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Cinema
Jorge Fernando dos Santos

"Meu romance Sumidouro das Almas começou de uma cena que eu vi num filme de faroeste em que um cavalo preto mancava. Então, me veio a frase 'o cavalo era preto e mancava'. Isso detonou todo o processo do livro, que levou mais de oito anos para ficar pronto e mais três para ser publicado. Nas três revisões que fiz, ainda mexi no texto. Curiosamente, o processo de criação foi tão espontâneo que percebi que estava abordando o mito de Fausto a partir de uma realidade regionalista e bem brasileira. Foi aí que o personagem passou a se chamar Faustino. Desde  o início, eu pensei em fazer uma obra de citações e com muita influência cinematográfica, porque gosto de escrever literatura como quem está fazendo cinema. Cinema é a grande invenção artística do século XX, pois mudou a concepção que o ser humano tem de si mesmo. E, conseqüentemente, provocou muitas mudanças na literatura... A 'pulp fiction' me chegou muito mais a partir do cinema do que pela leitura propriamente dita. Todo mundo sabe que Guimarães Rosa sofreu influência dos westerns. Alguns westerns foram influenciados pelas histórias de samurais. Os grandes temas são universais, o que muda é o enfoque, o ritmo e o estilo da narrativa. Como eu sempre fui muito aberto e curioso por culturas diversas, não teria nenhum problema em misturar tudo isso para fazer uma espécie de feijoada narrativa e literária. No entanto, busquei a objetivdade do texto, a frase curta, a não-adjetivação, no estilo que me foi muito influenciado por Graciliano e Hemingway. Uma coisa que me preocupa muito é a construção dos diálogos. Eu me esmerei ao máximo possível em Sumidouro das Almas."

Fonte: Hoje em Dia (Belo Horizonte), 19/03/2003 - Alécio Cunha

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