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Relações Literárias

ARIANO SUASSUNA

por Décio de Almeida Prado

O primeiro contato que eu tive com ele foi antes de ele surgir com sucesso; no Quarto Centenário, nós fizemos um concurso de peças, e o Ariano Suassuna concorreu com pseudônimo. O Ruggero Jacobbi fazia parte da banca julgadora e percebeu que a peça do Ariano (O arco desolado) era uma versão brasileira de uma peça clássica do teatro espanhol; se não me engano, do Lope de Vega. Percebeu e deu uma menção honrosa. Depois, ele veio com o Auto da compadecida, que preparou com amadores, lá em Pernambuco. O espetáculo aqui no Rio foi um sucesso. Mudando de lugar, saído do Recife, aparecia o que havia de próprio, de criador relativamente ao Nordeste. Engraçado, o Ariano Suassuna dá a impressão de um sujeito meio ligado ao campo, uma coisa meio fora de moda, mas ao mesmo tempo aproveitando o fora de moda para fazer uma coisa moderna. De qualquer modo, ele tem um defeito de uma pessoa defende demais seu projeto estético e depois fica um pouco preso àquele projeto. Então, no começo, ele cria um impacto muito forte, uma curiosidade. Depois, ele começa a voltar, voltar e perde um pouco. Eu acho que ele não cresceu como se esperava. Ele tem convicções que eu não tenho, mas que eu admiro. Eu admiro o sujeito, ele tem uma grande coerência no que faz”.

Fonte: Bravo! (SP), março de 2000 – Sergio de Carvalho e Márcio Marciano  

 

Por Raimundo Carrero

“Não me considero, eu sou um discípulo de Ariano. Minha formação cultural foi feita toda através de Ariano, porque em 1969, quando o procurei para que lesse um romance meu, ele tornou-se meu mestre. Foi como se eu fizesse um curso de Literatura, de Estética. Ele indicava até os livros que eu deveria ler. Tudo que sei de literatura aprendi com ele”.

Fonte: O Globo, 27/11/1999 – Letícia Lins

por Ronaldo Correia de Brito

 “Fui parceiro de Antônio Nóbrega no espetáculo Maracatu misterioso, mas senti que não andaria por aí. Suassuna é um marco na cultura nordestina e brasileira, mas eu imagino um outro sertão. Apesar de trafegarmos por caminhos semelhantes, somos muito diferentes. Seus personagens tendem para o burlesco, enquanto os meus tendem para o trágico. Suassuna aponta para um mundo não dissoluto, de emblemas e brasões. Eu me ocupo sobretudo da ruína desse mundo. Uso os gregos e a Bíblia para tratar do sertão arruinado, decadente, um pouco à maneira de Faulkner”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 08/05/2005 – Antonio Gonçalves Filho 

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