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Política

Carlos Drummond de Andrade

“Eu acho que o compromisso social é do homem. Ele não pode ficar indiferente diante de uma injustiça: se você vê uma criança apanhando de um adulto, você se revolta – se tiver força para impedir, você impede. Então, Numa escala universal, o homem deve sentir a crueldade das relações políticas e sociais vigentes no mundo. Agora, isso não tem nada a ver com o artista, com o escritor: é uma coisa natural no ser humano, a menos que ele seja pervertido por natureza ou incapaz de reação diante desses fenômenos. Não vejo como a gente pudesse agir somente voltado para essas coisas, como se fosse uma espécie de obrigação pessoal do indivíduo. Alguns acham que meus livros políticamente engajados, digamos assim, são os melhores; outros preferem os não-engajados, de tendência mais abstrata, como Claro enigma. Eu não sei, não tenho opinião. Fiz todos eles, assumo a responsabilidade por todos: cada um goste daquilo que achar melhor”.

Fonte: CAMINHA, Edmilson. Palavra de escritor. Brasilia: Thesaurus, 1995 

“Em parte, me desencantei das atividades sociais, da atividade política, mas conservei os mesmos princípios, a mesma visão social da época em que era militante do Partido Comunista. De modo que, muitos anos depois, ainda faço poemas como o Favelário nacional, que é uma poema de crítica social, assim como o do Clorindo Gato, a história de um marginal. Não perdi essas preocupações, apenas me liguei a um conjunto de idéias, de princípios, a uma visão filosófica do mundo, através da qual me considero descrente de todas as reformas sociais com base em revolução”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/1985 - Gilson Rebello

 

“Sou de opinião de que as condições políticas podem afetar a divulgação da literatura, a publicação das obras. Há a proibição. Mas o ato de escrever é um ato de liberdade espiritual, a pessoa escreve sob as piores condições. Cervantes escreveu uma parte de Dom Quixote na cadeia. Agora, a comunicação com o leitor e dos escritores entre si é prejudicada. Mesmo os períodos de grande apreensão,de grandes restrições à liberdade, despertam no escritor uma revolta íntima, fazendo-o escrever. Nem que ele guarde aquilo na gaveta, que seja preso quando descobrirem aqueles papéis, mas – que diabo – ele manifestou a sua indignação”.

Fonte: Folha de São Paulo, 03/06/1984 – Augusto Masi e Lúcia Nagib  

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