Volta para a capa
Música
Jorge Fernando dos Santos

"Poesia é poesia e letra de música é letra de música. O poema tem ritmo próprio e obedece ao compasso das próprias palavras, sem necessitar de uma melodia. Já a letra de música precisa se grudar à melodia para desenhar uma forma realmente musical. Tem um verso numa valsa que fiz com Valter Braga (Um Sonho de Valsa, que integra o livro/disco ABC da MPB, lançado pela Paulus) no qual digo que "a letra é a luva que agasalha a melodia". A canção é uma coisa híbrida, pois tem caráter musical (melodia) e ao mesmo tempo literário (letra). Nela, as palavras viram bailarinas e literalmente dançam conforme a música. Já o poema é só literatura e pode até ser musicado, mas não precisa da melodia pra funcionar direito... Desde a adolescência, percebi que a música popular é uma das grandes riquezas culturais do Brasil. Meu avô tocou violão num grupo de choro, em Belo Horizonte, e meu pai também cultivou o bom gosto musical. Comecei a compor lá pelos 20 anos. Minha primeira composição foi o choro Renascendo, em parceria com o maestro Edson Fernandes. Estudei um pouco de violão, participei de festivais e cheguei a fazer shows, mas o que eu gosto mesmo é de compor. Tenho mais de 60 canções gravadas, a maioria em parceria com outros músicos... Em 23 de abril de 2006 fiz 50 anos. Para marcar a data, organizei o CD 50, coletânea de 14 faixas, sendo uma canção de minha autoria, 11 com meus principais parceiros e intérpretes, um poema falado por mim e uma parceria inédita com Chiquinha Gonzaga. Desde a primeira vez que ouvi o maxixe Satan, de sua autoria, num disco de Antonio Adolfo, senti-me literalmente tentado pela melodia e inspirado a fazer uma letra. A gravação com Lígia Jacques entrou como faixa bônus, encerrando a coletânea, que foi também uma homenagem a São Jorge, meu santo de devoção".

Fonte: www.jorgefernandosantos.com.br/musica.htm

"É interessante notar que, no caso particular do Brasil, escritores sempre tiveram boa relação com a música, assim como compositores e músicos se interessaram por literatura. Guimarães Rosa sempre colocou trechos de músicas de domínio público em seus livros, assim como Mário de Andrade pesquisou a fundo a música caipira e folclórica, chegando a compor uma obra prima musical, que é Viola Quebrada. Vinícius de Moraes foi muito criticado por ter abraçado a música popular, se afastando gradativamente da poesia. No entanto, sua contribuição à cultura brasileira como compositor popular é maior do que na condição de poeta. Afinal, ele ajudou a criar a Bossa Nova e fez letras e algumas melodias que mudariam a maneira de se compor canções no Brasil. Chico Buarque sempre quis ser escritor, mas dedicou-se primeiramente à música devido ao grande sucesso de suas canções, desde A Banda e Pedro Pedreiro. Mesmo que seu sucesso literário esteja intimamente ligado ao fato de ser o compositor que é, Chico escreve bons livros, ainda que não sejam superiores às suas canções. Caetano Veloso, além de grande escritor de canções, escreveu um livro muito bem escrito, que é Verdade Tropical. Mário Lago também era letrista e cronista de primeira, assim como Aldir Blanc, que eu considero um gênio. Ferreira Gullar enfiou uma letra no Trenzinho do Caipira, de Villa-Lobos, no Poema Sujo, que virou um clássico da canção nacional. Portanto esse negócio de música e literatura no Brasil sempre deu samba e muito pano pra manga."

Fonte: www.jorgefernandosantos.com.br/musica.htm

Prossiga na entrevista:

Por que escreve?

Como escreve?

Onde escreve?

Jornalismo
Cinema

Teatro

Relações Literárias

Perfil
Biografia