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ENTREVISTA SIMULTÂNEA

Pedro Nava

Nasceu em Juiz de Fora, MG, em 05/06/1903. Médico, escritor e memorialista, começou a escrever suas memórias após os 60 anos, com o sugestivo título Baú de ossos (Nova Fronteira, 1972). Com este livro, ele ressuscitou um gênero pouco existente em nossa literatura. Ricardo Ramos lembra que antes “a memória servia à ficção. Até que surgiu Pedro Nava. Hoje temos com ele o gênero em plenitude, a memorialística feita reconstituição de uma realidade e ensaio ao seu redor, povoada de tipos, de experiências, lembranças, depoimento e reflexão”. O sucesso de público obtido com este lançamento e o espanto causado no meio literário, animou-o a dar continuidade em sua obra. Os volumes restantes vieram logo: Balão cativo (1973), Chão de ferro (1976, Beira mar (1978), Galo-das-trevas (1981) e O círio perfeito (1983). Em reconhecimento à sua contribuição, a Secretaria de Cultura do  Estado de São Paulo concede-lhe o Prêmio de Livro do Ano, em março de 1984. Foi escolhido por 600 de seus pares, críticos e jornalistas de todo o Brasil, através de uma eleição democrática, como o escritor mais importante daquele ano. Em 13 de maio de 1984, menos de dois meses após ser ovacionado em São Paulo, num domingo à noite, Nava sai de casa sem dizer nada a sua mulher e se dirige discretamente a uma praça ao lado da Rua da Glória, onde morava no Rio de Janeiro. Ali sacou seu revólver, deve ter dado uma olhada para os lados, pois não queria incomodar ninguém, e comete suicídio. Dá fim aos 81 anos de vida, dos quais uma boa parte de êxitos na medicina (Criou o primeiro Serviço de Reumatologia no Rio e a primeira Cadeira de Reumatologia na América) e a parte final dedicada a literatura. Para muitos críticos, ele é considerado o ‘Proust brasileiro’. No dia seguinte, A Folha de São Paulo deu a seguinte notícia: “A literatura brasileira perdeu na noite de domingo um de seus mais importantes nomes, o memorialista Pedro Nava. Ele foi encontrado morto com um tiro na cabeça, na rua da Glória no Rio, perto de onde morava. Segundo a polícia, foi suicídio. Completaria 81 anos de idade em junho. Seu sepultamento será hoje, às 10 horas, no Cemitério de São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro. Mineiro, médico, companheiro de Carlos Drummond de Andrade na vanguarda modernista, amigo dos mais importantes personagens do mundo cultural do País, até 1972 Nava só havia publicado poemas esparsos. Naquele ano, editou seu primeiro livro ("Baú de Ossos"), ao qual se seguiram mais cinco volumes. Sua sétima obra ("Cera das Almas") já estava praticamente concluída. Foi possível recompor os últimos passos de Nava. Na noite de domingo, em seu apartamento na rua da Glória, ele terminou de escrever o discurso que deveria pronunciar na Assembléia Legislativa do Rio, no dia 23, quando receberia o título de Cidadão Fluminense. Mostrou o discurso à sua mulher, dona Atonieta, e jantou normalmente. Por volta das 20 horas, o telefone tocou e dona Antonieta atendeu, uma voz de homem perguntava por Pedro Nava. Este ouviu em silêncio o que a voz lhe dizia e depois desligou. À mulher, ele informou apenas tratar-se de um trote de mau gosto. Às 22 horas, dona Antonieta foi ao banheiro. Nava então saiu, sem avisá-la. Mais tarde, foi visto sentado na calçada, parecendo abatido em meio ao movimento de prostitutas e travestis. às 23h30, o tiro, disparado de um velho revólver calibre 32, do próprio Nava. Em entrevista concedida à "Folha" em junho do ano passado, em seu 80° aniversario, ele dissera ter pensado várias vezes no suicídio, mas que o fato de ser médico o protegera, até ali, contra o ato”. Hoje cogita-se que Nava vinha sendo chantageado  por um garoto de programa, informação encoberta pela imprensa na época.

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