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Por que escrevo?
Eugenio de Andrade

"Sei lá... Eu nem gosto de escrever. Acontece-me às vezes estar tão desesperado que me refugio no papel como quem se esconde para chorar. E o mais estranho é arrancar de minha angústia palavras de profunda reconciliação com a vida... Escrever foi para mim uma forma encontro com o próprio rosto, rosto precário, é certo, mas erguido contra todas as formas de repressão. E a poesia, se não for o lugar onde o desejo ousa fitar a morte nos olhos, é a mais fútil das ocupações ".

Fonte: GRITTI, Delmino. Dos tijolos da Suméria aos megabytes pós-humanos do terceiro milênio. Caxias do Sul (RS): Editora Liddo, 2007.

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