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                       uma obra em construção
                            
(participe você também)

      

     MISTÉRIOS DA

   CRIAÇÃO  LITERÁRIA

                    

                      vol. 0 - O que é inspiração

                      vol. 1 - Por que escrevo?

                      vol. 2 - Como escrevo?

                      vol. 3 - Literatura e Jornalismo

                      vol. 4 - Literatura e Cinema

                      vol. 5 - Literatura e Política

                      vol. 6 - Literatura e Música

                      vol. 7 - Literatura e Psicanálise

                      vol. 8 - Literatura e História

                      vol. 9 - Literatura e Filosofia

                      vol. 10- Literatura e Religião

                      vol. 11- Literatura e Medicina

                      vol. 12- Crítica Literária

  

Uma obra de referência e especulação literária - de caráter público - lançada extra-oficialmente na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, em 1995. Muitos haverão de se perguntar o que é “obra literária de caráter público”?, e mais ainda como se dá um “lançamento extra-oficial”? O fato relatado tal como sucedeu foi aproveitado como crônica (Uma aventura na Bienal do Livro) por Isabel Furini, escritora e diretora de uma oficina literária em Curitiba, e incluído em sua mais recente coletânea (1).

 

O caráter público da obra foi atestado em 1997, com a LINC-Lei de incentivo à cultura, da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, que patrocinou a edição do primeiro volume: Por que escrevo? para distribuição nas bibliotecas públicas do Estado. Dez anos depois, o PAC-Programa de Apoio Cultural da mesma secretaria reafirmou o caráter público da obra, com o patrocínio da obra em cinco volumes. O entendimento da Secretaria foi que trata-se de uma pesquisa que dinamiza a área literária, e que seus resultados merecem ser dado amplo conhecimento público.

 

A pesquisa engloba os mistérios da criação literária em diversos aspectos, cujo desenvolvimento se dá em duas vertentes: (a) levantamento do que foi dito, referente aos depoimentos espontâneos dos escritores; e (b) levantamento do que foi estudado e escrito referente aos (bibliografia)  respectivos aspectos. Vale ressaltar que a pesquisa bibliográfica retrocedeu ao século XIX. Neste sentido, apenas seguimos o conselho deixado por Cyro dos Anjos, para quem o método a seguir no estudo da criação artística “não poderá ser puramente psicológico, mas há de basear-se em depoimentos e reflexões dos artistas sobre as próprias criações” (2)

O resultado da pesquisa até o momento consistiu na publicação do 1º volume – Por que escrevo? – em 1999, seguido do 2º volume – Como escrevo? – em 2006. Antes mesmo dessa data, outros aspectos da criação literária foram contemplados e englobados na pesquisa, tais como as relações da literatura com outras artes e ofícios. Assim, em 2007 foram reeditados os dois primeiros volumes juntamente com os volumes referentes as relações da literatura com o jornalismo (vol. 3), cinema (vol. 4) e política (vol. 5). Em seguida, outras relações da literatura foram estabelecidas e pesquisadas no sentido de ampliar o escopo da obra, tais como as relações da literatura como: Música, Psicanálise, Religião, História, Filosofia, Medicina e Crítica literária.

O escopo da obra foi definido em meados de 2010, no momento em que se encaminhava para o 6º volume: Literatura e música. Neste ponto foi verificado que o tema inspiração estava sempre presente nas entrevistas com escritores. Foi constatado, também, que essa temática é tida quase como “tabu” na área da criação literária, devido ao fato de não haver um consenso, entre os escritores, quanto ao seu significado. Assim o tema se impôs como uma necessidade para completar a obra. Se estamos falando de mistérios, nada melhor do que começar pela pergunta O que é inspiração?. Desse modo, seu lugar no conjunto da obra não poderia ser outro: o volume zero,  a base dos conhecimentos sobre os mistérios da criação literária. Precisamos, agora, encontrar os meios de divulgação da obra..

A divulgação da obra passou a ser feita em São Paulo quase exclusivamente através do site www.tirodeletra.com.br, criado em março de  2008. Dizemos “quase exclusivamente” porque os jornais e revistas de São Paulo não deram nota alguma sobre os lançamentos, não obstante termos enviados os volumes à diversas redações e termos solicitado sua divulgação. No entanto, a Gazeta do Povo, de Curitiba se interessou pelo projeto editorial e deu página inteira, no seu caderno de cultura, por ocasião do lançamento do volume 1, em 30/6/2000 do lançamento do volume 2, em 23/07/2006 e do lançamento dos cinco volumes em 29/07/2008. Por esta razão, a obra ficou mais conhecida em Curitiba do que em São Paulo, fato atestado pelo volume de vendas ocorrido nas livrarias daquela cidade

A destinação da obra, como fonte de referência e especulação literária, é integrar o acervo das bibliotecas públicas e/ou culturais. Com este sentido foi editado o primeiro volume, em 1999, e os cinco primeiros volumes, em 2007. Ao longo desse tempo, a obra passou a interessar, também, às oficinas literárias. Para concluir, vale dizer que a obra só chegou ao ponto em que se encontra hoje, devido ao substancial apoio que vem recebendo.

O apoio que vimos recebendo de destacadas pessoas tem se constituido num efetivo suporte para sua manutenção e desenvolvimento. Desde o primeiro volume, o crítico literário Fábio Lucas tem se dedicado a fazer o prefácio de todos os volumes. Contou também com a colaboração dos saudosos Moacyr Scliar, Valêncio Xavier e Daniel Piza. Além destes recebeu o aporte de nomes tais como Luis Antonio de Assis Brasil, Affonso Romano de Sant'Anna, Ignácio de Loyola Brandão, Bernardo Ajzenberg, Sergio Vilas Boas, Sergio Rizzo, Luis Milanesi, Gabriel Perissé, Marcos Silva e Marcelo Maroldi. À estas pessoas expressamos nosso sincero agradecimento.

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Notas:

(1) FURINI, Isabel. Quero ser escritor: a crônica. Curitiba: Editora do Instituto Memória. 2012.

 

                     Uma aventura na Bienal do Livro

                                                                                           J.D. Brito

A obra vem sendo tocada desde fins do século passado: em meados da década de 1980 já contávamos com mais de 500 respostas à pergunta: Por que escrevo? Dez anos após, devagar e divagando, decidimos colocar o projeto editorial à prova real, i,é, do mercado editorial. Fizemos uma edição caseira,  fotocopiada e encadernada em espiral numa edição de 300 exemplares e escolhemos um lugar privilegiado para o lançamento: a Bienal Internacional do Livro, no Rio de janeiro, em 1995.

     Fomos lá eu e Francisco, um amigo - paraibano poeta, com o perdão do pleonasmo - achando que íamos ser bem recebidos pelo pessoal que organiza a Bienal: A CBL e SNEL. Pensávamos que iam nos encaminhar para o setor de lançamentos ou para um bate-papo com os editores. Mas o que ocorreu não foi bem assim, foi o contrário. Fomos advertidos cortesmente que se fossemos vistos até nas imediações da Bienal vendendo aquela brochura, a polícia seria acionada.

     Saímos atordoados com as mochilas pesadas, cheias “daquela brochura” e, já que estávamos na Bienal, resolvemos dar um passeio pelos stands. Na parte final da exposição, onde ficam as entidades de classe (livreiros,  editores, bibliotecários etc.) encontramos um stand vazio com mesa, cadeiras e uns cartazes anunciando uma entidade que não compareceu. Perguntamos no stand ao lado sobre aquele vazio e não souberam informar porque não vieram. Ficamos parados em frente ao stand planejando uma “invasão”. Se em 30 minutos o dono do stand não aparecer, ocuparíamos o local alegando “uso capião”. Dito e feito, ocupamos o local. Às pressas adquirimos umas folhas de cartolina e fizemos uns cartazes anunciando com letras garrafais:


POR  QUE  ESCREVO?

Mais de 500 respostas!

     Nas primeiras horas recebemos diversas pessoas interessadas em saber que livro era aquele, com algumas vendas. Logo aparece um rapaz perguntando por uma pessoa chamada Paulo. Eu olhei para o Franciso, pisquei o olho e perguntei se ele havia visto o Paulo. Ele disse que não e o rapaz foi embora. Mais tarde, com a feira mais movimentada, o rapaz apareceu de novo com a mesma pergunta. “Pois é, até agora não o vimos por aqui. O que terá  acontecido!?” Horas depois, o rapaz retorna e pergunta enfaticamente e com ar de preocupação pelo paradeiro do Paulo. Eu me volto para o Francisco, refaço a pergunta e ele me sai com essa: “Sabe que eu já estou ficando preocupado!?”.

     Em dois dias de exposição vendemos mais de 200 exemplares, e distribuímos uns 20 entre algumas editoras. Nenhuma editora manifestou interesse em editar o livro, mas o volume de vendas demonstrou o interesse do público, e era isso o que queríamos saber. Nossa tarefa foi bem sucedida: arrecadamos o investimento gasto na empreitada e encontramos um público interessado no livro. Assim, encerramos o ensaio de lançamento da obra. Ensaio no sentido literal da palavra, ou melhor, crônica: “Uma aventura na Bienal do Livro”.  

 

(2) ANJOS, Cyro dos. A criação literária. Coimbra: Tipografia da Atlântida, 1954.

 

Os cinco primeiros volumes da obra, lançados pela Novera, em 2007

Brochura pré-lançada na Bienal Internacional do Livro, em 1995

Primeiro volume, lançado em 1999, pela Editora Escrituras

Segundo volume, lançado em 2006, pela Editora Novera