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Como escreve?
Origenes Lessa

"A lápis, à tinta, ou à máquina, conforme o que estiver mais perto. Em geral, à tinta. Só tenho um livro escrito inteirinho à lápis – Não há de ser nada. Escrevi-o na Ilha Grande, onde não havia tinta, nem caneta, nem pena, nem comida que prestasse, quando ali estive, como prisioneiro, durante a revolução de 1932... Vou escrevendo. As cenas, os personagens, as falas vão acontecendo, vão chegando, vão se precipitando e eu vou registrando tudo. Por isso prefiro escrever à mão. Sou um datilógrafo miserável... Quanto a excitante para escrever, preciso de apenas um: a certeza de que me pagarão. Estou cansado de ser ‘blefado’. Mas, para escrever, não é propriamente necessário o pagamento. Basta a ‘certeza’... Já é um excitante bem razoável".

Fonte: Peixoto, José Benedito Silveira. Falam os escritores. vol. 1. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1971.

"Não há regra nem sistema de trabalho. Eu, pelo menos, não tenho. A única resposta, mais ou menos geral, corresponde à maior parte dos casos: que é quase sempre sem plano, raramente é dentro de um esquema predeterminado. Sou preguiçoso e desordenado por natureza. Se eu não me constrangesse em falar em mim e de mim mesmo, embora você não tivesse vindo aqui para outra coisa, haveria muita coisa a contar. Em geral eu começo quando tenho vontade ou necessidade de escrever (esta 'necessidade' é geralmente de ordem externa, pedido ou encomenda do editor), quase sempre eu começo com um idéia vaga do que vou escrever, ou melhor, do que vai acontecer. Como o grosso das coisas que tenho escrito é no domínio da ficção, para mim as coisas acontecem mesmo, às vezes com total surpresa para mim. É por isso, talvez, que tenho conseguido escrever tanto...Por que vou sendo levado ou puxado pelos acontecimentos e geralmente eu, mais do que o possível leitor futuro, quero saber como é que as coisas vão terminar... Eu adotei, nos últimos anos, um processo mais simples e que tem funcionado, principalemnte com as quinze ou vinte novelinhas infantis que tenho escrito. Sempre que volto à minha mesa de trabalho, ou no dia seguinte ou no mesmo dia, depois de interrompido pelo almoço ou qualquer outro fator, eu reescrevo todos os capítutrevistlos ou páginas que saíram na última fornada. Isso ajuda mutio. Claro que ao reler a versão datilografada ou ao fazer a revisão das provas, ainda mexo e remexo. Mas isso é da própria condição de escritor, digo, de escriba".

Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever 1. Porto Alegre: LP&M, 2008.

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