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Política
Rubens Figueiredo

"A questão não se esgota na possibilidade ou não de interferir na sociedade. Trata-se de não abdicar da nossa faculdade de questionar e de tentar conhecer o processo da construção das relações sociais. Um romance tem grande chance de se tornar irrelevante se não fizer valer seu poder de conhecer e de investigar o mundo histórico. Nas últimas décadas, boa parte da literatura mundial apostou na idéia de que só é possível ser crítico a sério concentrando-se na exploração da linguagem mesma, da construção em si. O legado de todo esse esforço me parece hoje decepcionante. Em vez de radicalidade, o que me parece prevalecer é uma falta de vitalidade, um acanhamento. Talvez seja exagero, mas hoje às vezes até pressinto nessa opção uma forma insidiosa de autocensura, ou no mínimo de conformismo. Não necessariamente por uma opção consciente do escritor. A rigor, formou-se em nosso tempo um ambiente em que nem precisamos de fato optar: a escolha principal já está dada de antemão, não pode ser de outro modo, já faz parte da própria natureza (voltamos aqui a Darwin). É o que ocorre com alguns personagens de meu livro, em certos momentos".

Fonte: Jornal Rascnho (Curitiba) de fevereiro, 2011

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