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Como escreve?
Anne Sexton

"Meu primeiro livro - embora tenha levado três anos para ser concluído - foi escrto em um ano. Algumas vezes, escrevia dez poemas em duas semanas. Quando produzia nesse ritmo, constatava que podia trabalhar bem. Agora estou insatisfeita por escrever poemas tão devagar, por eles chegarem tão lentamente. Quando surgem eu os escrevo; quando não brotam, isso não acontece. Não existe um método para escrever poemas, exceto pelo fato de que, quando um deles surge, a pessoa precisa ter disciplina e disposição, flexionar os músculos. Quer dizer, os poemas brotam e você deve deixar tudo o mais de lado. Não importa o que seja, a menos que seu marido esteja com uma pneumonia dupla ou que seu filho quebre a perna. De outro modo, você não se afasta da máquina de escrever até a hora de dormir... Em Bedlam empreguei quase sempre uma métrica muito rígida, sentindo que podia me expresar melhor assim. Experimento um certo prazer, ainda hoje, porém, mais especialmente em Bedlam, em compor uma estrofe, transformá-la em um ser e então chegar a uma pequena conclusão no seu final, um pequeno choque, o choque de uma pequena rima dupla. Em meu segundo livro, All my pretty ones, relaxei um pouco e na última parte não empreguei qualquer forma fixa. Vi-me surpreendentemente livre sem a rigidez que funcionava como uma espécie de superego para mim. Usei ainda menos métrica no terceiro livro. Em Love poems, havia um longo poema, 18 partes, que está em métrica e quis escrevê-lo assim. Com execessão deste e de poucos outros, o restante do livro está em verso livre, e a esta altura , sinto-me à vonstade para usar uma ou outra forma, dependend da necessidade do poema".

Fonte: Escritoras e a arte da escrita: entrevistas da Paris Review. R.Janeiro: Gryphus, 2001.

 

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