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O que é leitura?

           

            Parte B:Bibliografia            

MARTINS, Maria Helena. Enigmas da leitura: lendo com analfabetos e iletrados. Porto Alegre: Território das Artes, 2010.

Apologia da não-leitura? Dos não-leitores? Ao contrário, o que se quer é dar um alce a quem lê e nem sabe disso e dar um toque em quem tem tudo para ler e mediar leituras, mas não está nem aí... Também faço perguntas para as quais não tenho respostas: por que sistemas e métodos de ensino-aprendizagem deixam tanto a desejar mesmo com ciranças e jovens sem carência maiores? Por que a importância de ler é tão alardeada, antes mesmo de ser a leitura melhor compreendida? (contra-capa).

MARTINS, Maria Helena. Ler pelo não. In: Arca de impurezas. Porto Alegre: Teritório das Artes, 2008.

Problematiza o ato de ler, mostrando-nos que a tarefa do leitor é de atravessar as evidências e mergulhar em busca dos avessos do texto, operando a partir daí uma leitura que se dá pelo estranhamento, pela afirmação da negação, enfim, pela desleitura.

SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do aprender a ler. Porto Alegre: Artmed, 2003.

Esperar que a criança aprenda a ler através de materiais sem sentido é o método mais fácil de tornar o aprendizado da leitura impossível". Compreendendo a leitura não se trata de um manual que apresenta aos educadores o que devem fazer para ensinar a leitura, mas uma obra onde o autor apresenta o que os educadores devem saber sobre o processo de aprendizado da leitura, através de um sério embasamento científico que aborda todos os aspectos necessários para a compreensão global deste tema. Smith afirma que as crianças tornam-se leitores quando estão engajadas em situações onde a linguagem escrita a elas apresentada é utilizada de forma significativa, ou seja, através de materiais de leitura que elas possam relacionar com sua experiência e conhecimento prévio, da mesma forma que aprendem a falar convivendo com pessoas que utilizem a linguagem significativa. Frank Smith foi repórter, editor de revista e novelista antes de iniciar sua pesquisa sobre a linguagem e a psicologia do aprendizado. Recebeu seu Ph.D. do Centro de Estudos Cognitivos da Universidade de Harvard. Foi professor no Instituto Ontário para Estudo em Educação e na Universidade de Victoria. Atualmente, dedica-se a escrever e pesquisar sobre alfabetização, computadores e educação.

 

SILVA, E.T. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. São Paulo: Cortez, 1981.

LIMA, R.C.P. (org.). Leituras: múltiplos olhares. Campinas, SP: das Letras, 2005.


ALLIENDE, Felipe. A leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Porto Alegra: Artmed, 2005


SOLÉ, Isabel. Estratéias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.


KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2009

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. A Formação da Leitura no Brasil. São Paulo: Ática,1996.


LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. A Leitura rarefeita: livro e leitura no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1991.

ABREU, Marcia; SCHAPOCHNIK, Nelson. Cultura Letrada no Brasil objetos e práticas. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2009

O surgimento de novas tecnologias chamou a atenção para os modos de produção e circulação da cultura letrada, fazendo com que a história da leitura e do livro avançasse de forma significativa. Ainda que se concentrasse no mais difundido de todos esses objetos – o livro impresso – o interesse dos pesquisadores não se restringiu ao livro, considerando também outras formas assumidas pelos impressos e outros suportes de textos. A atenção a essas formas e suportes é particularmente relevante no Brasil, onde a imprensa aportou tardiamente e o letramento custou a se espalhar pela sociedade. Esse livro toma parte na construção de uma história da leitura e do livro, examinando diferentes modalidades de comunicação (oral, manuscrito, impresso, hipertexto) e diversas formas e gêneros dos artefatos da cultura letrada (correspondência, cordel, folheto, brochura, almanaque, revista, jornal). Observa, ainda, as possíveis interações entre autor, texto, leitor e livro, assim como os modos de fazer e usar os artefatos da cultura letrada em diferentes contextos da recepção (escola, gabinetes de leitura, bibliotecas, teatro). Cultura letrada no Brasil: objetos e práticas reúne especialistas que estudam as formas materiais, a produção, a circulação e a recepção de textos no Brasil desde o período colonial até a contemporaneidade. Ao lado das pesquisas nacionais, os trabalhos dos pesquisadores estrangeiros sobre temas afins propiciam novas visadas e abrem perspectivas de interpretação. (Márcia Abreu)

 

SANTOS, COSTA, Ana Maria M. Costa; SOUZA, Renata Junqueira. Andersen e as estratégias de leitura: atividades práticas no cotidiano escolar. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2011.

“... a riqueza dos textos de Andersen “permite explorá-los em diferentes níveis e para distintos públicos”. E, por isso mesmo, textos como O Patinho Feio são protótipos de experiências de leitura de grande importância para a educação, a cultura ou a própria construção da cidadania, ao mesmo tempo em que são frutos também da criação de espaços de alfabetização. Certamente, a pluralidade de paradigmas científicos relativos à leitura e à literatura faz com que seja difícil responder à pergunta de Barthes – “por onde começar” –, quando o educador, além de tomar decisões, deve ser o protagonista de projetos de intervenção em seu meio. O ensino da leitura se enriqueceu de todas as perspectivas clássicas e também das mais modernas, e, nele, o cognitivismo ou o enfoque social e etnográfico (os New Studies of Literacy) ou o desenvolvimento das neurociências estão contribuindo com elementos muito interessantes. ...”

 

BOLOGNINI, Carmen Zink (org.), A leitura no cinema. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2011.

Voltados para professores e alunos de Ensino Médio, os livros da Série Discurso e Ensino trabalham com a análise de diversas materialidades da linguagem, demonstrando como os sentidos são produzidos.  Neste quarto livro da série, os autores se propõem a analisar a representação da leitura e do leitor em filmes. Além de apresentarem a relação entre a literatura e a produção cinematográfica, eles também investigam, em filmes que alcançaram audiência considerável, a maneira pela qual muitos personagens têm seu processo identitário marcado pelo seu investimento em leitura, ou seu deslocamento nas relações de poder da sociedade determinado pela leitura. As análises apresentadas das diversas formas de linguagem têm caráter interdisciplinar, pois promovem o diálogo entre história, filosofia, ética e língua portuguesa.


DAUSTER, Tania; FERRERA, Lucelena (orgs.) Por que ler? Rio de Janeiro: Lamparina, 2010;

Neste livro, pesquisadores abordam questões que são objeto de discussão no campo educacional - a formação de leitores e de mediadores de leitura; a importância da leitura literária na construção da subjetividade; a relação entre literatura e oralidade; os desafos à formação de professores, tendo em vista diferentes concepções sobre o ensino da língua; as novas relações de crianças e jovens com os produtos da indústria cultural; o ensino da leitura na perspectiva histórica e suas controvérsias; a leitura sob o ponto de vista filosófico.

 

A leitura

Delmino Gritti

A escola

A escola não ensina a perguntar. Aprender significa perguntar, não ao outro, mas a si mesmo. É poder mudar as perguntas. Se você só muda as respostas e mantiver as perguntas, o conhecimento não avança.

Perguntar ao filho o que ele fez na escola, mas não perguntar como ele se sentiu lá, é uma pergunta incompleta.

O saber morre se matarmos as perguntas.

A criança até cinco anos acredita que tudo é ser vivo, tem sentimento, mas quando vai para a escola, aí então começa a desagregação.  Deveria haver uma forma de reconciliar a educação formal com o conhecimento natural.

Quando crescemos, deixamos de sentir as coisas de forma natural. Não percebemos a textura do som ou a imagem de um sabor. Não captamos o perfume do pôr do Sol ou a cor de um canto de uma ave. Colocamos de lado as misturas sensoriais. É uma pena!

Às crianças é de boa norma estimular a sua curiosidade, pô-las a fazer perguntas por que a metade do conhecimento reside nas perguntas e a outra metade, nas respostas”.

A escola deveria ter a missão de criar sujeitos capazes de imaginar, de desfrutar, de inventar e de encontrar, não somente capazes de fazer coisas. E como diz Einstein: “Ai maginação é mais importante que o conhecimento”.

A maioria dos professores perde tempo fazendo perguntas que visam descobrir o que o aluno não sabe, quando a verdadeira arte consiste em descobrir o que o aluno sabe ou é capaz de saber. A maioria das perguntas sobre o que o aluno não sabe não tem significado para sua vida. Não são perguntas inquietantes e perturbadoras.

O leitor, ao introduzir-se num texto, vê-se obrigado a processar a informação que ele recebe, interpretando e refletindo, associando o que lê com o marco de referência da realidade, subjetiva e objetiva, do mundo e as convenções sociais do grupo a que pertence.

O leitor constrói um sentido coerente para a ficção lida, e o faz, logicamente, em função de seus próprios pressupostos ideológicos, pensamentos, conhecimentos e afetos.

O leitor para identificar as referências no mundo real e fazê-las coerentes com o mundo da ficção, deve refletir e reconhecer os termos de ambos os mundos. Para tal fim, é indispensável converter a literatura em motivo ou trampolim desse conhecimento ou reconhecimento.

A leitura para mim salvou-me e me salva de muitos infortúnios, do vazio existencial, principalmente. Se não lesse ou escrevesse, não saberia dizer o que seria de mim hoje. Talvez um desastre. Por isso leio para poder viver, para poder fazer perguntas e estar em permanente assombro e descobertas e novas perguntas. Para mim, a leitura sempre foi uma forma de felicidade, principalmente de Poesia.

Existe um pequeno poema de Emily Dickinson que diz:

 

Com a poesia eu habito a casa da possibilidade.

A poesia tem mais portas e

Janelas que a casa da razão.

Com a leitura

Sou de poucas palavras e

Muitos olhares.

Apaziguei as amarguras,

Apaziguei os júbilos,

Ficou a serenidade.

Na leitura desenvolvem-se múltiplas capacidades:

- A reflexão

- A imaginação

- A síntese e a abstração

- Colaboração com o grupo

- O sentido crítico

- A expressão dos próprios sentimentos, etc.

 

As escolas que se propõem trabalhar a questão da Leitura devem ter sempre presente os seguintes objetivos específicos e conteúdos:

- Entender a leitura como uma experiência vital.

- Evoluir de uma leitura passiva e puramente narrativa para uma leitura projetiva, relacionando o lido com o entorno social e as próprias inquietudes.

- Estimar as produções literárias como bem culturais e como ato de comunicação no qual facilmente se pode passar de representar o papel de leitor-destinatário a de autor-emissor de nossos próprios juízos e textos de recriação.

- Adquirir outras formas de comunicação não estereotipada a partir de técnicas criativas no campo da leitura e da escritura.

- Desenvolver uma consciência crítica e seletiva em relação com as leituras.

- Refletir sobre os valores, conteúdos e atitudes que encerram os livros.

 - Adquirir uma sensibilidade estética, tanto no plano literário como no plano artístico.

“Para desenvolver a memória, não existe nada melhor do que a leitura. Nenhuma atividade mobiliza tantas variedades de memória como a simples leitura. Ela põe em prática, a memória das letras, a memória verbal e a memória da imaginação”, diz Ivan Izquierdo. Diz mais: “A memória é treinada cada uma com seus elementos próprios. A visual se treina vendo objetos. A auditiva ouvindo coisas. Agora, a melhor forma é ler. No ato de ler, temos diversas memórias em atividade como a visual, linguística, significado das palavras, sentido das letras e outras”.

Jostein Gaarder, autor de Mundo de Sofia nos diz: “Atualmente fala-se muito de coisas interativas, porém ler um livro é um processo interativo, e utilizamos mais “megabytes” cerebrais para ler um livro que entreter-nos com um vídeo game. E os livros nos levam a perguntar, a fazer perguntas que são mais importantes que as respostas. Quando eu estudava, éramos ricos em respostas e pobres em perguntas. Hoje, somos pobres em respostas e fazemos cada vez mais perguntas”.

 

Por que os livros são admiráveis presentes

  • Não murcham...
  • Encerram mais sentimentos que um perfume...
  • Com os livros não corremos o perigo de engordar...
  • São de molde único...
  • Possuem mais mensagens que umas meias...
  • E são mais divertidos que uma gravata...

 

Dez razões para comprar um livro

  • Transporta-se facilmente...
  • É unissex...
  • Não produz alergia...
  • É pessoal, mas também transferível...
  • Pode estar num palácio ou numa favela...
  • Não produz hábito (lamentavelmente)...
  • Combate os estados de solidão...
  • Como amigo do homem é melhor que o cão: não ladra, não come e
  • não há necessidade de levá-lo a urinar...
  • É mais barato que um iate...
  • Também se pode ler... (Eduardo Mazo)

             

 

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