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ENTREVISTA SIMULTÂNEA

Jack Kerouac

Nasceu em 12/03/1922 em Massachusetts, EUA. Escritor e poeta. Ainda jovem alistou-se na marinha de guerra, mas não se ajustando a disciplina, acabou na marinha mercante, onde ficou algum tempo. Quando não estava viajando, perambulava por Nova Iorque acompanhado de seus amigos "delinqüentes" da Universidade de Columbia, entre eles Allen Ginsberg e William Burroughs, além de seu maior companheiro de viagens, Neal Cassady, o “Cowboy”. Foi a época em que conheceu os grandes amigos que formariam, alguns anos mais tarde, o pelotão de frente da geração beat, para desgosto da mãe. A relação do escritor com Neal foi determinante para despertar em Jack sua vontade reprimida de botar o pé na estrada e desfrutar de uma liberdade ainda não experimentada. Os dois viajaram por sete anos percorrendo a rota 66, que cruza os EUA na direção leste-oeste, com descidas freqüentes ao México. Saíram de Nova York e cruzaram o país em direção a São Francisco. Dessa jornada saiu o livro On the Road, cujo protagonista é Dean Moriarty, o nome criado por Jack para representar o amigo Neal. Na tentativa de escrever sobre as surpreendentes viagens que vinha fazendo com o amigo, experimentou formas mais livres e espontâneas de escrever, contando as suas viagens exatamente como elas tinham acontecido, sem parar para pensar ou formular frases. O manuscrito resultante sofreria 7 anos de rejeição até ser publicado. Escrevia vários romances, que ia guardando em sua mochila, enquanto vagava de um lado a outro do país. Em 1953 envolveu-se com uma moça negra, experiência que usou para publicar em 1958 Os subterrâneos, em três dias e três noites. Um livro gerado a partir do mesmo tipo de rompante que produziu o grande clássico de Kerouac, On the road (1957). 0 livro  foi traduzido no Brasil em 2004 e publicado pela LP&M com o título Pé na estrada, consagrado mais tarde como a “bíblia hippie” foi escrito em apenas três semanas. O fôlego narrativo alucinante do escritor impressionou bastante seus editores. Usava uma máquina de escrever e uma série de grandes folhas de papel manteiga, que cortou para servirem na máquina e juntou com fita para não ter de trocar de folha a todo momento. Redigia de forma ininterrupta, invariavelmente sem a preocupação de cadenciar o fluxo de palavras com parágrafos. O material bruto que chegou às mãos de Malcom Cowley, da editora Viking Press, em 1957, deu trabalho. Os rolos quilométricos de texto tiveram de ser revisados, foram inseridos pontos e vírgulas e praticamente 120 páginas do original foram eliminadas. O estilo-avalanche de Jack tinha ainda um elemento intensificador. Ao contrário às idéias correntes, que trabalhou em cima do livro sob o efeito de benzedrina, uma droga estimulante. O uso de drogas era comum entre Jack Kerouac e seus amigos. O sucesso e o prestígio conquistados após a publicação de On the Road, em 1957, deixou-o atormentado. Apesar de eventuais críticas positivas que realçavam o caráter inovador da obra, muitos o tacharam de subliterato e imoral. A primeira resenha escrita por Gilbert Millstein no jornal The New York Times foi satisfatória. Ele recorda no documentário “O Rei dos Beats” qual foi sua sensação ao ler o livro: “Eu li o livro e fiquei simplesmente estupefato. Eu disse ali que acreditava naquilo como a expressão perfeita de uma geração, assim como Hemingway em The Sun Also Rises também foi uma expressão da sua geração naquela época”. Logo após a publicação, trabalhou intensamente em outros projetos: The Dharma Bums, lançado em 1958, foi a tentativa do escritor de estabelecer afinidades com o budismo. É o relato de uma escalada com o amigo poeta Gary Snyder em busca de realizações espirituais. Nesta mesma época, resolveu se isolar do convívio humano. Subiu até o alto de uma colina e passou longos dias sozinho confinado em uma cabana sem eletricidade e sem vidros nas janelas. Tomava quase uma garrafa de bebida por dia e sofreu com alucinações e paranóias. A experiência foi registrada no livro Big Sur, de 1962. O problema do alcoolismo piorou com o tempo. Quase todos seus livros foram publicados no Brasil pela LP&M: Geracão beat (2007), O viajante solitário (2005), O livro dos sonhos (2002), Os vagabundos iluminados (2004) e Tristessa (2006). Seus últimos trabalhos exibiam uma alma desconectada de um ser humano perdido em ilusões. Apesar do estereótipo de beatnik, era um conservador, especialmente sob a influência de sua mãe católica. O vigor deu lugar ao cansaço, e o escritor resignou-se a uma vida ordinária. Frequentemente apaixonado, chegou a casar duas vezes ao longo da vida, mas ambos os matrimônios acabaram em poucos meses. Na metade dos anos 60, casa novamente, agora com uma velha conhecida de infância. Ele, a esposa e a mãe mudam para St. Petersburg, na Flórida,  onde veio a falecer em 21/10/1969.

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