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         O que é poesia? Quem é poeta?
Manoel de Barros

"Poesia é a mais fina destilação da palavra. É o mel da palavra. É a essência do ser humano"

"Poesia, um outro arranjo entre os seres e as coisas. Operação para videntes".

“Poesia não é para compreender, mas para incorporar... A poesia tem a função de pregar a prática da infância entre as pessoas. A prática do desnecessário e da cambalhota, desenvolvendo em cada um de nós o senso lúdico. Se a poesia desaparecesse do mundo, os seres humanos se transformariam em monstros, máquinas, robôs”.

"O poeta é um ser que lambe as palavras e depois se alucina"

"Poeta: indivíduo que enxerga semente germinar e engole céu. Sabiá com trevas. Sujeito inviável aberto aos desentendimentos como um rosto. Um ente que lambe as palavras e depois se alucina”

“O que enriquece o ser poético são os mistérios do ser humano. E os mistérios do ser humano não informam. A palavra poética não será nunca um instrumento de informações senão que sempre um instrumento de encantações, de celebrações. Aonde a palavra poética chega a informação não alcança. Poesia é essência. Informação é casca. O poeta cria. A informação divulga, preenche a necessidade de estar. A poesia preenche a necessidade de Ser. Enquanto a gente não virar robô a poesia é necessária. Precisamos de feitiço das palavras e não da casca das palavras"

”Poeta, este ser humano que anda perdido entre os homens, essa coisa leve, aladae e sagrada que recebe ocasionais visitas da divindade"

"Se diz que há na cabeça dos poetas um parafuso de a menos. Sendo que o mais justo seria o de ter um parafuso trocado do que a menos. A troca de parafusos provoca nos poetas uma certa disfunção lírica. Nomearei abaixo 7 sintomas dessa disfunção lírica:

1 - Aceitação da inércia para dar movimento às palavras.

2 - Vocação para explorar os mistérios irracionais.

3 - Percepção das contiguidades anômalas entre verbos e substanttivos.

4 - Gostar de fazer casamentos incestuosos entre as palavras.

5 - Amor por seres desimportantes tanto como pelas coisas desimportantes.

6 - Mania de dar formato de canto às asperezas de uma pedra.

7 - Mania de comparecer aos próprios desencontros. Essas disfunções líricas acabam por dar mais importância aos passarinhos dos que aos senadores.

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