Bosch, experiente escritor de artigos científicos, é dirigido aos estudantes de todos os níveis de escolarização para que possam compreender facilmente temas e problemas complexos, relacionados com as matemáticas e as ciências exatas. Maria Lamas recorda o papel que teve a escrita em distintos momentos chaves de sua trajetória como intelectual e militante, até se tornar  uma valiosa ferramenta de luta e de transmissão de idéias, graças a qual pode defender e dar voz a uma das causas que mais lhe apaixona: o feminismo. O texto seguinte é um longo ensaio meu, onde trato de explicar como a leitura e a escrita de gêneros inclusive opostos entre si me permitiram ter diferentes experiências literárias que, ao fim dos anos, terminaram por configurar minha identidade como acadêmica e como profissional.  Alejandro Hernández D. descreve o processo que, como economista, costuma seguir na construção de seus escritos. Sublinha o cuidado que os especialistas de uma disciplina tão complexa como a sua devem ter para fazer que seus textos cumpram as expectativas e com as necessidades dos públicos a que são dirigidos. Isaac Katz, para quem as limitações de tempo e espaço que os jornais e revistas impõem a seus colaboradores lhes permitiram desenvolver interessantes estratégias de planejamento, redação e revisão de documentos teóricos, e projeto de uma estrutura adequada para sustentar as idéias e o esboço do primeiro parágrafo, entre outros aspectos que considera essenciais para escrever corretamente. Por sua parte, Nora Pasternac realiza uma viagem através do livro – como objeto material e como objeto de desejo – porque acha que a leitura é a semente que desperta e alimenta o interesse das pessoas para escrever. Descreve a rota que ela segue através dos livros e dicionários para consolidar suas opiniões e sustentar os ensaios que elabora como crítica literária. Jorge Cerdio explica - como estudioso de temas jurídicos e como escritor de artigos referentes a filosofia do direito – que sua tarefa consiste em tecer argumentos e discutir aquelas idéias e conceitos que realmente sejam úteis para a prática da jurisprudência, procurando evitar uma retórica  chata que predomina nos documentos da área. Olga Pellier, com sua experiência como ex-embaixadora, funcionária pública, coordenadora de tarefas editoriais, discorre sobre a redação de textos dirigidos a diferentes públicos, em situações e contextos diferenciados. Seu testemunho sobre a importância que tem  a escrita em sua carreira como internacionalista se vê enriquecido pelo lugar privilegiado ocupado por ela ao testemunhar grandes acontecimentos históricos, como a Guerra Fria, a queda do Muro de Berlim, o desmoronamento da URSS e a Guerra do Iraque, entre outros. Denise Dresser nos brinda com um excepcional texto, onde reflete sobre as leituras e os personagens  que lhe marcaram os desafios que enfrentou ao escrever temas políticos e sobre as fortalezas que todo critico comprometido deve encarar se verdadeiramente deseja compor uma equipe de resgate para liberar um país sequestrado como o nosso. 

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