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                          Ascensão e Queda do                                              IMPÉRIO DA CARNE

                           

                                 Ensaio de Novela da 

                                                                 

                         FRIBOI

 

J.D. Brito

Esclarecimento:

 

Esta “novela” iniciou como uma fábula, publicada em 23/7/2017 no Jornal daa Besta Fubana (Fábula do Friboi –1ª Parte), para contar uma prodigiosa história empresarial. Como foi possível um pequeno açougue tornar-se líder mundial no mercado da carne, em negócios com um Governo e desmoronar devido ao conluio com outro, 60 anos após. O “impeachment” da Dilma e as operações “Carne fraca” e “Lava-jato” não estavam nos planos do Grupo JBF, nem de ninguém.

A “novela” veio junto com o conselho de uma amiga noveleira, que depois se fez “consultora editorial” e demos continuidade na semana seguinte (Fábula do Friboi – 2ª Parte) meio sem querer, pois os fatos ainda estavam acontecendo e não sabíamos, como não sabemos até agora, qual o final da história. Mesmo assim, partimos para o 3º capítulo (Fábula do Friboi – 3ª Parte), concluindo com um aviso aos leitores para acompanhar a “novela” através da imprensa escrita, falada e televisada diariamente.

Porém, o quadro mudou bastante. A “casa caiu”; Zé Mineiro teve que retomar o controle da empresa e vejamos no que vai dar neste

4º Capítulo

Com base na delação premiada, Rodrigo Janot, da Procuradoria Geral da República-PGR, envia ao STF denúncia contra Aécio Neves, em 2 de junho, e contra o presidente Temer em 27 de junho. Com isso Temer torna-se o primeiro presidente da história a ser acusado criminalmente no exercício do mandato. Assim, o mundo político e jurídico entram em convulsão na tentativa de blindar o presidente da República. A denúncia tramita por uma comissão especial e chega ao plenário da Câmara dos Deputados em 2 de agosto. Os parlamentares, devidamente instruídos e cooptados pelo Palácio do Planalto, não autorizam o encaminhamento da denúncia ao STF, pois como se trata do presidente, a tramitação é essa. Temer está salvo por enquanto.

Enquanto isso, a PGR recebe de Joesley outro lote de fitas gravadas, enviadas por engano. As fitas traziam diálogos comprometendo o próprio delator. A gravação apresenta diálogos entre Joesley e seu assistente onde se afirma que ele foi auxiliado em sua delação por um ex-procurador da PGR. Até agora não se sabe como nem porque Joesley deu esse “tiro no pé”. Ele tentou explicar que aquilo foi uma “conversa de bêbado”, que não fazia sentido etc. Mas para a PGR fez muito sentido e um estrago e tanto no decurso do processo. No dia 4 de setembro, o procurador Rodrigo Janot deu uma entrevista coletiva para denunciar o conteúdo das fitas e colocar em xeque a concessão da delação premiada, sem contudo prejudicar as denúncias contra o presidente.

A notícia foi um prato cheio oferecido aos defensores do presidente, agora munidos de argumentos desautorizando a delação premiada. O que se deu em seguida foi uma intensa discussão sobre a validade da delação e a possibilidade do delator ser preso, o que veio ocorrer em 10 de setembro. A situação é revertida contra o Grupo JBF, agravada com os milhões que o Grupo faturou com a delação, além dos benefícios já obtidos. Três dias após, (13/9) o então presidente do Grupo, Wesley Batista, irmão gêmeo de Joesley, é preso por suspeita de lucro ilegal no mercado financeiro.

A situação do conglomerado de empresas JB&S vai se complicando a passos largos. Conseguiram se incompatibilizar com o poder legislativo, judiciário e executivo ao mesmo tempo. Ninguém do poder político e empresarial quer ver um Batista no comando da empresa. Mas, o mercado exige alguém no comando, até mesmo para resolver estas questões. Neste instante, com os filhos presos, o velho “Zé Mineiro” entra em ação. Numa reunião do Conselho Administrativo do Grupo, em 16 de setembro, ele consegue voltar à presidência da empresa. Não é isso que o mercado, o BNDES (maior acionista) nem Brasília queriam, mas é o que sucedeu. O patriarca, cujo nome é a sigla da empresa, jamais poderia imaginar que isso pudesse acontecer mais de 30 anos após deixar o comando da empresa para seus filhos.

Quanto ao Joesley – o protagonista maior dessa novela – a derrocada caminha a passos largos em todos os sentidos. No ambiente familiar, antes mesmo de ser preso, sua linda e jovem esposa pediu para que saísse de casa; seu irmão gêmeo também foi preso em seguida; o pai, aos 84 anos, teve que assumir o comando do Grupo. Uma tragédia para novela nenhuma botar defeito. Na ocasião em que Joesley se encaminhava para a prisão, um jornalista perguntou: “Qual foi sua maior perda nesse processo de delação?”. A resposta foi clara e demonstrou uma ponta de esperança: “A maior perda foi me transformar, do dia para a noite, de um empresário respeitado, admirado e querido num sujeito que fica sendo esculhambado e chamado de bandido pelo presidente da República. Esse é um duro custo reputacional. Mas eu vou me recuperar, acho que sociedade mais para a frente vai entender o que eu fiz”.

O tempo dirá qual vai ser o entendimento possível. Enquanto isso, “Zé Mineiro” volta a colocar seu talento empresarial no serviço de salvação do “império”, que agora não é só da carne. Ele conseguirá recuperar alguma coisa, mesmo que seja na área da carne, onde reinou tanto tempo? Não sabemos agora; talvez nos próximos capítulos. Nem sabemos ao certo quando se darão tais capítulos, pois como os leitores podem perceber, esta novela segue o ritmo da Justiça. Sabemos todos que a Justiça entre nós é imprevisível e muito lenta.

Por exemplo, somente agora o MPF-Ministério Público Federal se pronunciou sobre os crimes cometidos pelos irmãos Batista no momento da delação premiada, em março. Desde aquela época sabia-se que eles faturaram mais de R$200 milhões com a venda de ações da empresa em alta antes da gravação da conversa com o presidente nos porões do Palácio do Jaburu e em baixa logo após sua divulgação pela imprensa. Nesse interim, o irmão Wesley sabia que tal divulgação causaria uma expressiva queda do Dólar. Assim, compraram muitos dólares em baixa para vender no outro dia em alta. Isto se chama manipulação do mercado financeiro com base em informação privilegiada. Um crime, que só agora, em 10 de outubro, foi denunciado pelo MPF. Esta denúncia se deu há 5 dias, agravando ainda mais a situação do Grupo JB&S e da família Batista. Assim, sou obrigado a repetir, como no capítulo anterior, que os leitores podem acompanhar os próximos capítulos diariamente pela imprensa escrita, falada e televisada incessantemente.

 

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José Domingos de Brito é editor do site wwww.tirodeletra.com.br e

Diretor de Documentação da UBE-União Brasileira de Escritores

 

   

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