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Tema de máxima importância nos estudos éticos, cujos esclarecimentos é imprescindível.
Fim vem de finis, em latim limite, fronteira, e, em grego, oros. Daí finitio,definitio (diorix, em grego), de onde infinitus, aoristós, em grego.
A ideía de fim opõe-se à de começo e designa o termo, o ponto de acabamento do que começa, o ponto de acabamento de uma ação (teleuté). em oposição a meio, o termo fim toma o sentido de o resultado para o qual tende uma ação ou um agente.
Dizia Pitágoras que todas as coisas finitas podem ser medidas, triàdicamente, pelo começo, meio e fim.
As mesmas coisas podem ser, segundo os aspectos e relações, meios e fins. Assim o salário é o fim do operário que trabalha, que é o meio de alcançá-lo. Mas o salário é o meio de adquirir os livros, com o fim de educar os filhos que estudam, como, por sua vez, a instrução é um meio para alcançar um fim melhor na sociedade, etc.
Por outro lado, o meio pode tornar-se um fim, como o avarento que guarda o dinheiro para com ele poder adquirir os bens necessários, mas que o transforma num fim, pelo desejo de adquiri-lo apenas.
Numa ação, os fins podem ser diversos e variados ,segundo as fases da ação. Há fins imediatos e mediatos. Há próximos e remotos.
Ao remontarmos aos fins, alcançaremos um fim último
Diz-se que uma coisa é útil quando tem ela utilidade, isto é, quando é usável como meio para obter um fim. O valor de utilidade de umacoisa é proporcionado à capacidade dessa coisa, usado como meio para favorecer a obtenção de um fim. Se esse fim a ser obtido é uma necessidade física, a uitlidade da coisa será física; se ética, será ética.
Rigorosamente, dentro dos princípios ontológicos, o logos da utilidade só pode ser este, e é este.
Consequentemente, a utilidade é um meio e não um fim. É a capacidade de permitir a obtenção desse fim que marca o grau valorativo de uma utilidade.
Assim sendo, a roupa é útli, porque nos cobre o corpo e nos evita de padecer nas interpéries; a luz é útil porque, por meio dela, podemos ver. O grau de utilidade, portanto, de uma coisa, é proporcionado à aptidão que essa coisa terá de, como meio, satisfazer a obtenção de um fim. Há, assim, utilidades manifestas, captadas por nós, como as há desconhecidas por nós. A utilidade de uma coisa está virtualmente na coisa, nas suas relações atuais e possíveis com outras.
Se a utilidade é um meio como ela pode ser considerado um fim?
O que não nos serve de meio para alcaçar um fim é inútil para ele.
São, portanto, relativas as idéias de utilidades e de inutilidades, pois o que é útil para isto é inútil para aquilo; o que é útil para este é inútil para aquele.
E donsidera-se nocivo não o que não leva ao desejado (inútil), mas o que leva ao contário do fim (ao prejudicial).
Fundamentar a Ética deste modo é, portanto, falso, e pecam de falsidade todas as concpções utilitaristas, pois fundamentam o ato ético apenas na utilidade.
Mas, para que melhor ressalte a improcedência dessas concepções, convém examinar outros pontos.
Ao tender para um fim, a posse desse fim almejado dá o gozo da satisfação alcançada. O prazer revela-se na via que alcança o fim, na aproximação e na posse final do fim. Está o prazer vinculado à via que percorre o que é útl para alcançar o fim. Há, assim, prazeres sensíveis, intelectuais, estéticos, etc. e também éticos.
Se o prazer surge da aproximação da posse ou da posse do bem desejado, não é o prazer que valoriza o bem, mas é este bem desejado que valorizao prazer. Portanto, como fundamentar a Ética no prazer? Neste caso, o valor ético estaria no que dá prazer, quando, na verdade, o prazer revela-se na posse máxima ou atual do que tem valor.
Quando a satisfação é espiritual, toma ela o nome de alegria.
O prazer não é a medida do bem de algo, mas o bem de algo é que dá medida ao prazer.
E como o bem de algo, axiológicamente, além de ser em si mesmo, é proporcionado à satisfação de uma necessidade que pode dar a outrem, a posse de valor mais alto dará, consequentemente, o maior prazer.
É comum, contudo, o ser humano enganar-se, julgando que o valor de utilidade seja o fim ético do homem. Se as coisas úties são desejadas, o são por serem úteis, mas não são úteis na proporção que satisfazem a posse de um fim desejado.
Como o homem constrói o seguinte esquema: fim desejado - coisa útil para alcançá-lo - prazer da posse, a simples presença da coisa útil pode oferecer um prazer, mas daí considerar que a Ética é fundamentalmente utilitária, seria reduzi-la a fundar-se num ser relativo, cuja positividade não lhe é própria, mas dependente do que lhe dá positividade, o fim fim desejado, pois o que é útil o é relativamente ao fim que pode satisfazer.
Se o homem encontra prazer no emprego da coisa útil, esse prazer tem seu fundamento na posse prometida do fium desejado. Acentuar e atualizar apenas esse prazer do útil é cair numa posição utilitarista e éticamente falsa, pois buscaria apenas o prazer de gozar o prazer do útil.
Aquele que consideram que o sumo bem é embriagar-se de prazeres, tomam os meios pelos fins.
Há prazeres sensíveis e prazeres intelectuais.
Não se poderia por nos sensíveis o fim da Étic, pois seeles nos dão prazer, dão-nos por tender a uma satisfação natural, à posse de um bem natural. Comer dá prazer porque sacia a fome, atende a um fim natural, cujo fim alcançado dá prazer.
A fome é um desprazer, mas que acentua o prazer da comida, porque esta, ao mesmo tempo que sacia aquela, também a estimula. No prazer de comer, há uma oscilação entre prazer-desprazer até o gozo final da satisfação plena da necessidade.
Satisfeita essa, teimar em comer seria desprazeiroso. Consequentemente se vê que o prazer está ligado ao fim e não ao meio.
Todos os prazeres sensíveis estão ligados à posse do fim desejado e, exacerbados, tornam-se desprazeres. Se tentar-se ultrapassar os seus limites, põe-se em risco a vida.
O prazer, tomado em si, não é éticamente repudiável; ao contrário, o prazer é éticamente justificável, enquanto corresponde à uma satisfação natural de um fim desejado.
O que é repudiável no prazer sensível é o seu exacerbamento, quando ultrapassa as medidas naturais, e põe em risco outros bens maiores so ser humano.
Os limites do prazer sensível, limites marcados pela própria natureza, revelam que não podem ser eles os fins éticos.
Se o prazer fosse o fim ético, aquele que mais prazeres gozasse seria o ser éticamente mais elevado.
Estaria o fim ético nos prazeres intelectuais?
A primeira vista parece não padecer dúvida, porque deenvolver as faculdades intelectuais dá um prazer por alcançar um fim desejado, e com a diferença de nunca saciar de modo algum. O prazer de saber alcança-se ao saber, mas um saber alcançado não satisfaz a ânsia de saber. E sempre esse desejo de saber é insatisfeito, mas sempre prazeiroso, pois, à proporção que é satisfeito, abre as portas a uma nova insatisfação. Já o mesmo não se poderia dizer do prazer sensível, pois este, pode criar a insatisfação pelos limites sensíveis. Mas a nova satisfação pode não encontrar uma satisfação, porque há limites no sentir. Nos prazeres intelectuais, a satisfação é sempre possível, sem desgaste, sem oferecer perigos nem destruições.
No entanto, o afã de saber pode levar a atos anti-éticos, porque o desejo intemperante de saber pode arrastar o homem ao abandono de outros valores, descuidar da família, da saúde, etc.
A perfeição da natureza sensivel não pode ser o fim ético, como também não o pode ser a perfeição do entendimento.
No entanto, algo de positivo há naqueles que defendem que o fim da ética é o utilitário, como há nos que defendem que é o prazer sensível, como há nos que defendem que é o intelectual.
Mas, como é possivel tratar de tais aspectos sem estabelecer-se previamente, os fundamentos do dever-ser humanamente ético? É o que se vê na Ética (vide)
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