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Como escreve?

Adolfo Bioy Casares

“Segundo o escritor, seu processo criativo começa com uma idéia geral, seguido por um convite a um almoço: “Chamo alguma amiga para ouvir minha história, enquanto comemos e, dependendo da reação, me sinto estimulado a continuar ou a abandonar o projeto.  Nesse caso, ele começa outro em seguida. Se a reação é positiva, porém, ele analisa que pontos dessa idéia geral podem causar-lhe dificuldades e tenta resolvê-los.  Quando acho que consegui isso, começo a escrever, e geralmente, quando chego a esses pontos, percebo que tenho de resolvê-los outra vêz.... , conta rindo. Bioy Casares confessa que o primeiro parágrafo é o mais difícil. “Tenho a impressão de que cada vez que tenho de começar a escrever, começo a aprender a escrever com aquele livro... Conseguir que o primeiro parágrafo seja bem seguido por outro...são dificuldades enormes.  Depois, o ritmo fica mais regular”. Sua vida é rotineira: “Acordo, tomo banho, faço a barba e começo a escrever”.  Ele revela que escreve muito, porque quase não sai, a não ser na hora do almoço.  “Minha  máquina de escrever  são três Pelikans e geralmente busco a que tem tinha”, brinca  ao falar sobre seu instrumento de trabalho, a caneta.      

Fonte: O Estado de São Paulo, 15/8/98 - Ariel Palacios

“Em geral componho mentalmente a história antes de começar a escrever, por gosto de inventar e também por prudência, para livrar-me da ansiedadede saber se poderei ou não resolvê-la de modo aceitável. O outra parte do meu modestíssimo método consiste em escrever diariamente. Italo Svevo tinha razão:  Não há melhor maneira de escrever com seriedade do que rabiscar um pouco todos os dias”.

Fonte: Escrita.  vol.1,  nº3, 1975

“Penso no que vou escrever como uma história que se pode contar para alguém e durante um almoço, por exemplo, conto a uma amiga ou amigo. Ao contá-la percebo as deficiências que tem a história e, no caminho, para não frustrar a amiga, ou para não lhe dar uma má impressão, corrijo os erros à medida que vou contando. Feito isso começo a escrever. Apesar de escrever há quase 70 anos, começar sempre me dá trabalho. Não é o terror da página em branco, que só existe para quem não sabe o que vai escrever. Eu sei. Não sei é como! As primeiras frases são mais rudes. Cometo erros, rejeito o que escrevi, volto ao ponto de partida. Tenho alguns cadernos de 40 páginas que contêm os primeiros parágrafos de um conto. Escrevo e volto a escrever, e volto a escrever, e volto a escrever e quando chego ao final do caderno ainda não está bem. A primeira página é sempre a melhor de todas, porque foi corrigida muitas vezes”.

Fonte: O Globo, 25/10/91 - José Negreiros

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