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ENTREVISTA SIMULTÂNEA

Augusto Roa-Bastos

 

Nasceu em Assunción, Paraguai, em 13 de junho de 1917. Jornalista e romancista, é  considerado uma figura lendária na literatura latino-americana e o único escritor paraguaio de renome internacional. Em 1935 iniciou sua carreira no jornal El País, de Assunción, onde chegou a chefe de redação e correspondente em Londres, após a II Guerra Mundial. Ao regressar entrou em conflito aberto com a ditadura de Stroessner, tem sua casa invadida pela polícia política, passou a ser procurado “vivo ou morto”, sendo obrigado a procurar abrigo na Embaixada do Brasil. Em seguida parte para um longo exílio, que durou mais de 50 anos, começando por Buenos Aires. Aí trabalhou até como garçom de hotel para manter a família, e conheceu os escritores argentinos. Em meados de 1955, junto com seu amigo Tomás Eloy Martinez, foi contratado como “ghost” das idéias de filmes classe C produzidos pela Columbia Pictures. Em 1977, com o recrudescimento da ditadura Argentina, parte para Paris e só retorna à Assunción em 1997, após a deposição de Stroessner. Não foi um escritor prolífico; escreveu poucos livros, porém consistentes. Em 1941 publicou sua primeira novela, Fulgencio Miranda, e foi premiado; o segundo livro,  uma coletânea de contos, só viria em 1953: El trueño entre las hojas; o livro seguinte – Hijo de hombre -, publicado em 1960, consagrou-o como escritor destacado entre os latino-americanos. Em 1967 recebe um convite de Carlos Fuentes e Mario Vargas Llosa para escrever um capítulo de um livro que se chamaria Los padres da la pátria, que não chegou a se realizar. Mais tarde este capítulo se transformou em sua obra prima  Eu o supremo (Paz e Terra, 1974), livro que lhe valeu o Prêmio Cervantes 1989 e sob o qual gravita toda sua obra. O livro traça um retrato de José Gaspar Rodríguez de Francia, que governou o  Paraguai com mão-de-ferro após a independência em 1811, numa evidente alegoria ao poderio exercido por Stroessner. Segundo a crítica Laura Janina Hosiasson, “em sua obra se misturam lendas da tradição oral guarani com leitura da Bíblia e de Shakespeare e, desde seus primeiros anos de vida, seu universo lingüístico e cultural aparece, ao mesmo tempo, mesclado e contrastado num íntimo diálogo entre esses dois universos culturais”.  Por volta do ano 2000 afirmou mais de uma vez que estava de mudança para morar no Rio de Janeiro e que considera a literatura brasileira, a melhor da América Latina. Não obstante ser um vizinho ilustre e pouco conhecido dos brasileiros, teve seus principais livros traduzidos para o português - Vigília do almirante, (Mirabilia, 1992); O fiscal (Alfaguara, 1993)  e  Contravida (Ediouro, 1994) - e foi agraciado com uma premiação do Memorial da América Latina, em 1988 e teve uma exposição de toda sua obra neste mesmo recinto em 2004. Faleceu em 26/04/2005.

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