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Poesia

 

A noite

A noite, sem atraso,

se tem luar ou não, não vem ao caso,

embarco numa nave conhecida

que surpreende se não causa estragos,

que já lotada tem lugares vagos,

que leva a morte por chamar-se vida.

A noite tem mistérios e aparatos,

em formas de suaves silhuetas,

de olhares felinos como setas,

e gestos imprevistos como os gatos.

Formas em meios tons, indefinidas,

se misturam num misto de surpresa.

Se remédio pra mágoa não se acha,

um copo se transforma na borracha

que apaga tudo em volta de uma mesa.

À noite muita coisa é perdoada.

A dor é dúvida, talvez cesse ou cresça.

Crescerá, se a memória for alada.

Cessará, caso o dia não amanheça.

Franpes

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