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Por que escrevo?
Augusto dos Anjos

“A princípio escrevia simplesmente

Para entreter o espírito... Escrevia

Mais por impulso de idiossincrasia

Do que por uma propulsão consciente.

Entendi, depois disso, que devia,

Como Vulcano, sobre a forja ardente

Da ilha de Lemnos, trabalhar contente,

Durante as 24 horas do dia!

Riam de mim, os monstros zombeteiros.

Trabalharei assim dias inteiros,

Sem ter uma alma só que me idolatre...

Tenha a sorte de Cícero proscrito

Ou morra embora, trágico e maldito,

Como Camões morrendo sobre um catre!”

Fonte: GULLAR, Ferreira. Toda a poesia: Augusto dos Anjos. 3.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

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