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Relações Literárias
MARCEL PROUST

por Alan Pauls

"Há oito anos, li Em busca do tempo perdido. E realmente, depois dis, so é difícil, todo o resto soa de uma pequenez, de uma estupidez ou de uma pompa enorme. Mas felizmente você consegue continuar escrevendo”.

Fonte: O Globo, 04/01/1997 – Flávio Ribeiro de Castro

por Alberto Moravia

"Proust é narrador por excelência, fluente, inesgotável. É o último a descrever a sociedade francesa, o último pintor de afrescos nessa que é a mais didascálica (teatral) das literaturas. O romance é sempre descrição de uma sociedade. Basta olhar para a literatura francesa entre o século passado e o atual: Sthendhal, Flaubert, Balzac, Zola, Proust. Como romancistas que narram o mesmo objeto - a sociedade francesa - de cinco modos diferentes. O que acho extraordinário em Proust é a capacidade de inserir na mesma frase a descrição e a reflexão sobre o objeto descrito. o ensaio amalgamado com a representação, algo que poucos sabem fazer e que torna a prosa da Recherche tão inteligente. Mas não é só prosa inteligente, é densa de notícias sobre um mundo que é explorado nas fibras mais secretas. Du côte de chez Swann é a extraordinária descrição de um amor num ambiente da grande burguesia: a pesquisa é minuciosa, cabal. Veja a coleção de personagens que se acham no salão de madame Verdurim, naqueles tremendos almoços de que Swann tomava parte por amor a Odette. Poust se revela aí um grande escritor cômico".

Fonte: AJELLO, Nello. Moravia: entevista sobre o escritor incômodo. São Paulo: Civiliação Brasileira, 1986.

por Jean Cocteau

"Nós dois viemos do dandismo no fim do século XIX. Virei a casaca, definitivamente, por volta de 1912 - mas, no sentido literal da expressão, para o lado certo. Mesmo assim, tenho algum receio de que essa mancha tenha persistido até hoje. Suprimi todos os meus primeiros livros de poemas - escritos antes de 1913 - e eles não aparecem em minhas obras reunidas. Se bem que imagino que, apesar de tudo, alguma coisa daquela época sempre... Marcel combatia esse tipo de coisa à sua maneira. Circulava entre suas vítimas tirando seu 'mel negro', seu miel noir - ele me pediu uma vez: 'Estou implorando, Jean, já que você mora na rue d'Anjou, no mesmo prédio de Madame de Chevigné, em quem me inspirei para criar a duquesa de Guermantes; por favor, faça como que ela leia meu livro. Ela não vai me ler; diz que tropeça em minhas sentenças... Por favor, Jean...'. Disse-lhe que era o mesmo que pedir a uma formiga para ler Fabres. Não se pede a um inseto para ler entomologia... Sem dúvida Marcel foi mais forte porque escondeu seus crimes (e ele viveu esses crimes) por trás de um classicismo aparente, sem dizer: 'Sou um homem perverso, de maus hábitos, e vou lhes contar abertamente todos eles."

Fonte: Os escritores: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letra, 1988.

John Updike

"Se fizer esforço demais para ser social, moral ou transcendental, corre o risco de produzir sermões sem vida, propaganda para uma coisa ou outra. Marcel Proust é muito bom nesse assunto e sua obra-prima ilustra o que eu quis dizer. Sempre se começa pelo pessoal, que é vital por si só".

Fonte: LAUB, Michel. Bravo!. Março, 2000.

por Jorge de Lima

"E, através destes dois, as de Freud e Einstein (8) O que, de resto, não aconteceu apenas no Brasil, mas no mundo todo. Note como, depois do Modernismo, em nossa literatura o relativo passou a preponderar sobre o definitivo. A quem se deve isso, senão a Proust? Desde então incutimos em nossos escritos, tanto em prosa como em verso, a fragmentação da personalidade. Antes de Proust, os personagens dos romances encarnavam sempre uma virtude, tinham um caráter único e rígido da primeira à última página, eram postos nos livros para desempenhar um papel determinado. Você veja por exemplo as criaturas de Balzac - o tio Goriot, Eugénie Grandet - ou as de Eça de Queirós - o Conselheiro Acácio, a criada Juliana, Jorge, João da Ega. Veio Proust e acabou com isso. Em seu romance, um judeu no primeiro volume pode perfeitamente converter-se ao catolicismo no quinto. Swann, que no início é ciumento ao extremo, no fim já não o é. Indiscutivelmente, os tipos do autor de A la recherche du temps perdu guardam muito mais do que todos os outros, criados antes dele, a relatividade e a inconstância da vida. Mas não só pelo relativismo introduzido em nossa literatura se fez sentir no Brasil a influência de Proust"

Fonte: SENNA, Homero. República das letras. 3ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996,

por Nadine Gordimer

"Proust tem sido uma influência em mim, durante toda a minha vida - uma influência tão profunda que me assusta... não apenas nos meus escritos, mas nas minhas atitudes com relaçõa à vida".

Fonte: Os escritores: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letra, 1988.

por Pedro Nava

"Reconheço a inflência de Proust sobre minha obra. Um influência muito grande da qual não pude escapar. Em algumas descrições talvez tenha mesmo caminhado para o terreno do plágio inconscientemente, nunca proposital".

Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/1981 - Lourenço Dantas Motta

por Pietro Citati

“Certamente. (Proust é o mais influente dos autores deste século) Em meu caso pessoal, ele ocupa o panteão literário ao lado de Roberto Musil e Fernando Pessoa”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/1999 – Luiz Zanin Oricchio

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