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Como escrevo?
Marcelo Benvenutti

“Quando vou escrever sempre sai tudo de uma vez só. Quase sempre rola de dar um tempo e se possível, e for dia, caminhar sem nenhum destino por uma meia hora. Escrevo em silêncio no escritório onde trabalho antes do meio-dia, pois a fome acelera o pensamento, mas também não é o padrão. Outras vezes tampo o cérebro nos fones de ouvido e deixo rolar algo que funcione como um paredão. Já foi Sabbath, Beethoven, Supergrass, tem sido Oasis, mas pode rolar Neil Young, então me alieno de vez do que rola à volta e escrevo. Café ajuda, mas vinho, na dose certa, é bem melhor. Não chapa a ponto de escrever muita bobagem, poesia quase sempre, e deixa a cabeça se libertar de certas amarras. Já escrevi tomando cerveja, mas, admito, tenho que limpar quase tudo depois. Vira igual festa de guri, lata de ceva e bagana pra todo lado. Sem falar na dor de cabeça; certa vez vi uma entrevista de um físico, português, não é piada, e ele disse ter ideias libertadoras de suas experiências quando está de ressaca. A ressaca limpa a mente do que nos atrapalha. Só resta o que nos interessa. Mas isso foi antes de eu ser pai. Agora escrevo quando o Lorenzo deixa. Por exemplo, ele está acordado, 3 e meia da manhã, e eu me pilho a escrever sobre minhas manhas pra escrever escutando o Axl Rose desafinar no show do Guns’N Roses ao vivo pela internet. Pode? Pode. O escritor também é um ser que se adapta ao habitat. Foda é o habitat se adaptar. Mas o habitat, afinal, que se dane, não é?”

Fonte: http://michellaub.wordpress.com (23/10/2012)

 

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