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Jornalismo
Juan José Saer

"Há uma confusão entre literatura e jornalismo que antes não existia. Há um tipo de literatura jornalística, de estilo rápido, descuidado, descosturado, que passou ao campo da ficção. Parece que o romance se tornou o ponto culminante na vida espiritual de um homem. Qualquer pessoa, seja ela um ministro, um assassino de bebês ou uma prostituta, para realizar-se plenamente em qualquer uma dessas especialidades, escreve um romance. Todos se tornaram romancistas. Mas a gente confunde o fato de estar alfabetizado com o fato de ser escritor. A narrativa é uma arte que tem suas regras, como a pintura, como a música, não é um puro vômito confessional nem resultado de uma experiência rica ou particular. A experiência de Kafka, um empregado numa agência de seguros, não tinha nada de interessante; ou de Borges, que trabalhou numa pequena biblioteca de bairro; ou de Guimarães Rosa, que era diplomata, mas cujo mundo não tinha nada a ver com o mundo do sertão. Enfim, as pessoas não entendem que o romance é o resultado de uma organização particular, uma construção específica que não necessariamente tem relação com o referente jornalístico".

Fonte: Folha de São Paulo, 19/09/1999 - Maurício S. Dias

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