"Eu me dedico todas as manhãs a escrever. Não siginifica escrever apenas ficção, mas correspondências, ensaios, artigos que me são encomendados. Acorde cedo, às 6:30hs. Por volta de 7:15hs já estou trabalhando. Vou até meio-dia. O meu pique de trabalho é matutino. Mais e mais estou conseguindo que isso se torne rotina. Se me agrada? Não sei. Mas diz que estou ficando velho... Com excessão do último, Keith Jarret no Blue Note, todos os meus  outros livros estavam escritos na minha cabeça antes de eu escrever. Ele está pronto no sentido em que tenho uma forma global, em que tenho idéias geradoras dessa forma. E o personagem é meio condicionado por essa estrutura global, isso não quer dizer que ele não tenha grande liberdade de ação nos espisódios do livro... Em alguns dos meus livros existe um background biográfico conduzindo a narrativa. Em Liberdade, por exemplo, não foi escrito ao sabor dos acontecimentos que estão sendo narrados. ele é medido, estudado, pesquisado. A partir do momento em que estou trabalhando os episódios, até dados relativamente pouco importantes desse background podem tomar grande importância, como o fato de haver chovido em determinado dia de 1937".

Fonte: Correio Braziliense, 14/12/1997 - Sergio de Sá