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Soneto

 

Matéria-prima do mundo

 

O mundo é feito de furtivos gestos

Como o silêncio da palavra escrita.

Como angústia de quem em grande festa

Não consegue sentir-se um dos convivas

 

De malmequeres e de sensitivas

do perfume que o vento trás das frestas

de antanho, de flores sempre-vivas

que feneceram com meu toque agreste.

 

Do esperar, quando se desfalece.

Do exigir quando já pousa exangue

A descrença no credo e na promessa...

 

E finalmente, no altar que ardo

Sinto chegar num patamar do tempo

de silêncio somente povoado.

 

Franpes