SAUDADE
José Julio de Azevedo
Saudade,
vocábulo que socorre o lusitano
e seus irmãos, para lá do oceano.
Palavra que só o coração traduz.
Luz da alma que ilumina o passado,
suga seu sabor, que alimenta,
ameniza a dor.
Saudade,
Lembrança do que ficou ausente,
e se faz presente, tangendo
cordas que a ligam ao cardíaco,
ao que nunca morre e que
seguirá a Luz ou vagará
para sempre o desconhecido.
Saudade,
Memória revivida dos dias
intensos de claridão, chuva, vento, névoa
sob as cálidas sombras do afeto.
Canção da alma em sua solidão profunda.
Solitário vagar entre inscrições rupestres.
Presença virtual dos que já partiram,
cuja lembrança alegra, como
ponte entre presente e passado.
Saudade,
banzo, nostalgia
dos que partiram, deixando
cifras de uma canção interrompida
no tambor do coração, silencioso.
Saudade,
a que mais dói é a que brota
do que não foi vivido,
espelho que nada reflete
senão a solidão de não ter sido.
José Julio de Azevedo / SMS
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